A Paróquia São Roque Matinha dos Pretos, na arquidiocese de Feira de Santana, na Bahia, avança na conscientização e construção religiosa e social-cultural afro.
Por Pe. Ibrahim, Cássia, Maria Priscilla e Daina *
Partindo do senso comum, cultura possui sentido variado, uma instrução extensa adquirida por meio de diversos mecanismos, principalmente o estudo. De fato, a cultura vai além do que se lê, e quando falamos em cotidiano o conceito de cultura é ainda mais complexo.
Na visão antropológica, podemos definir cultura como uma rede de significados que dão sentido ao mundo que cerca um indivíduo, englobando diversos aspectos – valores, costumes, crenças, línguas dentre outros. Digamos nesse sentido, que seria impossível um indivíduo que diz não ter cultura, pois afinal, independentemente da qual seja, ninguém nasce e permanece fora de um contexto social.
Partindo disso, pretendemos elucidar um pouco sobre os projetos desenvolvidos pela Coordenação Paroquial da Pastoral Afro-Brasileira (PAB) da Paróquia São Roque – Matinha. Comunidade Quilombola – Matinha dos Pretos, na arquidiocese.
Localizada em uma Zona rural de Feira de Santana-BA, vem trabalhando na perspectiva de conscientização sobre nossos direitos e deveres enquanto povo negro, bem como, está sendo trabalhado a aceitação e aprendizados sobre o que é ser negro quilombola.
Escolas
Para concretização deste projeto, está acontecendo durante este mês de novembro entre os dias 01/11 ao dia 30/11, visitas nas escolas do Distrito da Matinha e as comunidades que a compõem (Candeal 2, Moita da Onça I e II, Olhos D’água das Moças, Candeia Grossa, Jacu, Vila Menilia, Sítio do Padre, Alto do Tanque, Ponto, Jenipapo, Alecrim Miúdo).
A escola é um dos maiores influenciados neste processo de conscientização e em diálogo com as diretoras a maioria concorda com a proposta que já existe no currículo deles. Essa parceria é para fortalecer essa reflexão.
Cinema na praça
No dia 01 de novembro de 2022, tivemos o primeiro cinema da praça São Roque. O filme: “Estrelas Além do Tempo” veio, como afirmação de que podemos quebrar nossos obstáculos e alcançar nossos objetivos mesmo com adversidades.
Além da estrutura não favorecer muito pela questão do frio e das luzes da praça, a participação e o feedback da parte dos participantes foi muito positiva e já pedindo para mais.
A equipe coordenadora da Pastoral Afro junto com a Pascom trabalha para alegrar o momento com pipoca e suco a um preço simbólico de um (1) real.
Nos núcleos
As treze (13) comunidades da nossa paróquia são divididas em três (3) núcleos para facilitar formações e momentos de encontros celebrativos. Para melhor reflexão nesse mês da consciência negra dividimos atividades nos primeiros três fins de semana para os núcleos.
Tivemos o primeiro na comunidade de Santa Teresa de Hungria, Jacu, uma das comunidades mais antigas da nossa paróquia. Este ano completa 114 anos.
Novembro Negro – Candeal II
A comunidade quilombola de Candeal II está preparando para o novembro negro especial no dia 25 a 27/11 com o convite de pessoas da comunidade e também de fora. Aconteceu diversos projetos de conscientização, um documentário histórico da comunidade e atividades culturais.
Primeira paróquia quilombola
Nessa caminhada percebe-se troca de saberes e experiências, além de ouvir – enquanto Paróquia – os anseios das comunidades em geral. Pois quanto a isso, a Igreja abre espaços para que todas as comunidades participem e contribuam com a construção religiosa e social-cultural. Todos estes projetos, consequentemente servem de estímulo para prosseguirmos enquanto Primeira Paróquia Quilombola do Brasil. Ressalto pois aqui, que no dia 28 de novembro de 2022, a Paróquia completará um ano de elevação e como um bom quilombo termina em festividades culturais.
Pandeiro – “sinal da alegria da Bahia, sinal da alegria do Evangelho”
Para a visita ad limina os missionários e fiéis da primeira paróquia quilombola mandou um presente simbólico em expressão a sua alegria e profecia do Papa Francisco e o arcebispo da arquidiocese de Feira de Santana, Dom Zanoni Demettino Castro.
O Papa Francisco não só recebeu esse pandeiro, mas também arriscou alguns movimentos. Os bispos do Nordeste três adotaram esse pandeiro como o símbolo que representa todo o regional. Para a paróquia isso foi motivo de muita alegria e gratidão.