Crianças de refugiados sírios nascidas no Líbano

La Croix

O Líbano já é o país do oriente médio onde mora o maior número de refugiados sírios. Já somam cerca de um milhão e duzentos mil, segundo as estatísticas da organização dos Direitos Humanos e cerca de metade são crianças, muitas delas já nascidas nos campos de refugiados com instalações precárias.

Os sírios, prófugos da guerra civil, que não dá sinais de solução, confessam ter sido bem acolhidos no Líbano, mas temem pelo seu futuro, rodeado de muitas incógnitas, sobretudo por causa de suas crianças que não têm nem certificado de nascimento garantido pelo seu país que, ao mesmo tempo, está perto e distante.

"Meu filho viu a luz do dia como refugiado e seu futuro será realmente difícil aqui", diz Oum Khaled que levou o filho para uma clínica instalada por um grupo de Médicos Sem Fronteiras (MSF), no povoado de Arsal, situado próximo da fronteira entre Líbano e Síria. "Me sinto feliz por ter dado à luz este filho, mas deveria ter acontecido numa situação diferente daquela onde me encontro. É muito difícil criar os filhos numa situação como esta". Ao proferir estas palavras, ela olha para a outra criança de dois anos de idade que está a seu lado, sugando a chupeta.

"Na Síria eu tinha uma casa confortável e um jardim"

Essa mãe fugiu da região montanhosa de Qalamoun na direção do Líbano quando, no inverno passado, o exército de Bachar AL Assad ocupou a região e seu povoado. Apesar de seu marido ter encontrado um pequeno trabalho de bicos em Arsal, eles não coneguem se auto sustentar nem os 4 filhos.

"Quando olho para estes meus filhos, que amo muito, choro, porque na nossa terra tínhamos casa e jardim onde eles podiam jogar e aqui não temos nada", confessa essa mãe que aparenta ter seus 25 anos de idade.
Não é fácil para o Líbano sediar mais de um milhão de refugiados que escaparam da guerra civil. Sendo quase metade deles ainda crianças, a ONU chama essas crianças de "geração perdida". Os refugiados na Síria somam atualmente cerca de metade da população de todo o Líbano.

A tenda é o espaço para se alimentar

A grande maioria das crianças passa o dia brincando junto das tendas, parte delas montadas em áreas insalubres, porque não têm escola para frequentar. As mães, apesar das condições precárias, se esforçam para arrumar a alimentação dentro das tendas, segundo as possibilidades de cada dia.

"Há sete meses que abandonei a região de Nabak. Um avião bombardeou até o caminho de nossa fuga, mas conseguimos escapar", afirma Oum Mohammad, mãe daquelas crianças. E continua dizendo: "este meu filho Oudaï ainda me dá esperança, apesar de termos perdido tudo. Mas agora sem escola, que futuro podemos oferecer para ele e os outros?

"Aquela maternidade é um ponto de referência muito importante para os refugiados"

Essa é a afirmação de Maria Luz Ruiz, enfermeira e coordenadora do centro infantil do MSF. E acrescenta: "a maternidade é fundamental para este povo refugiado porque os ajuda a superar a depressão causada pela fuga". Mas a preocupação das mães nasce também das precárias condições sanitárias e econômicas nas quais vivem.
Segundo a informação da diretora, as crianças sofrem muito com problemas respiratórios e de nível gástrico que são o resultado das más condições sanitárias e da fraca alimentação.

Escutando as batidas do coração da criança.

Amal e seu marido Amer se sentem desanimados e preocupados com a criança que está para nascer. "Há nove meses não imaginávamos de estar hoje aqui", confessa a mãe de 22 anos. O casal se encontra no centro de saúde ao lado do aparelho que mostra as batidas do coração da criança.

E o pai se exprime assim: "quando escutei as batidas do coração do filho fiquei muito feliz, porque vou ter mais um filho. Deus seja louvado! Vou ser pai! E ao mesmo tempo fico triste pensando nele porque não temos casa nem abrigo para lhe oferecer". Amer ficou ferido na ocasião do ataque das tropas de Assad na cidade de Yabroud.
Amal, com a cabeça coberta pelo manto diz sem otimismo: "apesar de tudo ainda espero que meus filhos quando forem maiores possam morar numa Síria pacífica e mais bonita. Mas ainda tenho grande dúvidas porque, se Assad não sair do governo, nada de novo vai acontecer".

 

Fonte: Jornal La Croix

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