Intenção Missionária novembro: pelas crianças que sofrem

Toda criança tem o direito de estudar, sonhar, brincar, de ser respeitada em seu lar e de desfrutar de uma infância saudável ao lado dos seus familiares.

Por Garuma Gabisa Barkesa*

Nas situações de hoje, as crianças são afetadas pela consequência das realidades que estão acontecendo no mundo todo. Nós não podemos nos esquecer que as crianças são vítimas de violências, guerras e fome. Por essas realidades, nós como religiosos temos uma responsabilidade que garante proteger a vida delas crianças ao nosso redor. Como nós sabemos, o Evangelho nos convida a ser como crianças inocentes para que possamos entrar no Reino de Deus.

Crianças não são números, são seres humanos
Em um pronunciamento em Rede Nacional, orando pelas crianças, o papa Francisco vem nos lembrar que as crianças são seres humanos com um nome, com um rosto, com uma identificação dada por Deus. Ainda nos diz que uma criança abandonada é culpa nossa.

Crianças e adolescentes da IAM reunidas na comunidade Raposa. Fotos: Joseph Mampia

Crianças e adolescentes da IAM reunidas na comunidade Raposa. Fotos: Joseph Mampia

Baseado neste relato, nos diz ainda que toda criança tem o direito de estudar, sonhar, brincar, de ser respeitada em seu lar (não sofrer violência, abuso sexual, fome etc.) e de desfrutar de uma infância saudável ao lado dos seus familiares.

Existem famílias nos dias de hoje que vivem em situações conflitantes entre os cônjuges, por diversas razões, e estas refletem sobre nossas crianças. São situações de desemprego, falta de condições de sobrevivência, desajustes de harmonia, falta de sensibilidade enfim, muitas razões conflitantes.

É escasso o tempo para conviver com os filhos

Uma descarga de informações vinda das redes sociais ocupa a mente, sem dar possibilidades de filtrar conhecimentos que se fazem necessários, para desenvolver uma sabedoria evolutiva no enfrentamento da realidade que nos cerca e muitas vezes nos sufoca.

São famílias vivendo em bases artificiais e ao primeiro confronto acabam por se desestruturar, ocasionando sofrimentos que de imediato afetam as crianças.

A partir de um ambiente abalado, os pais logo vão tentando preencher os espaços dos filhos com coisas materiais, deixando de lado a necessidade tão básica para formação do caráter psicológico da criança, que são o afeto, a atenção, o carinho e o diálogo.

E nestas frestas, vão se enraizando a necessidade desenfreada de se apegar a algo que ocupe o lugar tão precioso do amor dos pais.

E tudo pode acontecer, o vício por programas nas redes sociais, tipos de jogos alienantes, motivação à sexualidade sem censura, prática de violência sem culpa, motivação por uma vida fácil financeiramente, latrocínio e sobretudo inclui-se o mundo da dependência química como solução para uma tão sonhada felicidade, num mundo de libertinagem, uma liberdade que o aprisiona.

Assim nossas crianças e adolescentes vão correndo o risco de se tornarem delinquentes, gerar filhos sem noção da vida, dando origem a mais famílias "doentes”, a mais crianças em estado de sofrimento, sem acesso à saúde, aos direitos básicos, semelhantes à escravidão.

Francisco lamenta, pois há muitas crianças em sofrimento nestas circunstâncias, por culpa de um sistema que nós adultos construímos.

A criança que vive nesta realidade sofrível é banida em nossa sociedade com o preconceito pela diferença, pela aparência física manchada pela desnutrição, pelo nível intelectual baixo e muitas vezes o preconceito por especialidade (má formação física, Síndrome de Down, autismo, retardo mental e outras), e nossas crianças vão ficando às margens, em estado de sofrimento.

Toda criança necessita de motivação, para que se torne um adolescente ou jovem seguro, com maturidade. Para que isto possa ocorrer é necessário o direito a uma alimentação saudável, a um lar sem conflitos, a uma educação de qualidade, a uma crença superior que dê equilíbrio à vida espiritual e ao lazer que dinamiza a vida e os coloque em contato com a natureza.

Enfim, necessitam ter sentimentos de amor que os acolha em qualquer espaço em que habitem.

"A forma como nós nos relacionamos com as crianças, à medida que respeitamos a sua dignidade humana inata e os seus direitos fundamentais, mostra que tipo de adultos somos e queremos ser e que tipo de sociedade queremos construir".

* Garuma Gabisa Barkesa, imc, é professo, estudante do terceiro ano de teologia, São Paulo, SP.

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