Cilto José Rosembach *
Vivemos numa época muito importante na Igreja, iniciamos este ano pastoral de 2013 com a Campanha da Fraternidade sobre a juventude, o ano da fé, a Jornada Mundial da Juventude, entre outras datas igualmente importantes. Vou me ater a questão da Campanha da Fraternidade. Há possibilidade da Campanha "bombar", como falam os jovens.
Quando se fala de juventude, o documento 81 sobre juventude da (CNBB), fala que a juventude é boa, basta dar oportunidade, acompanhar e qualificar. Isto nos enche de esperança e responsabilidade.
O lema da Campanha é "Eis-me aqui, envia-me!" (Is 6,8). Do ponto de vista da evangelização o lema significa jovem evangelizando jovem. Isto não quer dizer que se deva largar tudo na mão do jovem e dizer te vira, mas também não se deve fazer no lugar dele, e sim, motivá-lo e acompanhá-lo. Um exemplo que ajuda a compreender esse processo é a comparação com a função do técnico de futebol ou de outra modalidade esportiva: o técnico não joga, mas, ele motiva, orienta, acompanha e avalia.
Vivemos um período na sociedade brasileira que ainda temos um percentual expressivo de jovens com idade entre 15 a 29 anos. São 47 milhões, ou seja 25% da população brasileira. Trata-se de um tempo em que provavelmente temos o maior percentual juvenil em nosso país, pois sabemos que a sociedade brasileira está envelhecendo. Daí a preocupação com a evangelização dos jovens. Quem dará continuidade às comunidades? Quem será e como será a liderança no futuro próximo?
Não se pode pensar que os jovens estão alheios a questão religiosa, da espiritualidade, da busca de algo que os fortalecem e animam na caminhada da vida. Há muitos talentos que precisam ser desenvolvidos, quem sabe descobri-los juntos e colocá-los a serviço da vida na família, na sociedade e na comunidade.
Na era digital, não se pode ignorar as mídias sociais digitais, é nelas que precisamos estar com linguagem adequada para chegar com uma mensagem apropriada sobre Jesus Cristo, comunidade, nossa Senhora, sobre Deus, relacionamento humano, meio ambiente e profissões, por exemplo.
O jovem hoje é plural, há diversas formas de organização juvenil, seja nas igrejas, nas cidades - no centro e periferias-, estudantil, por afinidades culturais, de produção, de trabalho, lazer, práticas esportivas e por ai vai. Este jovem recebe uma carga de informações que lhe dificulta fazer uma síntese. O que fazer com um volume enorme de informações e opiniões, às vezes contraditórias, sem credibilidade. Navegar neste mar de informações e tempestade de opiniões nem sempre é fácil.
Por onde começar? Ora, ninguém tem a receita pronta, ela pode ser formatada aos poucos com a participação da juventude. Intuo que se deva lançar a semente, (Lc. 8, 4-15) e iniciar com um pequeno grupo, formá-lo para que seja fermento na massa, como nos lembra o texto bíblico (Lc.13,8-21).
Não se pode pensar "que a minha juventude foi melhor ou pior". Certamente há grandes diferenças em muitos aspectos. Mas o que se pode dizer que são épocas diferentes e daí juventudes diferentes. Penso que o tema sobre a juventude levará os adultos a pensar na juventude de hoje e refletir também a juventude vivida. Para muitos será uma revisita ao seu tempo juvenil.
O tema sobre a juventude fora tratado com muito carinho na campanha da fraternidade há 21 anos, em1992, e agora que estamos chegando aos 50 anos da Campanha da Fraternidade, volta-se ao tema, com a preocupação e desejo de evangelização da juventude, com o apelo do lema: Eis -me aqui, envia-me ! (Is 6,8). Por isso é preciso olhar a realidade da juventude, compreender a riqueza e a diversidade, os desafios, potencialidades e propostas... Daí o objetivo da campanha deste ano: acolher os jovens no contexto de mudança de época, propiciando caminhos para seu protagonismo no seguimento de Jesus Cristo, na vivência eclesial e na construção de uma sociedade fraterna, fundamentada na cultura da vida, da justiça e da paz. Parece-me que o verbo acolher é a porta de entrada para este momento e o segundo verbo é dialogar com o jovem.
Está lançado mais um desafio que não se encerra com a Campanha da Fraternidade, dará continuidade em preparação para a missão jovem nas comunidades, com a jornada mundial da juventude e será um desafio para a Igreja e a sociedade, principalmente para quem deseja trabalhar com a pastoral juvenil. Um bom trabalho para todos(as).
* Cilto José Rosembach é Pároco da paróquia Santa Rita de Cássia, Vila Progresso, Região Episcopal Brasilândia, Arquidiocese de São Paulo-SP, comunicador popular, radialista e assessor da Pastoral da Comunicação-Pascom.
Fonte: Cilto José Rosembach / Revista Missões