Chuvas no RS: mais de 8 mil indígenas foram afetados

Muitas das aldeias, distribuídas em 50 municípios gaúchos, foram totalmente destruídas.

Por Redação da Revista Movimento
Foto: Roberto Liegbott/Cimi

As enchentes no Rio Grande do Sul impactaram aproximadamente 8 mil pessoas pertencentes a 80 comunidades indígenas localizadas por diversas regiões do estado. O dado foi divulgado pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), juntamente com um levantamento realizado por diversas associações. Os estragos causados incluem a devastação de aldeias devido às enchentes, a necessidade de evacuação de pessoas e o isolamento provocado pelos danos nas estradas.

De acordo com um levantamento conjunto realizado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Comissão Guarani Yvyrupa (CGY) e outras entidades indigenistas, as comunidades mais afetadas pertencem aos povos Guarani Mbya, Kaingang, Xokleng e Charrua, distribuídas em cerca de 50 municípios do Rio Grande do Sul. Seis comunidades guaranis localizadas na região metropolitana de Porto Alegre estão entre as mais afetadas pela catástrofe climática.

“A chuva estragou bastante coisa nas aldeias. As pessoas perderam as casas, os colchões, talheres, panelas. Perderam tudo. As aldeias ficaram debaixo de água”, contou o cacique Helio Fernandes, da aldeia guarani Guyra Nhendu, localizada em Maquiné, no litoral norte.

Segundo o líder, moradores de três aldeias guaranis em Viamão, além de comunidades em Barra do Ribeiro, Eldorado do Sul e Porto Alegre (na área de Belém Novo), tiveram que sair da área e foram abrigados em escolas.

“Eles não conseguem retornar para as aldeias porque foi tudo destruído lá. Um mês atrás também teve outra enchente que levou as casas”, contou Fernandes.

Integrante da Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpinsul), Marciano Rodrigues diz que muitas das aldeias atingidas ficam em áreas não demarcadas e não carecem de estrutura adequada. Assessor jurídico da Comissão Guarani Yvyrupa, Verá Rodrigo acrescenta que uma campanha de arrecadação de donativos está sendo realizada para atender aos povos indígenas afetados pelas chuvas.

“A gente fez o mapeamento [das comunidades afetadas] e está tentando, na medida do possível, contemplar com cestas básicas, itens de cozinha, colchões, cobertores, já que algumas tekoa [aldeias] perderam tudo”, ressalta Rodrigo. “No momento, o que a gente tem conseguido, a gente tem feito. Mas o dificultador é o isolamento dos municípios afetados”.

Roberto Liebgott, missionário do Cimi, diz ser necessário garantir o apoio dos governos e da Defesa Civil para permitir que a ajuda chegue aos locais mais isolados.

“Todas aquelas comunidades indígenas que tinham uma certa reserva alimentar, nessa semana já consumiram. Então passou a haver necessidade de entrega imediata de cestas básicas, coisa que as organizações da sociedade civil não têm condições de fazer por falta de material e de recursos. Não temos [a capacidade] logística”, afirma Liebgott. “Nós temos o estado todo fatiado, não se consegue ir de um lugar para outro. Só as forças de estado conseguem se locomover, através de barco ou via aérea”.

Em nota, a Funai informou que tem trabalhado para integrar as instituições públicas e tentar incorporar as questões das comunidades indígenas nos planos de trabalho e ações dos municípios, estado e governo federal.

“Quando houver esse planejamento das instituições, é necessário considerar as especificidades dos povos indígenas que vivem tanto na área rural quanto no contexto urbano”, afirmou a presidente da Funai, Joenia Wapichana, por meio da nota.

Para ajudar

As doações podem ser feitas para:

Banco do Brasil
Agência: 0321-2
Conta Corrente: 128891-1
Cimi Regional Sul

Outras informações sobre como ajudar podem ser obtidas no site do Cimi.

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