Thácio Siqueira *
No dia 24 de novembro desse ano comemoramos 1 ano da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium do Papa Francisco. Nela, o santo padre recolheu os trabalhos do sínodo dedicado à nova evangelização para a transmissão da fé, celebrado de 7 a 28 de outubro de 2012, no Vaticano.
Com um ano de distância, porém, podemos notar que essa exortação tem sido um verdadeiro programa de pontificado. Ao longo dos 300 pontos do documento, o pontífice falou da sua visão da Igreja e do mundo, aprofundando em ideias que ele tem constantemente repetido em suas pregações.
Francisco exprimiu o seu "sonho com uma opção missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se transforme num canal adequado para a evangelização do mundo atual, mais do que para a autopreservação".
Massimo Introvigne, sociólogo italiano autor de O Segredo do Papa Francisco (Milão, 2013) e pai da teoria do "efeito Francisco", disse no ano passado à ZENIT que o papa já trouxe de volta à Igreja fiéis que estavam afastados.
“Vamos olhar para o título: ele fala de evangelização e de alegria. O papa repete: todos devem evangelizar. Com este documento, que é verdadeiramente histórico, a Igreja passa para uma etapa que, em inglês, é chamada de evangelical, na qual não se foca na administração dos fiéis que vão à missa, mas na capacidade de buscar e de converter aqueles que não vão à igreja”, disse Introvigne em entrevista à Zenit.
Entre os muitos aplausos recebidos no mundo, a exortação apostólica Evangelii Gaudium, do papa Francisco, recebeu também em 2013 o "interesse e apreço" do Conselho Ecumênico das Igrejas (WCC, na sigla em inglês), que a qualificou como "um documento desafiador e estimulante".
Conforme relatado pela mesma Rádio Vaticano, o secretário geral do WCC, o pastor norueguês Olav Fykse Tveit, declarou: "A exortação apostólica é mais do que apenas um texto que transmite a mensagem do sínodo sobre a evangelização. Ela aborda a necessidade de renovação da Igreja em todos os níveis, do ponto de vista do chamado a ser uma igreja em missão, usando um tom aberto e ao mesmo tempo desafiador e estimulante".
Por outro lado, o Rabino David Rosen, diretor para assuntos inter-religiosos do Comitê Judaico Americano, declarou também em 2013 a sua apreciação pelas partes dedicadas ao diálogo inter-religioso, em particular nas relações com o judaísmo. "A ênfase dada à importância dos valores do judaísmo para os cristãos - disse Rosen - é particularmente importante para a evolução nas relações entre a Igreja Católica e o povo judeu". De acordo com o rabino, que já se encontrou quatro vezes com o papa Francisco, desde a sua eleição em março, a referência à importância do diálogo inter-religioso para a promoção da paz e para aprender a aceitar os outros e as diferenças, é um "incentivo eficaz para um maior respeito e harmonia em nosso mundo".
Afirmar simplesmente que o papa Francisco não priorizou no seu pontificado a questão doutrinária ou moral, e contrapô-lo, assim, ao Papa Bento XVI é um erro grande. O mesmo cardeal Dom Raymundo Damasceno, em entrevista a ZENIT, dizia: “Quanto aos temas morais, o Papa Francisco tem dado uma abordagem mais propositiva sem, contudo, mudar a doutrina da Igreja.”, esclareceu o cardeal.
Num mundo marcado pelo relativismo, disse Dom Raymundo: “Devemos lembrar das palavras de Cristo aos seus apóstolos: “quem vos escuta, a mim escuta.” (Lc 10,16). Por isso, os fiéis devem receber com docilidade os ensinamentos e as diretrizes que o Papa e os Bispos lhes dão sob diferentes formas”, afirmando que o católico não só pode, como deve confiar no Papa Francisco.
Portanto, o Papa Francisco tem seguido fielmente a inspiração do Espírito Santo para o seu pontificado. Escreveu um programa de pontificado com a Evangelii Gaudium e o cumpriu brilhantemente, demonstrando que essa exortação estava mais no seu coração do que em suas letras ou escritos. Não se contrapôs a nenhum dos seus predecessores, e mais ainda, reconquistou para Cristo muitos católicos que estavam afastados da Igreja.
Fonte: www.zenit.org