Mais de 70 jovens participam de retiro na diocese de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, refletindo sobre o tema "Vinde e Vede" (Jo 1, 38).
Por Victor Mbesi Wafula
Entre os dias 21 e 22 de novembro, mais de 70 jovens participaram de um retiro na Escola Joanna de Ângelis, no Bairro Santa Amélia, em Japeri, diocese de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, provenientes da diocese de Duque de Caxias e da paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em Japeri.
O retiro serve na vida cristã como um momento propício de fazer um exame de vida pessoal, estabelecer uma relação estreita com Deus através da oração e diversos momentos de meditação e partilha. Especificamente neste, foi significativo o próprio gesto de um deslocamento geográfico: a saída de casa para ficar com os “desconhecidos”. Na manhã de sábado, um conglomerado de jovens se reuniu no pátio da Igreja matriz, acompanhados ou pelos pais ou pelos responsáveis, rumo à escola onde se realizaria o retiro. Percebia-se um clima de jovens sedentos de fazer uma experiência de Deus.
O retiro teve como tema "Vinde e Vede" (Jo 1, 38). Padre Victor Wafula convidou os jovens a fazerem uma experiência de despojamento, esvaziar-se para que Jesus pudesse tomar conta de todos. “Aproveitem esse espaço. Fiquem atentos às graças que aqui vão se manifestar para que nenhuma passe despercebida. Procurem ser bênção entre uns e outros”, frisou o padre.
Pela exposição feita sobre o tema "Tudo por Jesus e nada sem Maria", dona Vilma Pigliasco, uma paroquiana veterana de 83 anos que viu o nascimento e contribuiu com o crescimento da paróquia Senhor do Bonfim, encorajou os jovens a valorizar a Virgem Santíssima, que, sendo Mãe do nosso Salvador, é nossa também e quanto mais confiamos, maior será a nossa certeza do caminho que estamos seguindo. Podemos aprender da Maria o jeito de sermos missionários. Pela sua humildade e simplicidade, ganhou o favor de Deus e dela nasceu o Salvador. Deus fala aos homens e mulheres a partir dos pequeninos. A juventude é chamada a mostrar que pode sim, ser anunciadora da Boa Nova de Jesus Cristo, a Palavra que traz a paz e consolação a muitos da nossa sociedade. Somente cheios de Jesus poderemos trilhar caminhos às regiões montanhosas que a Virgem passou para alcançar o outro, para dar a conhecer o Santo que habita em nós!
O padre Antônio Pedro da Conceição Monteiro da Paróquia São Simão enriqueceu o grupo com a sua partilha sobre a necessidade de fazer uma descoberta da pessoa de Jesus Cristo na vida de cada um. O convite “vinde e vede” nos chama a ir até Jesus, permanecer com ele, aprender dele. No entanto, “não é de modo cognitivo somente, não é pelo ativismo apenas. Muito pelo contrário, Jesus quer envolver-nos, quer que participamos da sua vida para depois a comunicar aos demais”, ressaltou o padre Antônio Pedro. É Jesus que nos ensina o novo jeito de viver. Com ele aprendemos a fazer da nossa vida um dom de amor, uma doação em prol dos irmãos. Para que sejamos anunciadores de Jesus, temos que estar com ele. Ele é o Senhor, e ninguém pode tirar a vida dele mas a dá livremente, e igualmente a retoma. Esse momento fechou-se com um momento de silêncio, uma expressão de buscar estar com Jesus. É tal busca que tornará real o apelo do Papa Francisco que reafirma sempre em seus discursos o desejo de ver os jovens saírem às ruas em missão e olharem para as pessoas com o olhar de Cristo.
O domingo foi marcado por dois momentos distintamente ricos, tanto em seu conteúdo, como também o modo como foram apresentados. Pela manhã, tivemos a graça da presença do Gilberto Brito, 43, de Santo André, São Paulo, um homem rico da experiência da misericórdia de Deus. Aos jovens, ele deu testemunho de como a sua vida de drogado afundou no poço, até a sua libertação pela oração. “A minha mãe não dormia enquanto eu não tivesse chegado em casa. Todas as vezes que caía na cama doente, era ela que estava ao meu lado. Apesar de tudo isso, eu olhava para ela como a pior inimiga que tinha em casa!” frisou Gilberto, louvando sua mãe e todas as mães que se fazem presentes na vida dos filhos caídos nos vícios e drogas. Sublinhando o papel indispensável de sua mãe, Gilberto ajudou os jovens a valorizarem devidamente os pais e não tê-los como os inimigos de casa, pois por meio deles, Deus fala algo. Notou-se a inevitável viagem interior de cada um, e de como tem vivido a sua relação com os pais, com a família, com amigos. Antes que seja tarde demais, lançou-se a semente outra vez nos corações dos jovens para cultivarem as relações saudáveis e estarem abertos à graça de Deus bondoso e misericordioso.
De forma didática, a temática da família foi exposta na parte da tarde por dona Inês, uma senhora da diocese de Duque de Caxias. Com um panorama mais amplo, deu a entender o quanto a família é indispensável para o crescimento, formação, e amadurecimento dos filhos. É nela que se aprende a ser gente. “Na família a gente aprende a amar” salientou ela.
O retiro encerrou-se com a celebração eucarística presidida pelo padre Victor, na comunidade matriz às 19h. Estavam presentes também os pais, familiares e parentes dos jovens. O encontro entre os jovens e seus parentes foi comovente, e de muitas emoções, marcadas por gestos de perdão, de reconciliação, de paz. Foi um recomeço.
Muitos e imensos agradecimentos à equipe que trabalhou incansável e dedicadamente em prol deste retiro, e aos paroquianos pelo apoio e generosidade A Deus Pai Providente, seja dada toda honra e glória. Aos nossos jovens, força e coragem no seguimento do Mestre.
Fonte: revista Missões