Mulher: agente de mudança

Maria Regina Canhos Vicentin *

O mundo precisa de mulheres que ensinem aos homens como tratá-las com respeito.

Há muito, muito tempo atrás, o Senhor Deus criou o mundo e se alegrou, pois viu que tudo era bom. Criou o homem à Sua imagem e semelhança, mas percebeu que, mesmo assim, ele parecia não estar satisfeito. Então, o Senhor Deus que desde o início amou profundamente o homem, decidiu que não era bom ele ficar só, e quis que tivesse uma ajuda que lhe fosse adequada. Assim, o Senhor Deus tomou uma de suas costelas e fez a mulher, que colocou junto dele. O homem viu que a mulher era osso de seus ossos e carne de sua carne, motivo pelo qual ficou repleto de admiração (Gn 2, 18-23).

O fato de ter sido gerada através de uma costela de Adão erroneamente levou muitos a imaginarem a sujeição da mulher ao homem, quando na rea-lidade o Senhor quis dar a ele uma companhia similar, um par. Já ouvi dizer que se Deus desejasse que a mulher fosse submissa ao homem a teria constituído de uma parte de seus pés, assim como se desejasse que fosse superior a ele, teria usado parte de sua cabeça. Entendo que o Senhor Deus os vê como iguais, de mesma estatura e, portanto, moldou Eva a partir de uma costela de Adão. Tal, entretanto, passou a ser compreendido e aceito apenas de alguns anos para cá.

Instigada pelo tentador, Eva perde o paraíso e é apontada como pedra de tropeço, quando na realidade, tanto ela quanto Adão comem do fruto proibido com consentimento próprio; o que, por si só, revela mais semelhança que diferença entre ambos.

Ao longo dos anos a mulher assumiu diversas facetas, inclusive a de mãe do próprio Emanuel - Deus Conosco, que de tanto amar a criatura desejou compartilhar sua experiência humana.

Submissão e transformação
Sabemos que a mulher foi discriminada por muito tempo. Não tinha voz. Não tinha vez. Vivia sujeita ao poderio do homem que a tiranizava, perdendo assim a liberdade e, muitas vezes, a autonomia sobre seu próprio corpo, sendo abundantes os registros históricos de venda de mulheres, como se fossem mercadorias.

A despeito dos avanços na consolidação dos direitos da mulher, ainda existe grande desigualdade em comparação com o homem, principalmente no acesso à educação e empregos com alta remuneração, além da violência física e psicológica a que a mulher está sujeita diuturnamente.

Em pleno século XXI, ainda assistimos estarrecidos a inúmeros atos de violência que afetam a vida de milhares de mulheres, causando-lhes prejuízos por vezes irreversíveis do ponto de vista físico, mental e emocional. Tal situação motivou a promulgação da lei que ficou conhecida como "Maria da Penha", em setembro de 2006, e que se destina a punir mais severamente os agressores dos delitos domésticos, assegurando à mulher uma assistência mais eficiente e a salvaguarda de seus direitos. Interessante notar que a mulher, vítima de preconceito e violência durante tantos anos, é quem foi destinada a parir e educar o homem. Assim, tal sugere que ela vem perpetuando o olhar distorcido sobre si mesma, ficando refém de sua própria criação. Isso precisa mudar!

O mundo precisa de mulheres cientes de seu valor, sensíveis, humanas, perseverantes, dispostas e amorosas. Agentes de mudança. Mulheres que ensinem aos homens como tratá-las com carinho e respeito. n

* Maria Regina Canhos Vicentin - psicóloga e escritora. Autora de Estações da Vida entre outros - www.mariaregina.com.br

Publicado na revista Missões, N. 02 - Março 2012.

 

Fonte: Revista Missões

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