Discurso de Bento XVI no Encontro Ecumênico em Jerusalém

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"É imperativo que os cristãos sejam testemunhas vibrantes da fé"

Publicamos o discurso que Bento XVI pronunciou nesta sexta-feira no Encontro Ecumênico na Sala do Trono da sede do Patriarcado Greco-Ortodoxo de Jerusalém.

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Queridos irmãos e irmãs em Cristo,

É com profunda gratidão e alegria que eu realizo esta visita ao Patriarcado Greco-Ortodoxo de Jerusalém; um momento pelo qual eu esperei muito. Agradeço a Sua Beatitude o Patriarca Teófilo III por suas cordiais palavras de saudação fraterna, as quais eu expresso meus sentimentos recíprocos. Também expresso a todos vocês minha gratidão por me possibilitarem esta oportunidade de encontrar mais uma vez os muitos líderes de Igrejas e comunidades eclesiais aqui presentes.

Esta manhã eu me recordo dos encontros históricos que aconteceram aqui em Jerusalém entre meu predecessor Papa Paulo VI e o Patriarca Ecumênico Atenágoras I, e também entre o Papa João Paulo II e Sua Beatitude o Patriarca Diodoros. Estes encontros, inclusive minha visita hoje, são de grande significado simbólico. Eles lembram a luz do Oriente (cf. Is 60, 1; Apo 21, 10) que iluminou todo o mundo a partir do momento em que um "sol nascente" veio nos visitar (Lc 1, 78) e eles também nos lembram que a partir daqui o Evangelho foi pregado para todas as nações.

Estando neste lugar santificado, ao lado da Igreja do Santo Sepulcro, que marca o lugar onde nosso Senhor crucificado ressuscitou da morte para toda humanidade, e próximo do cenáculo, onde no dia de Pentecostes "eles estavam todos reunidos no mesmo lugar" (Atos 2, 1), quem não poderia sentir-se impelido a trazer a plenitude da boa vontade, do desejo cultural e espiritual para nossa busca ecumênica? Rezo para que nossa união hoje traga novos ímpetos para o trabalho de diálogo teológico entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas, acrescentando os frutos recentes de estudo dos documentos e outras iniciativas conjuntas.

De particular alegria para nossas Igrejas foi a participação do Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Sua Santidade Bartolomeu I, no recente Sínodo dos Bispos em Roma dedicado ao tema: A Palavra de Deus na Vida e Missão da Igreja. A calorosa recepção que ele recebeu e sua comovente intervenção foram expressões sinceras da profunda alegria espiritual que experimenta a comunhão já existente entre nossas Igrejas. Tais experiências ecumênicas são testemunhos claros da ligação entre a unidade da Igreja e sua missão. Estendendo seus braços na Cruz, Jesus revelou a plenitude de seu desejo para conduzir todas as pessoas a ele, unindo-as como um (Jo 12, 32). Soprando seu Espírito sobre nós revelou seu poder de nos fazer participar em sua missão de reconciliação (cf. Jo 19, 30; 20, 22-23). Nesse sopro, através da redenção que une, está nossa missão! É precisamente em nosso desejo de levar Cristo aos outros, de fazer sua mensagem de reconciliação conhecida (cf. 2 Cor 5, 19), que experimentamos a vergonha de nossa divisão. Enviados pelo mundo (cf. Jo 20, 21), com o poder da força unificadora do Espírito Santo (ibid. v. 31), proclamando a reconciliação que leva todos a crerem que Jesus é o Filho de Deus (ibid. v. 31), devemos encontrar a força de redobrar nossos esforços para aperfeiçoar nossa comunhão, fazê-la completa, ser testemunhas unidas do amor do Pai que envia o Filho para que o mundo possa conhecer seu amor por nós (cf. Jo 17, 23).

Há cerca de dois mil anos, por estas mesmas ruas, um grupo de gregos pediram a Filipe: "Senhor, quiséramos ver Jesus" (Jo 12, 21). Também é um pedido feito a nós hoje, aqui em Jerusalém, na Terra Santa, na região e em todo o mundo. Como respondemos? Nossa resposta é ouvida? São Paulo nos alerta da gravidade de nossa resposta: nossa missão de ensinar e pregar. Ele diz: "a fé vem de ouvir, e o que é ouvido vem através da palavra de Cristo" (Rm 10, 17). É imperativo contudo que os líderes cristãos e suas comunidades sejam testemunhas vibrantes do que nossa fé proclama: o Verbo eterno, que entrou no tempo e no espaço nesta terra, Jesus de Nazaré, que andou por estas ruas, através de suas palavras e ações chama as pessoas de todas as épocas a sua vida de verdade e amor.

Queridos amigos, enquanto encorajo-os a proclamar com alegria o Senhor Ressuscitado, desejo também reconhecer o trabalho para este fim dos líderes das comunidades cristãs, que se encontram regularmente nesta cidade. Parece-me que o maior serviço que os cristãos de Jerusalém podem oferecer aos seus concidadãos é a formação e a educação de uma nova geração de cristãos comprometidos, fiéis em seu desejo de contribuir generosamente para a vida religiosa e cívica nesta única cidade santa. A prioridade fundamental de cada líder cristão é nutrir a fé dos indivíduos e das famílias confiadas ao seu cuidado pastoral. Este pensamento de pastoral comum garantirá que suas reuniões regulares sejam marcadas pela sabedoria e caridade fraterna necessariamente para apoiar um ao outro e unir a ambos nas alegrias e dificuldades particulares que marcam a vida de seu povo. Rezo para que as aspirações dos cristãos de Jerusalém sejam compreendidas como concordes às aspirações de todos seus habitantes, não importa sua religião: uma vida de liberdade religiosa e coexistência pacífica e - para os jovens em particular - acesso irrestrito à educação e ao emprego, a possibilidade de terem moradia e residência familiar, e a chance de se beneficiarem da sociedade e contribuírem para sua estabilidade econômica.

Sua Beatitude, agradeço-lhe novamente por sua cordialidade em convidar-me para estar aqui, junto com os outros convidados. Sobre todos vocês e as comunidades que representam, eu invoco uma abundância de bênçãos de Deus de fortaleza e sabedoria! Que todos vocês sejam fortalecidos pela esperança de Cristo que não desaponta!

[Tradução de Élison Santos

© Copyright 2009 - Libreria Editrice Vaticana]

Fonte: ZENIT

 

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