Por Rádio Vaticano
No contexto das celebrações do V Centenário de evangelização da República Democrática do Timor Leste, foi assinado esta sexta-feira (14), no Palácio do Governo de Dili, o Acordo entre Santa Sé e a República Democrática do Timor Leste. Foram signatários, pela Santa Sé, o Cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, e pelo Timor Leste o Primeiro Ministro Rui Maria de Araújo. O ato contou com a presença de inúmeras autoridades civis e religiosas.
O Acordo, fruto das boas relações entre a Santa Sé a República Democrática do Timor Leste, e levando em consideração o papel histórico e atual desempenhado pela Igreja Católica na vida da Nação à serviço do desenvolvimento da pessoa humana, define e garante o estatuto jurídico da Igreja Católica e regula os vários âmbitos, entre os quais, o matrimônio canônico, os lugares de culto, as instituições católicas de instrução e de educação, o ensino religioso nas escolas, a atividade assistencial-caritativa da Igreja, o cuidado pastoral nas forças armadas e nas instituições penitenciárias e hospitais, e o regime patrimonial e fiscal.O Acordo, que consiste de um Preâmbulo e de 26 Artigos, entrará em vigor com a troca de instrumentos de ratificação.
Igreja uma referência fundamental
O Primeiro-ministro Rui Maria de Araújo destacou que a Igreja Católica "continua" a ser uma referência fundamental para a população pela "manifestação de apoio nos caminhos do desenvolvimento nacional", sobretudo na área da educação.
"Tudo isso justifica que Timor-Leste seja o país com maior percentagem de população católica em todo o mundo", assinala o primeiro-ministro timorense numa publicação no site online do país lusófono.
O responsável político recorda ainda que a ação da Igreja é "reconhecida e valorizada" na Constituição da República e que durante a luta pela Independência "fomentou a resistência do povo e legitimou internacionalmente os propósitos da Resistência".
Com os religiosos, as Bem-aventuranças e a alegria
O Cardeal Parolin também presidiu nesta sexta-feira uma Missa para os religiosos que trabalham no país. Na homilia, entre outros, o Cardeal expressou sua estima pela "imensa generosidade" de seus predecessores a serviço do anúncio de Cristo e recordou as palavras do Papa Francisco, "de que uma autêntica vida religiosa deve tornar mais visíveis as Bem-aventuranças de Jesus". Elas, indicou, são "formas concretas da misericórdia viva" e "contam exatamente aquilo que o Senhor pede aos seus discípulos e aquilo que espera de vocês". Elas "nos dizem para amar a todos, dar tudo, perdoar todos e não julgar ninguém, mas a si próprios". Após, ao partilhar um lugar à mesa com os religiosos, o Cardeal Parolin exortou-os, sempre inspirado em Francisco, a "terem na alegria" o farol para guiar o próprio ministério, "pois este é o coração do Ano da Vida Consagrada".
Jovens, "coração livre" do Timor Leste
Na parte da tarde, o Cardeal Secretário de Estado encontrou os jovens timorenses no mesmo local onde, há 26 anos, João Paulo II convidava a Ilha - dez anos antes do referendum pela independência da Indonésia - a "ser sal da terra e luz do mundo". "Vocês - afirmou dirigindo-se aos jovens - nasceram ou cresceram em um país que obteve a independência graças ao sacrifício de outros, antes de vocês. Agora, é a vez de vocês demonstrarem o compromisso" ao lado daqueles que estão comprometidos "pelo futuro de vosso país".
Como despedida, o Cardeal Parolin deixou as palavras do Papa Francisco na resposta a um jovem paraguaio, e que acabou tornando-se um hino em todo o mundo: ter um "coração livre" de todas as amarras do mundo. E acenando à Cruz dos jovens que atravessou o Timor Leste pelas celebrações do V centenário, o Secretário de Estado afirmou ter aprendido que "não existe amor sem sacrifício, que não existe ressurreição sem a cruz". Vivam, portanto, "uma vida de esperança e de coragem, uma vida de responsabilidade e de compromisso, uma vida de sacrifício e de amor. Deste modo, sereis sal e luz "para esta amada terra, construireis o futuro de vossa nação".
Mensagem de Francisco
No dia 15 de agosto, o representante do Papa Francisco vai presidir às celebrações eucarísticas dos 500 anos de evangelização de Timor-Leste em Tasi Tolu, Dili. O Santo Padre que antecipou as comemorações numa mensagem já divulgada considerou "justo e oportuno que este acontecimento seja recordado adequadamente".