Leigos Missionários da Consolata refletem sobre mística e missão

Jaime C. Patias

"A mística do discípulo missionário na ótica do Bem-aventurado José Allamano" foi tema de estudo em encontro de formação que reuniu nos dias 10 e 11 de março, em São Paulo, cerca de 40 Leigos Missionários da Consolata - LMC, de Jandira, São Miguel Paulista e do Jardim São Bento (SP), e do Rio de Janeiro (RJ). Encontros semelhantes acontecem desde 2010 com o objetivo de manter viva a espiritualidade, segundo a identidade dos Leigos Missionários.

"Contemplação e missão se exigem mutuamente", afirmou Irmã Bernardete Pickler, MC, pedagoga convidada para desenvolver o tema. A assessora comparou a mística com as raízes de uma árvore que não são vistas, mas se forem cortadas, a árvore seca. "A mística nos impulsiona no nosso agir, na nossa espiritualidade, que é uma forma de ser. Como a espiritualidade, a mística cristã é essencialmente missionária. Ao contemplar a realidade do mundo que nos cerca através da mística, somos capazes de entrar em comunhão com Deus que tem amor pela humanidade", destacou a religiosa.

Ao comentar a passagem do Evangelho sobre a mulher Samaritana no poço de Jacó (Jo 4, 1-15), Irmã Bernardete perguntou: "Qual a sua sede? Que água busca? Como você vive a sua escolha de ser Leigo Missionário da Consolata?" A assessora deixou dicas para intensificar a oração a partir da leitura Orante da Palavra de Deus. "O ser humano precisa sintonizar para entender a Deus e entrar em profunda comunhão com a sua vontade. À medida que a pessoa cultivar uma mística e uma espiritualidade, será um verdadeiro Leigo Missionário. Quem não tem profunda paixão por Cristo, não será capaz de despertar esse mesmo amor no outro", destacou a religiosa ao observar que Jesus chamou discípulos para que eles fizessem outros discípulos. "Somos fortes à medida que bebemos na fonte do carisma, legado pelo Bem-aventurado José Allamano".

Padre Francisco Lopez (Paco), reitor do Seminário Teológico IMC, em São Paulo, enriqueceu a reflexão com uma partilha da sua vivência na missão, em particular dos anos vividos na Coreia do Sul. Segundo o padre, "a mística na missão da Família Consolata é a frase que melhor expressa o que somos. O importante é ter no coração o que Deus quer. Isso é muito caro ao Fundador que recebeu o carisma. Vivemos o carisma quando estamos em comunidade", destacou. "Os missionários e as missionárias, somente podem expressar o carisma quando vivem em comunhão. Os Leigos, identificados com o mesmo carisma, o levam aos ambientes de trabalho. Por isso, não poderíamos compreender o carisma do Fundador sem a participação deles". Padre Paco sublinhou ainda a importância da comunidade para a vivência do carisma e da missão. "A mística é a comunhão com Deus. Todos nós somos chamados a sermos místicos, pois todos somos chamados à comunhão", concluiu.

Para Jeanice Gedeon, que veio com sete colegas do Rio de Janeiro, o tema foi bem escolhido. "Os assessores estavam iluminados. Gostei da organização e da distribuição das tarefas". Antonieta Maria Garcia, de São Paulo, avaliou a explanação da Irmã Bernardete: "simples, porém objetiva. A partilha do padre Paco ajudou a entender mais o que é ser LMC", disse. Sérgio Merlo achou todos os momentos proveitosos. "Tivemos oportunidade de conhecer melhor nossos companheiros de caminhada. Gostei muito da Irmã Bernardete e do padre Paco, com uma postura ‘pé no chão' e testemunhos de vida que valem mais do que dezenas de palestras", sublinhou. "Foi muito bom estarmos aqui reunidos. É sempre um aprendizado para mim. Eu não conhecia a palavra ‘mística' e foi uma experiência que procurarei viver mais", comentou dona Fátima Xavier, de São Miguel Paulista.

Irmã Edite Cobalchini, Superiora Regional das missionárias da Consolata no Brasil saudou os leigos destacando que o discípulo segue o Mestre. "Para nós o Mestre é Jesus que se apresenta como o Caminho e não como a chegada. Portanto, ser discípulo missionário é seguir o Caminho, que é Jesus", afirmou. O Superior Regional do IMC no Brasil, padre Elio Rama, também marcou presença. "É uma alegria ver que vocês transmitem muita confiança e coragem. Esta semente que foi lançada cresce e vai produzir frutos. Estar com Jesus para ouvir e ver as obras do Mestre é essencial para os discípulos missionários que desejam ir além. Contem sempre com a nossa colaboração", assegurou padre Elio.

Na programação houve espaço para reflexões pessoais, troca de experiências, partilha em grupo e celebrações, com destaque para o percurso da Via Sacra. "O texto preparado pela Irmã Maria Costa foi muito rico, reflexivo e meditativo. Diria que foi uma Via Sacra 'mística', como se o caminho percorrido brotasse do nosso interior e se revalasse nas alegrias e tristezas do nosso cotidiano", avaliou Fabrícia Paes.

Os trabalhos encerraram com uma avaliação e encaminhamentos de atividades relativas à formação e missão das comunidades. Os LMC voltam a se reunir em São Paulo, no mês de setembro, quando acontece a Assembleia anual.

Fonte: Revista Missões

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