Novo cardeal brasileiro: Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre

Papa nomeia cardeal o arcebispo de Porto Alegre.

Por Osservatore Romano

Voz influente na Igreja do Brasil e de toda a América Latina, sendo presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Episcopal Latino-americano e Caribenho (CELAM), o franciscano Jaime Spengler é o segundo arcebispo de Porto Alegre que recebe a púrpura.

A sua constante atenção pela ecologia e pela crise climática é o resultado de uma sensibilidade amadurecida na “escola” do Pobrezinho de Assis, numa terra a braços com problemáticas relativas a salvaguarda ambiental.

Nascido a 6 de setembro de 1960 em Gaspar, diocese de Blumenau, no Estado de Santa Catarina, filho de pai eletricista e mãe dona de casa, é o mais velho de quatro irmãos. Antes da vocação ao sacerdócio, trabalhou durante cinco anos numa indústria têxtil, ocupando vários cargos de responsabilidade.

Após o postulantado com os Frades Menores em Guaratinguetá, em 1981, e o noviciado em Rodeio, no ano seguinte, concluiu os estudos de Filosofia no Instituto São Boaventura, em Campo Largo. Em 1985, emitiu a profissão perpétua e continuou a formação no Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis (1986-1987) e no de Jerusalém (1987-1990), onde obteve a licenciatura em Sagrada Escritura.

A 29 de junho de 1989 foi ordenado diácono em Nazaré e a 17 de novembro de 1990 sacerdote dos Frades Menores na sua cidade natal, por Dom Quirino Adolfo Schmitz, bispo emérito de Teófilo Otoni. No mesmo ano, ocupou-se da formação das novas gerações de franciscanos no postulado de Guaratinguetá, onde também foi vigário paroquial, e no noviciado de Rodeio. Formado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Antonianum, em Roma, em 1998, ao retornar à pátria foi professor do Instituto de Filosofia São Boaventura, em Campo Largo, Curitiba, de 2000 a 2003, ocupando também os cargos de vice-reitor e vice-presidente da Associação franciscana de Ensino Senhor Bom Jesus e guardião do convento local.

Assistente espiritual da Federação Brasileira das Irmãs Concepcionistas, de 2001 a 2002, foi enviado para a Arquidiocese de Curitiba, como superior local e vigário paroquial do Senhor Bom Jesus (2004-2006).

A 10 de novembro de 2010, foi nomeado bispo titular de Patara e auxiliar de Porto Alegre por Bento XVI, recebendo a ordenação episcopal em 5 de fevereiro de 2011, na Paróquia de São Pedro Apóstolo, em Gaspar, pelo núncio apostólico Lorenzo Baldisseri. “In Cruce gloriari” («para se Gloriar na cruz») foi o lema episcopal escolhido, tirado de uma passagem da Carta aos Gálatas.

Nomeado vigário episcopal para a região de Gravataí, na arquidiocese de Porto Alegre, é membro da comissão pastoral para os ministérios ordenados e a vida consagrada da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil desde 2011, tornando-se presidente da mesma comissão em 2015. No seio da CNBB, foi responsável pela subcomissão para a vida consagrada e presidente da comissão de presbíteros da Região Sul 3, correspondente ao estado do Rio Grande do Sul.

Foi promovido à Sé metropolitana de Porto Alegre pelo Papa Francisco em 18 de setembro de 2013, sucedendo a Dom Grings, que esteve à frente da arquidiocese por doze anos. Segundo pastor da capital Rio Grande do Sul a receber a dignidade de cardeal — depois de Alfredo Vicente Scherer (1903-1996), em 1969, por Paulo VI — Spengler foi nomeado, em 29 de março de 2014, membro da então Congregação para os Institutos de vida consagrada e as sociedades de vida apostólica e, no ano seguinte, em abril, presidente quer da comissão para os ministérios ordenados e a vida consagrada da CNBB, quer da Região Sul 3, para o quadriênio 2015-2019.

No Sínodo dos bispos, participou na XV Assembleia Geral ordinária, em 2018, e da Primeira (2023) e Segunda sessão (2024) da XVI Assembleia. Em maio de 2019, foi eleito primeiro vice-presidente da CNBB. Nessa condição, atuou como referencial do Pontifício Colégio Pio Brasileiro, em Roma, e da Região Sul 3 para a vida consagrada e os ministérios ordenados, e como vice-presidente da comissão especial para o acordo Brasil-Santa Sé.

Em 2020, criou uma comissão na Arquidiocese de Porto Alegre para prevenir e combater o abuso sexual contra crianças, adolescentes e pessoas vulneráveis, para implementar as disposições do “motu proprio” Vos Estis lux mundi promulgado pelo Papa Francisco em maio de 2019 e atualizado em março de 2023.

Em 2021, durante a pandemia, denunciou a grave crise resultante da propagação da variante brasileira da Covid-19, responsável por centenas de milhares de mortes no estado sul-americano.

A 24 de abril de 2023, foi eleito para um mandato de quatro anos como presidente da CNBB, durante a 60ª Assembleia geral realizada em Aparecida, e em maio, para o mesmo mandato, também do Conselho episcopal latino-americano (CELAM), sucedendo ao arcebispo peruano D. Héctor Miguel Cabrejos Vidarte.

É membro dos Dicastérios para os Institutos de vida consagrada e as sociedades de vida apostólica e para o Culto divino e a Disciplina dos Sacramentos.

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