Pastoral Operária realiza assembleia nacional em SP

Karla Maria *

No chão o mapa do Brasil, marcado com os frutos da terra e com a Bíblia. Nele, o magistério da Igreja que sustenta o trabalho da Pastoral Operária (PO), ao redor, cerca de 90 agentes da pastoral vindos de todo país, para participar da 17° Assembleia Nacional da Pastoral, de 23 a 26 de junho, na zona sul da capital.

Durante a assembleia, as lideranças tiveram uma análise de conjuntura com padre Oscar Beozzo, coordenador geral do Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (CESEP). O assessor lembrou das recentes mobilizações de trabalhadores no Brasil e no mundo: a realização dos intereclesiais das Comunidades de Base, dos fóruns sociais, do trabalho de base, opondo-se à cultura geral do individualismo, a "movimentos conservadores no interior da Igreja", às mudanças no mundo do trabalho, entre outros, como sombras no caminho.

Diante da realidade apresentada, padre Beozzo apontou pistas de ação à PO, que deliberou a necessidade de uma maior organização da juventude na pastoral, de sair de uma postura de resistência para ter participação efetiva na vida da Igreja, com maior integração com pastorais e paróquias. Desenvolver a consciência de classe, aprofundando a consciência do papel do setor produtivo, do homem do campo, provocando discussão sobre o mundo do trabalho hoje, com a CNBB, no objetivo de suscitar uma nova Campanha da Fraternidade sobre o tema.

Uma formação permanente, sobre os aspectos políticos, eclesiais e culturais, com base no Evangelho e fortes momentos de espiritualidade, continua sendo prioridade da Pastoral Operária. Prioridade presente e partilhada na assembleia, com membros da PO da Arquidiocese de Maracaíbo, na Venezuela.

"Vimos compartilhar a experiência dos 40 anos da PO no Brasil, ver seu funcionamento, aprender com suas conquistas e implantá-las em nossa arquidiocese, onde temos muita esperança em ajudar a massa trabalhadora da Venezuela", disse o coordenador Wilfredo Infante, enviado por dom Ubaldo Ramón Santana Sequera, arcebispo de Maracaíbo ao Brasil.

"Queremos como Igreja proporcionar formação aos trabalhadores, orientar quanto aos seus direitos, à necessidade de organização", disse Yahaira Torres Pérez de Infante. A assembleia terminou domingo, dia 26, com missa de envio dos agentes de pastoral.

A Pastoral Operária nasceu de ações desenvolvidas por antigos militantes da JOC (Juventude Operária Católica) e da ACO (Ação Católica Operária - hoje MTC), com experiências de organização de pequenos grupos nos locais de trabalho. Refletiam a vida de trabalho na ótica das exigências evangélicas da justiça e da solidariedade de classe, fomentadas pelo Concílio Vaticano 2°, o encontro de Medellín, o florescimento das CEBs e da Teologia da Libertação.

"Nossa formação precisa ter embasamento teólogo nos grupos de base. Vamos fazer formação à distância utilizando nosso jornal [Conquistar] e site".
Monica Fidelis, João Pessoa (PB)

"Precisamos aprofundar nos grupos de base a questão da produção, sem ela não há comércio. Na sociedade capitalista, o trabalho industrial é ponto central".
Waldemar Rosi, São Paulo (SP)

"Hoje dentro dos grupos de Economia Solidária, as mulheres são a maioria, e o trabalho dessas mulheres ainda não tem visibilidade".
Luziniara Varela da Silva, Manaus (AM)

"Os padres diocesanos, ao menos em BH, se concentram na vida da paróquia. A missão vai além, é preciso ir ao encontro da realidade da vida do trabalhador".
Pe. François Marie Lewden (Chico), Belo Horizonte (MG)

"É necessário fazer o resgate da espiritualidade e da mística da Pastoral Operária, para combater a realidade dessa sociedade individualista".
André Langer, Curitiba (PR)

* Karla Maria, jornal O SÃO PAULO.

Fonte: Revista Missões

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