Pai nosso dos excluídos

Dirceu Benincá

Pai Nosso que estais na estrada, na rua, na favela, debaixo dos viadutos, desempregado, sem terra, sem esperança, sem dignidade, sem chance...
Santificado seja o teu sangue, a tua luta, a tua vida...
Venha a nós o teu calor, a tua sensibilidade e a tua misericórdia...
Seja compreendida e aceita a tua presença hoje, amanhã, em toda hora e lugar!

Porque és o Deus dos pobres, dos pequenos, dos desvalidos, dos esquecidos, dos violentados e excluídos...
O Deus que mora nos outros e em cada um(a) de nós.
Que está na roça e na cidade, no céu e na terra onde tudo isso acontece.
O pão nosso de cada dia, o qual nem sempre chega em todas as mesas, ainda que assim rezemos sem cessar.
Dá-nos continuamente o pão da igualdade, da autonomia, da fraternidade e da cidadania, a nós e a todos os que têm fome dele.

Perdoa-nos... Mas, de que Senhor Deus?
De muitas coisas que fizemos quando não deveríamos fazer ou que não fizemos quando deveríamos ter feito.
Perdoa-nos por não termos ajudado, por não termos partilhado, por não termos praticado a justiça, por não termos aberto a nossa mão, o nosso coração e os nossos braços para acolher, para perdoar, para servir tal como teu Filho fez e ensinou.
Perdoa-nos assim como nós perdoamos.
Mas, nós perdoamos a quem mesmo? Somos capazes de perdoar de verdade?
Perdoa principalmente, ó Pai, a nossa indiferença diante da dor e do sofrimento dos outros.

Não nos deixes cair nas tentações da hipocrisia, da incoerência, da falta de fé, de esperança e de solidariedade.

Livra nossos irmãos da humilhação de terem a rua como morada,de andarem sem eira nem beira, de serem mortos em série e estupidamente.

Livra-nos dos nossos fracassos como cristãos, como militantes, como homens e mulheres que buscam a nova terra e o novo céu, onde queremos um dia chegar.
Pois tudo é teu: o Reino, o pão, o poder, a glória... a vida e a vitória para sempre, quando todos haveremos de ressuscitar da noite escura e da rua sem saída.
Amém.

Fonte: Dirceu Benincá

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