Maria Regina Canhos Vicentin *
Pessoal, não é nada fácil ter paciência com esse amontoado de adultos mimados que estão surgindo de uns tempos para cá. Eternos adolescentes que não conseguem assumir as responsabilidades por suas vidas. Casam, têm filhos, e continuam na dependência de seus pais como se fossem crianças. São incapazes de arregaçar as mangas e trabalhar para a concretização de seus projetos. Vivem esperando "cair do céu" ou "sair do bolso" da mamãezinha. Foram poupados por uma educação superprotetora e não conseguem tolerar a menor frustração ou realizar o mínimo esforço. Muitos se desiludem e amaldiçoam a vida e as demais pessoas em função de caprichos desatendidos. Choram e exigem que o mundo se compadeça de suas desventuras. Sentem-se perseguidos pela má sorte e vivem se lamentando. Quando rezam não o fazem para se aconselhar com o Senhor, mas para impor seus desejos e determinar que sejam atendidos com celeridade. Quanta pretensão!
Lógico que essas pessoas sofrem e se sentem injustiçadas. Não estão acostumadas a ser contrariadas. Sempre tiveram tudo muito fácil, e não conseguem entender porque isso não acontece pela vida toda. Ser poupado na infância e adolescência nem sempre representa um ganho. Prudentes são os pais que protegem os filhos dos perigos, mas não aqueles que os poupam de necessários ensinamentos, superprotegendo-os. Num mundo em que grassam o individualismo e a ignorância, criar filhos mimados, presunçosos e egoístas corresponde a destiná-los ao sofrimento e fracasso pessoal. Poucos vivem cercados de facilidades, enquanto a grande maioria persevera para alcançar seus objetivos. Não podemos simplesmente abrir mão das obrigações que nos competem porque não fomos preparados para assumi-las. Os pais têm o dever de educar seus filhos para o mundo, e isso implica em lhes ensinar que nem sempre serão atendidos em tudo.
O alicerce ideal para a promoção e o cultivo de valores é a família. Poupar os filhos das frustrações pode levá-los a se transformarem em adultos mimados. Devemos iniciar os aconselhamentos desde cedo e, já na puberdade e adolescência, salientar a importância preventiva do namoro na escolha do cônjuge, assegurando o congraçamento de princípios essenciais à manutenção do vínculo conjugal. Vocês podem iniciar seus filhos nesse amadurecimento contando com o auxílio do meu mais novo livro: Para ser feliz no amor, relançado em novo formato pela Editora Paulus (www.paulus.com.br).
Só com um mesmo objetivo podemos experimentar um casamento sólido. A educação dos filhos pressupõe o amadurecimento do casal em relação a questões básicas, visando o desenvolvimento das virtudes necessárias para uma convivência saudável. Relacionamento é construção. Faz-se dia a dia. Exige dedicação e emprego de tempo. Trabalha com a imposição de limites e o cultivo do respeito mútuo. Requer investimento pessoal e compromisso. Só assim nossos filhos amadurecem e deixam de ser adultos mimados.
* Maria Regina Canhos Vicentin (e.mail: contato@mariaregina.com.br) é escritora. Acesse e divulgue o site da autora: www.mariaregina.com.br
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