Consuma com cuidado

Marcus Eduardo de Oliveira *

Nesse ano, o tema do Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado em 05 de junho, foi: "Sete Bilhões de Sonhos. Um Planeta. Consuma com Cuidado".

O objetivo é um só: aumentar a qualidade de vida para todas as pessoas sem aumentar, como consequência, a degradação ambiental, e sem comprometer ainda os recursos necessários às futuras gerações; bem ao estilo, portanto, das recomendações encontradas no Relatório Brundtland (Our Common Future), de 1987.

Dito em outras palavras, na prática isso se refere ao Metabolismo Socioeconômico (MSE), ou seja, a necessidade de importar (buscar) energia e matéria do meio ambiente, utilizá-los para o funcionamento da economia (um sistema aberto) e exportar (entregar) à natureza rejeitos que não mais poderá ser aproveitado.

Isso tudo, claro, de acordo às orientações do pensamento econômico tradicional, devidamente amparado na condição suprema de produzir mais bens e serviços para melhorar o modo de vida dos mais necessitados, proporcionando assim qualidade de vida; como se, a partir da mera produção de mais mercadorias, assegura-se bem-estar.

Conquanto, fica a pergunta: como atingir o objetivo respaldado e implícito no tema acima exposto?
Desperdiçando menos comida, água, solo, serviços ecossistêmicos e mudando de forma radical os padrões de consumo (hoje, insustentáveis) em direção a produtos que usem menos recursos naturais e energéticos; logo, atingindo com isso o que se convenciona chamar de Eficiência Energético-Material (EEM).

O motivo? Os serviços ecossistêmicos, essenciais para a sobrevivência da humanidade, estão perto do esgotamento, decorrente do crescimento populacional e de modelos econômicos de crescimento que não levam em conta a finitude dos recursos da natureza, uma vez que priorizam apenas o alcance de rápidas taxas de retorno do capital.

Daí a necessidade suprema de alcançar dois objetivos ímpares: i) conter o excesso populacional, lembrando que em menos de quatro décadas à frente teremos o acréscimo de mais dois bilhões e meio de pessoas "pressionando" um único planeta para a obtenção e recursos; e ii) alinhavar, de imediato, a prática do consumo moderado e equilibrado, consciente e ecologicamente correto, fugindo assim ao padrão de desperdício que tem marcado algumas sociedades de consumo na atualidade.

Para isso tem sido comum a adoção de alguns passos que apontam para um único horizonte: a prática do consumo consciente.
Vale citar na integra esses passos, recolhidos do Instituto Akatu (www.akatu.org.br) que tem como uma de suas plataformas de ação a divulgação e conscientização do consumo consciente:

1.Planeje suas compras
Não seja impulsivo nas compras. A impulsividade é inimiga do consumo consciente. Planeje antecipadamente e, com isso, compre menos e melhor.

2. Avalie os impactos de seu consumo
Leve em consideração o meio ambiente e a sociedade em suas escolhas de consumo.

3. Consuma apenas o necessário
Reflita sobre suas reais necessidades e procure viver com menos.

4. Reutilize produtos e embalagens
Não compre outra vez o que você pode consertar, transformar e reutilizar.

5. Separe seu lixo
Recicle e contribua para a economia de recursos naturais, a redução da degradação ambiental e a geração de empregos.

6. Use crédito conscientemente
Pense bem se o que você vai comprar a crédito não pode esperar e esteja certo de que poderá pagar as prestações.

7. Conheça e valorize as práticas de responsabilidade social das empresas
Em suas escolhas de consumo, não olhe apenas preço e qualidade do produto. Valorize as empresas em função de sua responsabilidade para com os funcionários, a sociedade e o meio ambiente.

8. Não compre produtos piratas ou contrabandeados
Compre sempre do comércio legalizado e, dessa forma, contribua para gerar empregos estáveis e para combater o crime organizado e a violência.

9. Contribua para a melhoria de produtos e serviços
Adote uma postura ativa. Envie às empresas sugestões e críticas construtivas sobre seus produtos e serviços.

10. Divulgue o consumo consciente
Seja um militante da causa: sensibilize outros consumidores e dissemine informações, valores e práticas do consumo consciente. Monte grupos para mobilizar seus familiares, amigos e pessoas mais próximas.

11. Cobre dos políticos
Exija de partidos, candidatos e governantes propostas e ações que viabilizem e aprofundem a prática de consumo consciente.

12. Reflita sobre seus valores
Avalie constantemente os princípios que guiam suas escolhas e seus hábitos de consumo.

* Marcus Eduardo de Oliveira é economista e professor de economia da FAC-FITO e do UNIFIEO, em São Paulo.
prof.marcuseduardo@bol.com.br

Fonte: Revista Missões

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