A fome, causas e remédios

Tobias Oliveira *

A sabedoria popular recorda-nos que a morte sempre teve uma desculpa, o que me leva a fazer aqui algumas considerações sobre a fome que neste momento assola o Quênia

Quais são as causas desta tragédia humana que se repete ano após ano? E quais serão os remédios? Na força da guerra não se limpam armas e portanto este é o momento de salvar o salvável e tentar distribuir o pão que livra da morte milhares de nossos irmãos e irmãs. Nós, os missionários da Consolata, assim como muitas outras instituições e organizações, estamos recolhendo e distribuindo ajudas imediatas, porque o tempo urge. Vai acontecer, porém, como tem acontecido, que passada a crise e enterrados os mortos, ninguém volta a pensar no assunto até à próxima crise.

O Quênia tem vários rios e lagos, entre os quais o lago Vitória, que é o segundo maior corpo de água doce do mundo, mas não tem um sistema nacional de armazenamento de água e de irrigação. Produzimos cereais, arroz e óleos, mas não temos estradas nem meios de transporte para uma rápida e équa distribuição. A meu ver, o que falta é a vontade política de defender, a todo o custo, os direitos dos cidadãos, começando pelo direito à vida. No jornal The Standard, de 14 de Agosto, comentava-se a presente crise partindo do famoso verso bíblico do capítulo sexto do livro dos Provérbios: "Vai ter com a formiga e observa o seu proceder". Os governantes deste país bem precisam de aprender a lição da formiga previdente.

* Tobias Oliveira é missionário da Consolata português no Quênia.

Fonte: www.fatimamissionaria.pt

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