Pastorais e Movimentos Sociais promovem Grito dos Excluídos em são Paulo

Michael Mutinda e Jaime C. Patias

Enfrentando chuva, membros das Pastorais Sociais e Movimentos Sociais se reuniram na Catedral da Sé, em São Paulo, para marcar a 16º Edição do "Grito dos Excluídos", no Dia da Pátria. Todos os anos os organizadores do Grito programam diversas manifestações, pelas princiapis cidades do país, no dia 7 de setembro, com o objetivo de chamar a atenção da sociedade para a crescente exclusão social.

"A justiça começa em casa", afirmou o cardeal dom Odilo Pedro Scherer, falando aos fiéis durante a missa de abertura das manifestações na capital paulista. "Devemos fazer aquilo que é bom para que tenhamos um povo fraterno, um povo pacífico, que realmente manifesta a alegria de viver. Não podemos nos esquecer de olhar e resolver, em diálogo, os gritos que clamam os céus, dos excluídos em nossas comunidades cristãs," exortou o cardeal de São Paulo ao pedir que cada um se esforce para fazer a sua parte. "Ninguém seja excluída da vida, nem pela fome ou pela falta de moradia, nem pela exclusão antes de nascer", destacou. O cardeal lembrou também que, em época de eleições é tempo de refletir sobre as propostas dos candidatos e fazer escolhas acertadas para o futuro político da nação.

Com o tema "Vida em primeiro lugar! Onde estão nossos direitos? Vamos às ruas construir um projeto popular", este ano, o Grito dos Excluídos incentivou a participação no Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade da Terra. Lideranças disponibilizaram urnas para a votação no Plebiscito com a finalidade de fazer a sociedade brasileira se pronunciar sobre o Limite da Propriedade da Terra. Para os organizadores a ideia é passar a informação de que uma parcela consistente da população não aceita mais o latifúndio. O Plebiscito poderá se reverter num Projeto de Emenda Constitucional para incluir um inciso no artigo 186 da Constituição sobre o uso da Propriedade da Terra.

Comentando sobre o evento, dona Carmem Aparecida da Silva, 50, atuante nas Comunidades Eclesial de Base - CEBs em são Paulo, disse que ninguém acredita mais nos gritos do povo brasileiro. Para ela, "o grito do Ipiranga ainda não se tornou o grito dos excluídos. Mas, com fé, esperamos ver uma pátria melhor", completou

Para Plínio Rodrigues, 70, da Zona Leste de São Paulo e membro do Movimento dos Idosos da Casa Clara e do Conselho da Câmara dos Idosos, o Grito dos Excluídos é muito válido, "embora ainda não tenha atingido o grito dos idosos. Contudo, a gente não pode desanimar de lutar pelo direito de todos, por que a luta através da palavra, olhares e consciência leva à participação de todos", afirmou Plínio.

Dona Maria José, 58, da Pastoral Familiar de Carapicuíba, Osasco, SP, lamentou a fraca participação. "Talvez seja por causa de chuva ou falta de motivação por que ninguém escuta mais os gritos do povo". O maior grito do povo brasileiro hoje, segundo dona Maria, é a situação dos jovens que, "por falta de emprego, se envolvem com a violência e as drogas. É dever de todos melhorar a nossa realidade", destacou dona Maria.

Há 13 anos, por ocasião do Grito, moradores da Região Episcopal Brasilândia - arquidiocese de São Paulo e da diocese de Santo André - organizam uma Romaria a pé para reivindicar a garantia de direitos dos desfavorecidos. Este ano a atividade contou com cerca de 50 romeiros e iniciou na segunda-feira, dia 6, no Jardim Damasceno, região Brasilândia, percorrendo várias comunidades e bairros da periferia até o centro de São Paulo. Os romeiros passaram a noite na Casa de Oração do Povo, no centro da cidade, juntando-se aos moradores em situação de rua. No Dia da Independência todos estavam na Catedral para participar do Grito.

Frederico Santos, educador no curso de cidadania e história no Centro de Formação Santa Fé relatou sua terceira participação na Romaria a pé. "Agente caminhou pela periferia onde fomos muito bem acolhidos pelas comunidades. As pessoas vinham conversar com agente procurando saber por que estávamos caminhando. Essa Romaria é uma coisa muito positiva. Penso que ela contribui para a consciência das pessoas que participam, dos que a acolhem e daqueles que a veem passar", explicou Frederico.
Na casa do Povo de Rua os romeiros foram recebidos com um jantar e uma celebração para, depois de passar a noite, na amanhã do dia 7, seguir até a Praça da Sé.

Este ano a chuva não permitiu a realização da tradicional caminhada até o Parque da Independência no bairro Ipiranga. Desde o caminhão de som, estacionado em frente à Catedral, lideranças e artistas concluiram o ato com pronunciamentos e manifestações artísticas.

Fonte: Revista Missões

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