Pastoral Afro: compromisso da Igreja com o povo negro

A Pastoral Afro é uma das prioridades dos Missionários da Consolata no Continente América e está mais presente na Colômbia, Venezuela e Brasil.

Por Jaime C. Patias *

Em seu Projeto Missionário Continental (PMC), o Instituto Missões Consolata assumiu as seguintes opções e serviços: Amazônia, Pastoral Indígena, Pastoral Afro, Pastoral Urbana, Pastoral dos Migrantes, Periferias existenciais, Animação Missionária Juvenil Vocacional (AMJV), Formação de base, Formação contínua, Comunicação, Economia, Educação e Justiça & Paz e Integridade da Criação (JPIC).

Um dos maiores desafios na evangelização é desenvolver uma pastoral encarnada e libertadora na realidade histórica e cultural de um povo que expresse a sua fé em Cristo no contexto de uma determinada sociedade.

Durante a 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizada online nos dias 12 a 16 de abril, o Arcebispo de Feira de Santana (BA) e referencial para a Pastoral Afro-Brasileira (PAB), Dom Zanoni Demettino Castro, agradeceu o apoio da CNBB ao trabalho junto às comunidades negras e pela publicação do texto de Estudos 85 sobre a Pastoral Afro-Brasileira (2003). Ressaltou o compromisso da Igreja com o povo negro e o desejo de que o texto de Estudo seja um documento da Conferência.

Dom Zanoni também pediu que a CNBB assuma com todo empenho a causa do negro com uma Comissão Episcopal voltada para ao tema. Este mesmo apelo vale para os Missionários da Consolata que escolheram a Pastoral Afro como uma de suas opções missionárias no Continente americano.

Dom Zanoni na 58ª Assembleia Geral da CNBB

Objetivo da Pastoral Afro

De acordo com o documento da CNBB, “Pastoral Afro-Brasileira: Princípios de Orientação (2008), essa Pastoral social tem como objetivo valorizar as características culturais dos afro-brasileiros. A PAB também se propõe a atuar nas necessidades e desafios sociais os quais os negros estão expostos dentro da sociedade, enfrentando discriminação, preconceito, desigualdade, racismo, falta de oportunidade e estigmatização. A metodologia de atuação é aquela das Pastorais Sociais, do ver-julgar-agir para gerar processos de valorização da cultura afro-brasileira promovendo a participação do negro na Igreja e na sociedade.

Histórico no Brasil

No Brasil, a Pastoral Afro surgiu no ano de 1988, através da Campanha da Fraternidade (CF) realizada durante a Quaresma cujo tema foi “Fraternidade e o Negro”, e lema: “Ouvi o clamor deste povo!” Essa CF chamou a atenção para as demandas e vulnerabilidades da população afrodescendente que carrega consigo uma grande história de luta, resistência e persistência, tanto na sociedade quanto dentro da Igreja.

XIV EPA na arquidiocese de Cali, Colômbia, em julho de 2018.

XIV EPA na arquidiocese de Cali, Colômbia, em julho de 2018.

No Continente América a Pastoral Afro está presente em várias dioceses. Os Missionários da Consolata trabalham nessa Pastoral na Colômbia, Venezuela e Brasil. Existem também, algumas iniciativas de formação. O Departamento de Cultura e Educação do CELAM por meio do Centro Bíblico Teológico Pastoral para América Latina e o Caribe (CEBITEPAL) oferece aos agentes de Pastoral Afro um curso de especialização em teologia e Pastoral Afro.

Periodicamente, são promovidos Encontros de Pastoral Afro-Americana e do Caribe (EPA). O XIV EPA aconteceu em 2018, na Arquidiocese de Cali, Colômbia e o XV EPA está programado para 2022, na Diocese de Puerto Escondido, no México.

* Padre Jaime C. Patias, IMC, Conselheiro Geral para América.

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