Papa Francisco: filipinos me comoveram. Talvez vá à África no final do ano

Assessoria de Imprensa

Um balanço da intensa visita às Filipinas e uma série de considerações sobre temas de grande relevo público: da corrupção nas instituições civis e eclesiais ao problema da "colonização ideológica", da teoria do gênero ao tema da contracepção. Em seguida, uma série de possíveis metas para as próximas viagens apostólicas, África e América Latina, neste 2015.

Foram os temas que nortearam o encontro do Papa com os jornalistas, de pouco mais de uma hora, durante o voo de Manila para Roma.

Sobretudo "os gestos". E o amor genuíno que os acompanhava. Respondendo à pergunta sobre o que trazia das Filipinas, o Santo Padre disse e repetiu ainda, "os gestos": gestos que me comoveram, porque não eram "protocolares", porque eram expressão de um "entusiasmo não finto". "Comovia-me", sobretudo, acrescentou, quando via um pai levantar o filho sobre a multidão para fazer com que o Papa o abençoasse e ficar feliz por aquela bênção, como se eles quisessem dizer: "este é o meu tesouro, o meu futuro, o meu amor".

"O gesto da paternidade, da maternidade, do entusiasmo, da alegria (...) Um povo que sabe sofrer, e que é capaz de levantar-se e seguir adiante. Ontem, no conversa que tive com o pai de Crystal, a jovem voluntária que morreu em Tacloban, fiquei edificado (por aquilo que me disse - ndr): "Morreu em serviço". E buscava palavras para conformar-se, para aceitar isto".

Os gestos que tocaram o coração de Francisco foram também os dos sobreviventes em Tacloban. "Ver - disse - todo aquele povo de Deus rezar após a catástrofe" me fez sentir "como abatido, a voz quase não me saia".

O tom de Francisco mudou quando lhe foi perguntado sobre quais viagens apostólicas pensa fazer nos próximos meses. O Como de costume, o Papa respondeu precisando tratar-se de hipótese, possibilidade:

"Respondo hipoteticamente. Mas o plano é ir à República Centro-Africana e Uganda. Estes dois. Este ano. Creio que será em torno do final do ano (...) estão previstos para este ano três países latino-americanos - é tudo ainda como esboço (nada definitivo, ndr) - Equador, Bolívia e Paraguai. Estes três. Para o próximo ano, gostaria de visitar - mas ainda não tem nada previsto - o Chile, Argentina e Uruguai."

O Santo Padre excluiu, por razões logísticas, a Califórnia, no caso da Canonização de Junípero Serra, em setembro - se realizará "no Santuário de Washington", precisou - e por motivos análogos excluiu também entrar nos EUA a partir do México, embora reconhecendo o valor de um gesto de "fraternidade" em relação aos emigrantes.

Quando é feita uma pergunta sobre o tema mil vezes denunciado da corrupção, o Papa Francisco reitera que este mal, e prevaricação que se segue, são "um problema mundial" que "encontra facilmente o ninho nas instituições", assim como no indivíduo, e que faz as suas vítimas preferidas entre os "pobres". Não diferente o caso quando os corruptos são da e na Igreja e aqui Francisco conta um episódio do tempo do seu ministério episcopal em Buenos Aires, quando dois funcionários do governo foram lhe propor um substancial pagamento em dinheiro para as suas "villas miserias" desde que eles ficassem com a metade, e eles foram mandados de volta com elegante sutileza:

"Eu acho que a Igreja deveria dar exemplo cada vez mais disso, de recusar toda mundanidade. Nós consagrados, bispos, padres, irmãs, leigos que realmente acreditam, a maior ameaça é a mundanidade. É tão feio olhar quando você vê um consagrado, um homem da Igreja, uma irmã, mundano. É feio. Este não é o caminho de Jesus. É o caminho de uma ONG que se chamada Igreja. Mas esta ONG não é a Igreja de Jesus".

Alguns jornalistas pediram ao Papa para esclarecer duas considerações expressas na coletiva de imprensa no voo de Colombo para Manila. Uma é a questão do "punho" - como evidenciado há dias, pela mídia - ou seja, quais são os limites da liberdade de expressão. Francisco reafirma que "em teoria" todos concordam em oferecer a outra face em caso de provocação, mas a realidade é que "somos humanos" e, portanto, uma repetida ofensa pode desencadear em uma reação errada. Por isso, afirma o Papa, não é mau "ser prudente".

O segundo assunto volta à expressão usada por Francisco, a da "colonização ideológica". Também aqui o Papa conta de um episódio de 20 anos atrás, em que um ministro da Educação, que tinha pedido um grande empréstimo "para construir escolas para os pobres", recebeu como condição a introdução nas escolas de um livro que ensinava a teoria do gênero:

"Esta é a colonização ideológica: entram em um povo com uma ideia que não tem nada a ver com o povo; sim, com grupos do povo, mas não com o povo, e colonizam o povo com uma ideia que muda ou quer mudar uma mentalidade ou uma estrutura (...) Mas isso não é novidade. O mesmo fizeram as ditaduras do século passado. Entraram com a sua doutrina. Pensem nos Balilla, pensem na Juventude Hitlerista. Colonizaram o povo, queriam fazê-lo. Mas quanto sofrimento. Os povos não devem perder a liberdade".

Outro tema é o da contracepção ligado ao falso mito de que os cristãos devem fazer muitos filhos. O Papa Francisco recorda que a Igreja sempre promoveu o princípio da paternidade e maternidade responsáveis, contido na "Humanae vitae" de Paulo VI, definido "um profeta", e não um Pontífice "fechado":

"Ele olhava para o neo-Malthusianismo universal que estava em andamento (...) Aquele neo-Malthusianismo que buscava o controle da humanidade por parte das potências. Isto não significa que o cristão deve fazer filhos em série. Eu repreendi alguns meses atrás uma mulher em uma paróquia, porque ela estava grávida do oitavo filho, depois de sete cesarianas: "Mas a senhora quer deixar órfãos os sete?'. Isto é tentar Deus. Fala-se de uma paternidade responsável".

Sobre o seu apelo aos países islâmicos para que tomem uma posição contra os grupos terroristas, Francisco disse estar confiante de que com o tempo as muitas "boas pessoas" do mundo muçulmano vão ser capazes de ter um impacto maior. O Papa precisou em seguida que a audiência ao Dalai Lama não foi concedida porque "é costume no protocolo da Secretaria de Estado" não receber chefes de Estado ou daquele nível quando estão envolvidos em um encontro internacional em Roma:

"Mas o motivo não foi a rejeição à pessoa ou o medo da China. Sim, estamos abertos e queremos a paz com todos. E como estão as relações? O governo chinês é educado. Também nós somos educados e fazemos as coisas passo a passo, como se fazem as coisas na história, ou não? Ainda não sei, mas eles sabem que eu estou disposto a receber ou ir. Eles sabem disso".

Fonte: br.radiovaticana.va

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