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Na tarde de ontem, 07, durante a quarta congregação geral da 3ª Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos, os participantes discutiram as atuais propostas para a Pastoral da Família.
No início dos trabalhos, foi assinalado o vínculo entre as crises de fé e a crise familiar, concluindo-se que a primeira deu origem a segunda. Isto porque a fé geralmente é entendida como um conjunto de contribuições doutrinárias quando a mudança é principalmente um ato livre pelo qual alguém se entrega a Deus. Por isso, surgiu a proposta de se pensar sobre um "vade-mécum" dedicado aos catequistas sobre a família, para que suas missões evangelizadoras sejam reforçadas. Também falou-se sobre a fraqueza de fé de muitos batizados, razão de muitos cônjuges chegarem ao matrimônio sem estar plenamente conscientes do que o sacramento carrega consigo. O matrimônio cristão deve ser entendido não apenas como uma tradição cultural ou demanda social, mas deve ser encarado como uma decisão profissionais, realizado com preparação adequada.
Em seguida os padres sinodais trataram de um dos grandes desafios que a família enfrenta hoje, chamado de "ditadura do pensamento único" que pretende introduzir na sociedade uma série de valores que distorcem o conceito de matrimônio como união entre homem e mulher. A crise de valores, o secularismo ateu, o hedonismo e a ambição de poder destroem a família, debilitam as pessoas e, portanto, tornam a sociedade mais frágil. Por isso é importante os fiéis recuperarem a consciência do seu pertencimento à Igreja, porque ela cresce por atração e são as famílias que atraem outras famílias.
Foi dito que, por outro lado, a Igreja, perita em humanidade, deve enfatizar a beleza e a necessidade que todo mundo tem de uma família, porque é insubstituível. E é necessário despertar no ser humano o sentimento de pertencer ao núcleo familiar.
A importância da relação entre os sacerdotes e as famílias foi recordada. Os sacerdotes devem acompanhar as famílias em todas as etapas mais importantes da vida, compartilhando as alegrias e dificuldades, enquanto as famílias, por sua vez, ajudam os sacerdotes a viver o celibato com uma felicidade plena, e não como uma renúncia. Além disso, a família tem sido definida como "berço de vocações", porque é nela que surge frequentemente o chamado ao sacerdócio.
As reflexões seguiram para a interferência do trabalho na dinâmica familiar. Foi dito que as duas dimensões - trabalho e família - têm que ser conciliadas, devido a horários de trabalho cada vez mais flexíveis, aos novos modelos contratuais, as distâncias geográficas entre os lares e o trabalho. Nota-se ainda que a tecnologia, algumas vezes, "traz o trabalho para casa", tornando mais difícil o diálogo familiar.
Na hora dedicada às intervenções livres, foi retomado o argumento da exigência de uma nova linguagem no anúncio do evangelho, referindo-se especialmente às novas tecnologias dos meios de comunicação. Foi proposto também que se discuta sobre as famílias que não têm filhos apesar de querê-los, assim como as famílias que vivem nas regiões afetadas pelo vírus Ebola.
Por fim, chamou-se a atenção para a imagem da Igreja como luz, manifestando o desejo de que não seja apenas um farol, que permanece fixo e ilumina à distância, mas que seja como tocha, uma "luz amável" que acompanha os seres humanos em seu caminho, passo a passo.
África
Numerosas intervenções, particularmente relativas à África, chamaram a atenção sobre os diversos desafios que as famílias enfrentam neste continente: poligamia, traições, cultos, guerras, pobreza, o doloroso drama das migrações, a pressão internacional para o controle de natalidade. Todos esses problemas comprometem a estabilidade da família, colocando-a em crise. Esses desafios devem ser enfrentados com uma evangelização mais profunda, capaz de promover os valores da paz, da justiça e do amor, unida a uma adequada promoção do papel da mulher na sociedade, a boa educação dos filhos e a proteção dos direitos de todas as vítimas da violência.
Com fotografia da Rádio Vaticano
Fonte: www.cnbb.org.br