Não à estrada em TIPNIS(Bolívia)! Não à hidrelétrica de Belo Monte!

Egon Dionisio Heck *

Noticia silenciada. Depois de percorrer 600 quilômetros a marcha indígena chegou a La Paz. Muito sofrimento, enfrentando repressão armada, incompreensão, cansaço! Vitoriosa, os marchantes se acampados em frente ao Palácio presidencial, na praça Murilo, aguardam uma audiência com o presidente Evo Morales. Este, ao atender a demanda indígena de não construir a estrada que cortaria o Território Indígena e parque, disse "para mim isso é governar obedecendo o povo".

As previsíveis consequências desastrosas para os povos indígenas e o meio ambiente resultou na desistência da obra em seu traçado original. "A construção da estrada feria os direitos fundamentais dos povos indígenas , como o de livre determinação. Não foi feita uma consulta aos povos Indígenas, mas a marcha de mais de dois meses é a expressão dessa rejeição. O desenvolvimento tem sido quase igual à morte ou ao desaparecimento dos povos Indígenas - disse Carlos Candori, do Centro de Estudos Multidisciplinar Aimará. ( O globo, 22-10-11)

Parece que o desenvolvimentismo do governo brasileiro não tem a mesma sensibilidade. As inúmeras manifestações e clamores dos povos indígenas e setores atingidos pela projetada hidrelétrica parecem encontrar ouvidos moucos, numa clara demonstração de que "governar é afrontar o povo, em detrimento do grande capital!"

Certamente o governo de Evo saiu chamuscado por subestimar a férrea decisão indígena em defender seus direitos, e os direitos da Mãe Terra. Mas também teve a honradez de reconhecer o erro e pedir perdão à população indígena em marcha.

Em comunicado, o Conselho Continental Guarani, cujo presidente, Celso Padilha esteve entre os que foram presos, repudiam a violência contra os povos indígenas em marcha e luta pelos seus direitos e os direitos da mãe terra. Pedem ao governo boliviano que respeite os direitos humanos e garantam aos indígenas a integridade de seus territórios.

Não à hidrelétrica de Belo Monte
Inicia hoje, em Altamira, Pará, mais um momento de intensos debates sobre a necrófila obra, que só irá atender as demandas imediatas das grandes empreiteiras e do capital devastador. Para a social democracia, tão a gosto do atual governo, o caminho é esse. Não se pergunta a que preço se forja o progresso, nem a quem mais beneficia. Falam mais alto os PIBs, a estabilidade do sistema financeiro, do bancos, das indústrias poluentes.

Antônio Apinajé, enviou um grito "Amazônia e seus povos, patrimônio ameaçado", assinado pela Associação União das aldeias Apinajé em que conclamam todos os povos indígenas da Amazônia e do Brasil e se unirem no seminário mundial contra Belo Monte "chegou o momento de nossa grande mobilização. Sintam se todos convidados para participar dessa discussão sobre esses projetos absurdos que estão ameaçando nossos rios Tocantins, Araguaia e Xingu. Grandes projetos da insanidade, que são defendidos por aqueles que pensam à Amazônia somente como um lugar de exploração ilimitada e infinita fonte de lucros. Porém nós povos indígenas, acreditamos na construção de uma nação plural e justa, caracterizada pelo respeito aos nossos direitos originários sobre nossos territórios já demarcados." Termina o texto com uma convocação ao debate e mobilização contra as hidrelétricas "Parentes indígenas da Amazônia e de todo o Brasil, participem do Seminário Mundial Contra a Barragem de Belo Monte, nos dias 25 a 27 de outubro de 2011, em Altamira-PA e vamos dizer NÃO aos projetos hidrelétricos de Belo Monte, Serra Quebrada e Santa Isabel."

Será que Dilma e seu governo desenvolvimentista terão a mesma grandeza de espirito do presidente boliviano?

* Egon Dionisio Heck. Povo Guarani Grande Povo. Cimi 40 anos, Equipe Dourados.

Fonte: Cimi MS

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