Seminaristas fazem experiência pastoral no Sertão baiano

Adrien Gyato *

Do dia 7 de dezembro de 2010 ao dia 10 de janeiro de 2011 sete seminaristas missionários da Consolata foram a Bahia (no nordeste do Brasil) para uma experiência pastoral de um mês. Foram divididos em três grupos: o Sylvester ficou em Salvador; Dido, Innocent, Stephen e Philip foram para o Sertão, em Jaguarari; Dani e eu (Adrien) para Monte Santo.

Chegados ao destino cada um foi a uma comunidade. Eu passei 18 dias em Boa Vista (44 km de Monte Santo) e 15 dias no Sítio de Zezé, comunidade vizinha. A comunidade de Boa vista tem como padroeira a Nossa Senhora da Imaculada Conceição e o Sítio de Zezé, São José. Lá não tem asfalto. As estradas de terra são boas, mas em alguns lugares elas encontram-se muito esburacadas e ficam pior ainda quando chove. Carros pequenos têm dificuldade de circular por causa da lama. Não tem internet e dificilmente pega uma rede de telefone celular. Durante um mês, fiquei desconectado do mundo digital e virtual. Mas a experiência pastoral foi ótima. Fui muito bem acolhido nas duas comunidades. Claro que a realidade é diferente nestas duas comunidades. Todas as fazendas (ou povoados) de Monte Santo têm os mesmos problemas: a seca, a falta de água, o calor, difícil acesso aos postos de saúde, etc. A paróquia de Monte Santo têm cerca de 145 comunidades e para a assistência religiosa conta com três padres e um seminarista: o nosso colega James). As Irmãs missionárias da Consolata também estão presentes e atuam em várias frentes. Os cristãos das várias comunidades recebem o sacerdote uma vez em cada dois meses para a celebração da missa. E muitas vezes o padre aparece somente para administrar os sacramentos ou celebrar a festa do padroeiro.

Durante o breve tempo que lá passei, fui aprendo junto com as comunidades. O povo do Sertão é muito acolhedor, amigo, simples e muito aberto, e tem muita fé. Para estar em contato com a realidade do povo e convidá-lo a participar na comunidade, fazia visitas nas casas, conversava com o povo, tomava o cafezinho oferecido com carinho, rezávamos e abençoava as casas. Nas duas comunidades, visitei cerca de noventa casas. Essa metodologia atraiu muitas pessoas, que vinham me procurar para rezar e abençoar as suas casas. Realizei outras atividades como: a celebração da Palavra, visita ao doentes e idosos, encontros com os jovens e adultos (Animação missionária e vocacional), a preparação e apresentação do Auto de Natal, a Leitura Orante (rezar a partir da Palavra de Deus), a Novena do Natal. Neste tempo me lembrei também do trabalho manual. Durante as visitas, as vezes encontrava as pessoas na roça, trabalhando e eu ia trabalhar com elas. Ia também visitar a roça para saber com se pratica a agricultura por lá.

Essas comunidades precisam de um acompanhamento bem próximo de sacerdote para a sua unidade e amadurecimento. Os leigos e animadores, lideranças que trabalham em várias comunidades precisam de uma formação capacitada, constante e contínua, afim de responder aos desafios. O povo tem a sua devoção e essa deve ser respeitada. Mas além dessa devoção, pode-se propor outras vias para a sua espiritualidade (a leitura orante, o contato pessoal com Deus através da sua Palavra e outras).

Ao terminar a linda experiência fiquei alguns dias em Monte Santo onde aproveitei para subir a famosa montanha (mais ou menos 2.000 m de altura). Acompanhado com um leigo missionário, o José Alves e outros colegas que vieram de Jaguarari, fomos visitar a famosa cidade de Canudos. Tivemos a oportunidade de visitar os vestígios do (e Herói) Antônio Conselheiro.

Terminamos a nossa estadia na Bahia, na sua capital, Salvador, onde participamos da maior festa religiosa da Bahia que inclui a Lavagem das escadas da igreja do Senhor de Bonfim. Peregrinamos com a multidão cantando e dançando até a igreja onde recebemos várias bênçãos. Tivemos também o tempo de visitar e de conhecer a cidade, com seus lugares e igrejas históricos.

Apesar do pouco tempo, eu aprendi muito sobre a realidade do Sertão nordestino. Aquela é uma área realmente missionária e pastoral. E a presença dos missionários e missionárias da Consolata é muito importante. Que Deus, por intercessão da Nossa Senhora da Consolata abençoe aquele povo e todos os missionários que com eles vivem e trabalham.

* Adrien Gyato, imc, seminarista congolês estudante de Teologia em São Paulo.

Fonte: Revista Missões

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