Lutar por direitos e dignidade

Nei Alberto Pies *

Os educadores e educadoras, ao decidirem por paralisações ou greves em defesa de seus direitos, cumprem importante tarefa educativa de alertar a comunidade e seus alunos de que sempre é preciso lutar quando estão em risco os direitos e as conquistas.

Crianças, adolescentes e jovens percebem com facilidade quando um professor lhes aponta caminhos para construir sabedoria, viver o amor e lutar pela dignidade. Percebem, também, quando os educadores os encorajam para engajar-se socialmente pela garantia dos direitos humanos. A ocupação pacífica das ruas feita por educadores pode ensinar-lhes muito mais do que através de discursos e teorias sobre como viver em sociedade e como sobreviver de forma organizada, em defesa de interesses da coletividade.

Oferecemos, todos os dias, nas salas de aula, o melhor do que somos e o melhor do que temos por amor aos alunos. Oferecemos a eles luzes de esperança, forjadas na cotidiana luta de nossa superação pessoal e profissional. Se os adolescentes sonham em transformar o mundo, apontamos caminhos de saudável rebeldia, capaz de arrebatar causas, sonhos e desejos que movem a cada um e a coletividade. Se jovens e adultos acreditam no poder do conhecimento, os estimulamos a fazerem suas buscas na vida pessoal e profissional, através do estudo.

Apoderar-se de sensibilidades afetivas, sociais e políticas constitui um grande legado para aqueles que escolheram ser professores. Por obra de uma paixão ensinante, fazemo-nos compreensivos com os outros, e sofredores com eles, crentes que cada ser humano possui as mais ricas e únicas possibilidades de superar-se, individual e coletivamente. Como na educação, também na política, só deveriam atuar aqueles que, acima de vaidades e interesses, são capazes de somar na crença que todo ser humano é sempre capaz de superar-se em todos os seus contextos, singularidades e peculiaridades.

Daqueles que assumem posições de poder, espera- se que sejam abertos ao diálogo, mesmo que na dureza das críticas dos outros. Que se interessem pela coletividade, sem desfazer-se de suas motivações e convicções políticas.

"Quem luta, também educa". Quem ama, também educa. Quem não anula e menospreza sua consciência, ganha mais vida na dignidade, justamente por assumir-se como é. Para nós, educadores, a educação não é um fim, mas sempre um meio para estimular as condições subjetivas, materiais e sociais para que toda pessoa possa sonhar e conquistar sua felicidade. Para que a felicidade aconteça, é claro, sempre é preciso muita coragem para viver e lutar por nossos direitos e nossa dignidade.

* Nei Alberto Pies é professor. Artigo publicado em neipies.com

Fonte: Revista Missões

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