Ano da Fé

Maria Regina Canhos Vicentin *

Li com interesse a Carta Apostólica "Porta Fidei" do Sumo Pontífice Bento XVI, com a qual proclama o "Ano da Fé", que teve início em 11 de outubro de 2012, no cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II e comemoração dos vinte anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica, e terminará em 24 de novembro de 2013, na Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo. Nela, o Papa nos lembra "a necessidade de redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo". Ele reconhece a "profunda crise de fé que atingiu muitas pessoas", e nos orienta a "readquirir o gosto de nos alimentarmos da Palavra de Deus" e do "Pão da Vida", referindo-se à Eucaristia.

Bento XVI expressou sua concordância com Paulo VI no sentido de que os "conteúdos essenciais, que há séculos constituem o patrimônio de todos os crentes, necessitam de ser confirmados, compreendidos e aprofundados de maneira sempre nova para se dar testemunho coerente deles em condições históricas diversas das do passado". Segundo o Sumo Pontífice, "a renovação da Igreja realiza-se também através do testemunho prestado pela vida dos crentes", que "são chamados a fazer brilhar, com a sua própria vida no mundo, a Palavra de verdade que o Senhor Jesus nos deixou".

O "Ano da Fé" apresenta dois objetivos centrais que se intercomunicam. O primeiro deles é a renovação da Igreja por meio de uma "autêntica e renovada conversão ao Senhor"; e o segundo é uma nova evangelização, através de um "empenho eclesial mais convicto", "para descobrir de novo a alegria de crer e reencontrar o entusiasmo de comunicar a fé"; "só acreditando é que a fé cresce e se revigora". O mesmo amor do Pai que nos ampara com a fé e nos suscita a conversão, impulsiona à evangelização.

A proposta é que neste "Ano da Fé" possamos refletir sobre a fé, ajudando "todos os crentes em Cristo a tornarem mais consciente e revigorarem a sua adesão ao Evangelho". Confessar a fé publicamente também é um dos propósitos deste "Ano da Fé", e fazê-lo com "renovada convicção, com confiança e esperança". Celebrar a fé na liturgia, especialmente na Eucaristia, assegurando a força necessária para se efetivarem as ações da Igreja. E por fim, espera-se ainda que "o testemunho de vida dos crentes cresça na sua credibilidade".

Bento XVI assinala "que a fé implica um testemunho e um compromisso públicos", e para se chegar a um "conhecimento sistemático da fé" recomenda o Catecismo da Igreja Católica como "subsídio precioso e indispensável", principalmente àqueles que têm ao seu encargo a formação dos cristãos. O Papa nos convida a repassar a história da nossa fé, observando o "mistério insondável da santidade entrelaçada com o pecado", e sinaliza para a necessidade de uma "sincera e contínua" conversão.

O "Ano da Fé" também é apontado por Bento XVI como momento propício para "intensificar o testemunho da caridade", reconhecendo nos semelhantes "o rosto do Senhor". Ele nos recorda a exortação de Paulo a Timóteo para que "procure a fé" (cf. 2 Tm 2, 22) com a mesma frequência de quando era novo (cf. 2 Tm 3, 15), convidando-nos a não nos tornar indolentes na fé, já que ela "obriga cada um de nós a tornar-se sinal vivo da presença do Ressuscitado no mundo".

Maria Regina Canhos Vicentin (e.mail: contato@mariaregina.com.br) é escritora.

Fonte: www.mariaregina.com.br

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