Luz na prisão

Maria Regina Canhos Vicentin *

Atualmente, o Brasil possui a quarta maior população carcerária do mundo; cerca de quinhentos mil presos. O número de mulheres encarceradas dobrou nos últimos dez anos, a maioria por participação em assaltos e envolvimento no tráfico de drogas. É uma parcela significativa da população, e que aumenta a cada dia. Além disso, a prisão de alguém mobiliza não só a pessoa em si, mas também a sua família, e, por que não dizer, a sociedade como um todo. São números que precisam ser analisados. Não podemos ficar indiferentes a esses dados alarmantes. Algo precisa ser feito para que exista uma conscientização em relação à prática delituosa: o que leva alguém a praticar um crime, os efeitos disso na pessoa, como se libertar dessa situação... Tudo isso pode ser apresentado como reflexão para o preso, sua família e demais interessados. Pensando nisso foi que surgiu, numa iniciativa inédita: Luz na prisão, um livro destinado aos encarcerados.

A obra, que conta com o prefácio do desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Antonio Carlos Malheiros, e passou pela revisão doutrinária de Bonifácio Hartmann, sacerdote da Ordem Premonstratense e de Raul Suzin, frade da Ordem dos Capuchinhos, tem o intuito de mostrar à pessoa em conflito com a lei como a tendência ao crime foi se delineando em sua psique, e de que forma pode proceder para reverter essa situação, buscando uma vida melhor.

Ninguém está livre da possibilidade de cometer delitos. Muitos há que os praticam e não são surpreendidos. Outros são condenados por crimes que não praticaram. Diversos continuam impunes por ausência de provas. O mundo contempla inúmeras desigualdades sociais. Quem tem dinheiro pode custear bons advogados e, com maior probabilidade, livrar-se do cárcere; mas quem não dispõe de recursos financeiros quase sempre está sujeito à própria sorte, amargando por vezes a sentença condenatória. Políticos vivem envolvidos em escândalos, mas raramente são presos. Alcoolistas, prostitutas, pobres e negros são abordados constantemente em revistas policiais e, portanto, estão mais sujeitos às apreensões. É uma realidade brasileira. Uma realidade que precisa mudar!

O uso e consumo de substâncias entorpecentes vem alterando a feição dos nossos encarcerados. Hoje, até mesmo integrantes de famílias relativamente estruturadas ingressam na criminalidade levados pelo vício e comércio das drogas. Pessoas perdem sua saúde e dignidade, geram crianças doentes, e participam de negociações escusas. Não conseguem sair de onde não deveriam ter entrado. Precisam compreender o processo que leva à prática de ações delituosas. Isso pode ser feito analisando-se exemplos dos que trilharam esse caminho e servindo-se de orientações de quem trabalhou vários anos com pessoas em conflito com a lei. Testemunhos dos que atravessaram a provação e saíram vencedores também servem de motivação para quem deseja tomar um novo rumo. Tudo isso você vai encontrar na obra, Luz na prisão. Um livro escrito com muito amor para todo aquele que vivencia a experiência do cárcere em sua vida. Lançamento em 22 de outubro (segunda-feira), às 19:00 horas, no auditório do SENAC - Jaú (SP).

* Maria Regina Canhos Vicentin (e.mail: contato@mariaregina.com.br) é escritora. Acesse e divulgue o site da autora: www.mariaregina.com.br

Fonte: www.mariaregina.com.br

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