Dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, foi escolhido para o cargo. Segundo ele, Papa está preocupado com o desmatamento, ameaças às culturas indígenas e poluição de rios.
Por Bruno Kelly, Reuters
O Papa Francisco nomeará no dia 27 de agosto o primeiro cardeal da região amazônica do Brasil, como um sinal de sua preocupação com a floresta tropical e os habitantes indígenas.
Quem foi escolhido para o cargo foi Dom Leonardo Steiner, arcebispo da cidade brasileira de Manaus. Ele disse em entrevista que o Papa está preocupado com o desmatamento, ameaças às culturas indígenas e poluição de rios com mercúrio usado por garimpeiros na Amazônia.
"A nomeação de um cardeal da Amazônia mostra o desejo do Papa de aproximar a Igreja da Amazônia", disse Steiner.
Steiner disse que as comunidades indígenas reclamam que missionários evangélicos que atuam na região frequentemente descaracterizam rituais tradicionais, canções e até mesmo suas línguas.
"Isso muitas vezes resulta na desenraizamento da cultura dos povos indígenas e de sua maneira diferente de olhar para o mundo", disse Steiner.
A Igreja Católica foi culpada disso no passado, mas agora defende a preservação das culturas indígenas, disse ele.
Steiner destacou as desculpas públicas do Papa no Canadá no final de julho por abusos em escolas para crianças indígenas administradas por ordens católicas.
"Devemos garantir que os indígenas não percam suas raízes e bebam sempre de suas próprias fontes", disse ele.
Francisco realizou um sínodo, uma sessão de consulta e diálogo, sobre a Amazônia em 2019. Em junho, ele se reuniu no Vaticano com os bispos dos estados amazônicos do Brasil, juntamente com padres, freiras e outras pessoas da região.
O Papa os encorajou a se envolverem com as comunidades locais, disse Steiner, incluindo povos originários da floresta e tribos que tiveram pouco contato com o resto do Brasil.