Ano Jubilar: sentido de conversão, penitência, reparação

Certo dia, o Papa Francisco administrou o Sacramento da Unção dos Enfermos e o Viático a um idoso, que lhe chamou a atenção: “A minha vida passou voando”. Não esperemos ficar idosos para perceber essa realidade, “a vida voa, acaba”.
Por Diácono Adelino Barcellos Filho

Prosseguiu o Papa “a Vida é um dom do Amor infinito de Deus, mas é também um tempo de verificação do nosso amor, por Ele. Portanto, cada momento, cada instante da nossa existência é *um tempo precioso, para Amar a Deus e para Amar o próximo, e assim, entrar na Vida Eterna*”.

Muitas vezes tenho repetido que, ‘a minha condição de pecador não me dá o direito de pecar’, sei que pode até causar algum questionamento e indignação, contudo, é o simples cumprimento da ordem do Senhor “Eis que ficaste são; já não peques, para não te acontecer coisa pior” (João, 5); voltar ao mesmo pecado é não estar convertido.

Conversão é algo concreto. Viver e se manter na Graça Santificante recebida no Santo Batismo. Você sabe o dia em que você foi batizado? Começo da sua história de Vida Eterna? Os Santos não são aqueles considerados “bons camaradas”, os Santos e Santas são pessoas convertidas, crescem na Firmeza de Caráter, com o firme propósito de não mais pecar.

Contudo, pode ser que os pecados anteriores cometidos ainda necessitem de mais conversão - penitência - reparação. Esta tríade é importantíssima para cada católico e/ou cristão, que já esteja no processo desejado por Deus, não retornar ao pecado, e sim,  como aqueles que desejam retornar à Casa do Pai. A Porta está aberta.

O Jubileu de Esperança é essa Convocação para buscar a Misericórdia e a Redenção, enquanto há tempoQuanto tempo você tem? Quanto tempo lhe resta? Eu não sei, você não sabe (“Quanto àquele dia e àquela hora, ninguém o sabe, nem mesmo os Anjos do Céu, mas somente o Pai” - Mateus 24).

Uma coisa é certa, a Palavra, as Sagradas Escrituras, a Tradição e o Magistério nos oferecem a estabilidade necessária, ao tempo da Conversão, do Descanso em Deus; um tempo para entrarmos numa relação mais íntima com Deus, consigo mesmo, com o outro, com a criação, com a Casa Comum.

Desde os primórdios existem inúmeros motivos, para a valorização de “anos jubilares”, por exemplo, ‘cerimônia pública celebrada a cada cinquenta anos, durante a qual os escravos eram libertados, as dívidas perdoadas’. O jubileu, na Torá, é o ano seguinte a uma "semana de semanas" de anos.

Assim como ‘o sábado é o descanso semanal das pessoas e dos animais, a terra também tem o seu sábado: seis anos são para a semeadura, mas o sétimo ano é de descanso’. Mais especificamente no Livro de Levítico, há um apontamento ao aprofundamento da vivência de um Ano Jubilar: “Neste ano jubilar, voltareis cada um à sua possessão (autodomínio, controle dos atos tendenciosos); Ninguém prejudique o seu próximo.

Teme o teu Deus. Eu sou o Senhor, vosso Deus; Obedecereis às minhas leis; guardareis os meus preceitos e os cumprireis, a fim de habitardes em segurança na terra.” (25). Para realizar este ideal de direito à terra como direito à vida, Levítico 25,23-24 estabelece princípios fundamentais, como: ‘não vender a terra para sempre, para evitar o empobrecimento; visto que a terra pertence a Deus, ela é um bem sagrado; os seres humanos são inquilinos e não proprietários na terra’.

O Ano Jubilar é também um chamado à peregrinação, um gesto que une o corpo e o espírito em busca do Sagrado, não como turista; mas sim, buscar a renovação interior e o compromisso com a transformação pessoal e social, Amor exigente, que vai precisar de renúncia à comodidades, para que de boa vontade atinja um objetivo ou meta (penitência). Só os convertidos irão se Salvar.

Durante o Jubileu, os fieis têm a oportunidade de receber a indulgência plenária, ou seja, a remissão total de seus pecados. A Bula Papal ‘Spes non confundit’ esclarece que“o pecado, como sabemos por experiência pessoal, «deixa a sua marca», traz consigo consequências: não só exteriores, como consequências do mal cometido, mas também interiores”. E ainda que, ”todo o pecado, mesmo venial, traz consigo um apego desordenado às criaturas, o qual precisa de ser purificado, quer nesta vida quer depois da morte, no estado que se chama Purgatório». [18]

Assim, na nossa débil humanidade atraída pelo mal, permanecem «efeitos residuais do pecado». São retirados pela indulgência, sempre por Graça de Cristo, o qual, como escreveu São Paulo VI, é «a nossa “indulgência”».” A Penitenciaria Apostólica já providenciou as orientações necessárias, para você poder obter e tornar efetiva a prática da Indulgência Jubilar e para isto, consulte as Instituições Católicas e os Órgãos de Comunicação Católicos, paroquiais.

Uma experiência repleta de perdão não pode deixar de abrir o coração e a mente para perdoar. Perdoar não muda o passado, não pode modificar o que já aconteceu; no entanto, o perdão nos permite mudar o futuro e viver de forma diferente, sem rancor, ódio e vingança. O futuro iluminado pelo perdão permite ler o passado com olhos diversos, mais serenos, mesmo que ainda banhados de lágrimas de arrependimento.

O que a indulgência plenária faz, é eliminar a necessidade da pena temporal no purgatório, devolvendo a Alma ao estado de pureza do dia do Batismo. Dito de outra forma: se um fiel morresse logo após receber a indulgência plenária, iria diretamente para o Céu. Recomeçar é dizer ainda sim a vida / e então voar na Liberdade […] já não tem medo ver […] Recomeçar é acreditar no Amor / é sentir que até mesmo na dor a Alma pode cantar / sem nunca mais parar. (Gen Rosso - Ricominciare).

‘Ó Senhor Jesus Cristo, dai-me a paciência suficiente para suportar as longas esperas, para me adaptar aos imprevistos, para perseverar diante dos desgostos, para suportar quem me incomoda, para conviver com os meus limites. Dai-me a coragem necessária para exprimir as minhas convicções, para enfrentar a insensibilidade, para lutar contra as tentações, para enfrentar a adversidade, para crer naquilo que é possível. Dai-me a Sabedoria indispensável para ponderar com equilíbrio, para orientar com discrição, para valorizar as coisas simples, para acolher o mistério de cada dia e confiar em vossa Providência.’  Amém.

Virgem Maria, Mãe e Senhora da Esperança, tua Alegria era fazer a Vontade do Pai. Tua Vida era estar atenta às necessidades dos outros. Intercede por nós, Peregrinos de Esperança!

Fonte: Vatican News

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