Por Gianfranco Gaziola
1ª Consolação de Maria: a vitória da mulher e sua descendência sobre o mal (Gén. 3,15)
15 E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.
Este versículo do Livro do Génesis é considerado como o “protoevangelho”, a primeira notícia alegre e consoladora que vem do próprio Deus que, apesar da rebeldia humana ao seu ato de amor criador não abandona a humanidade ao seu destino, mas lhe oferece novos caminhos de vida e humanidade para que tome consciência de seus limites embora seja parte do próprio ato criador de Deus, seja imagem e semelhança dEle. A mulher de quem se fala é a filha de Sião, Maria a mãe de Jesus, imagem da nova Eva, mãe da humanidade que se renova e recria.
2ª Consolação de Maria: o sinal de Deus a Acaz (Is.7, 10 -14)
10 O SENHOR Deus enviou ao rei Acaz esta outra mensagem:
11 —Peça ao SENHOR, seu Deus, que lhe dê um sinal. Esse sinal poderá vir das profundezas do mundo dos mortos ou das alturas do céu.
12 Mas Acaz respondeu: —Não vou pedir sinal nenhum. Não vou pôr o SENHOR à prova.
13 Então Isaías disse: —Escutem, descendentes do rei Davi! Será que não basta vocês abusarem da paciência das pessoas? Precisam abusar também da paciência do meu Deus? 14 Pois o Senhor mesmo lhes dará um sinal: a jovem que está grávida dará à luz um filho e porá nele o nome de Emanuel.
No texto da profecia de Isaías a consolação é a jovem que está grávida e que realiza a promessa de que Deus está perto do seu povo particularmente no momento da provação. O profeta, já oito séculos antes do nascimento de Jesus anunciam que o próprio Deus se faz presente em forma humana entre seu povo para o recriar novamente.
3ª Consolação de Maria: O anúncio que o seu Deus está chegando (Is 40, 1-5.8)
1 O SENHOR, nosso Deus, diz: “Consolem, consolem o meu povo. 2 Falem carinhosamente aos moradores de Jerusalém e digam-lhes que já terminou a sua escravidão e que os seus pecados foram perdoados. Eles receberam de mim duas vezes mais castigos do que os pecados que cometeram.” 3 Alguém está gritando: “Preparem no deserto um caminho para o SENHOR, abram ali uma estrada reta para o nosso Deus passar! 4 Todos os vales serão aterrados, e todos os morros e montes serão aplanados; os terrenos cheios de altos e baixos ficarão planos, e as regiões montanhosas virarão planícies. 5 Então o SENHOR mostrará a sua glória, e toda a humanidade a verá. O próprio SENHOR Deus prometeu que vai fazer isso.” 9 Você, mensageiro de boas notícias para Jerusalém, suba um alto monte; você, mensageiro de boas notícias para Sião, entregue a sua mensagem em voz alta. Fale sem medo com as cidades de Judá e anuncie bem alto: “O seu Deus está chegando!”
O profeta Isaías pode ser considerado o profeta da consolação de Deus! Deus vem morar com seu povo, ele desce até o mais profundo de nosso ser, de nossa humanidade. Ele próprio é a consolação de seu povo, é ele que vai mudar os caminhos da história, endireitar o que está torto, colmar o que está vazio, manifestar sua glória, e tornar-nos parte da sua vida mais íntima: o amor fontal do Pai.
4ª Consolação de Maria: o nascimento de seu filho Jesus (Lc 2,1-7)
1Naqueles tempos, apareceu um decreto de César Augusto, ordenando o recenseamento de toda a terra. 2Esse recenseamento foi feito antes do governo de Quirino, na Síria.3Todos iam alistar-se, cada um na sua cidade.4Também José subiu da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à Cidade de Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de Davi, 5para se alistar com a sua esposa, Maria, que estava grávida.6Estando eles ali, completaram-se os dias dela. 7E deu à luz seu filho primogênito, e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio; porque não havia lugar para eles na hospedaria.
O nascimento de um filho gera sempre alegria para uma mãe porque algo de si se transforma em vida. Para toda a mulher o gerar é uma participação no ato gerador da Mãe Terra e por sua vez do próprio criador, e isso é fonte de grande consolação. Naquele filho que a mãe gera é renovada a história da humanidade. Maria, nova Eva ao dar à luz seu filho revive em si o ato criador e profundamente humano da paternidade e maternidade de Deus que nunca abandona a obra de suas mãos.
5ª Consolação de Maria: A profecia do velho Simeão (Lc 2,25.28 – 32)
25 Ora, havia em Jerusalém um homem chamado Simeão. Esse homem, justo e piedoso, esperava a consolação de Israel, e o Espírito Santo estava nele. * 28 tomou-o em seus braços e louvou a Deus nestes termos: 29“Agora, Senhor, deixai o vosso servo ir em paz, segundo a vossa palavra. 30 Porque os meus olhos viram a vossa salvação 31que preparastes diante de todos os povos, 32como luz para iluminar as nações, e para a glória de vosso povo de Israel”
O velho Israel que ainda mora no templo é tocado e motivado pela promessa de Deus que não deixa morrer a esperança de seu povo. Simeão, é a porção de Israel que aberto à ação do Espírito Santo acolhe e pode enxergar a luz de Deus que é colocada em seus braços. Ele pode sentir e experimentar a verdadeira consolação de Deus que é sim para o seu povo Israel, mas ao mesmo tempo para todas as nações.
6ª Consolação de Maria: fazer a vontade de Deus (Mc 3,31-35)
31Chegaram, então, seus irmãos e sua mãe; e, estando fora, mandaram-no chamar.32 E a multidão estava assentada ao redor dele, e disseram-lhe: Eis que tua mãe e teus irmãos te procuram, e estão lá fora. 33E ele lhes respondeu, dizendo: Quem é minha mãe e meus irmãos? 34E, olhando em redor para os que estavam assentados junto dele, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos. 35Porquanto, qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, e minha irmã, e minha mãe.
Quem mais do que a Mãe de Jesus fez e realizou a vontade de Deus. Certamente muitos pensam que a vontade de Deus é apenas realizar o ritualismo que as prescrições e as leis mandam. A consolação de Maria e entender que o seu filho é àquele que realiza a vontade do Pai, mesmo que os da sua própria família não entendam. Só os pequenos, àqueles que nada tem a ganhar ou perder entendem esta lógica que Jesus anuncia e isso dá consolação e os irmana com Ele que é a manifestação plena do Deus consolador no meio de seu povo. Só quem faz a vontade do Pai pode entender esta linguagem.
7ª Consolação de Maria: A mulher vestida de sol (Ap 11,19a. 12,1.5-6a.10ab)
19ª Abriu-se o Templo de Deus que está no céu e apareceu no Templo a arca da Aliança.
12,1 Então apareceu no céu um grande sinal:
uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas
5 E ela deu à luz um filho homem, que veio para governar todas as nações com cetro de ferro.
Mas o Filho foi levado para junto de Deus e do seu trono.
6ª A mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um lugar.
10ab Ouvi então uma voz forte no céu, proclamando:
"Agora realizou-se a salvação, a força e a realeza do nosso Deus, e o poder do seu Cristo".
O texto poético do Apocalipse traz-nos a consolação na sua plenitude. A mulher revestida de sol, arca da nova aliança entre Deus e a humanidade, sinal profético de cada criatura humana, ela é revestida do sol que ilumina sua vida e a vida de todo o ser humano, agora liberto e salvo pela força do Cristo, consolação que venceu o mal e transfigurando cada um e fazendo brilhar no universo a luz radiosa e fulgurante daquele Deus que se faz Emanuel, Deus que colocou a sua tenda entre nós e, entrou para sempre em nossa vida: porque palavra feita carne, expressão de um Deus Pai e Mãe que no amou e nos continua amando e que em Maria continua consolando a humanidade. Por isso ela é a Consolata, recebe a Consolação de Deus e a partilha com todos nós para que também nós a partilhemos com a humanidade.