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No terceiro episódio da reflexão sobre o Ano de São José, convocado pelo papa Francisco com a carta apostólica Patris Corde (com o coração de pai), padre Alfredo J. Gonçalves, missionário scalabriniano e vice-presidente do Serviço de Proteção ao Migrante, discorre sobre São José e as migrações.
José não deixa de ser, também, a fisionomia da migração. Esta, de fato, põe em marcha uma grande quantidade de Josés. O próprio “pai adotivo” de Jesus, esposo de Maria, é testemunha disso. Um novo olhar aos Evangelhos basta para dar-se conta de como ele, primeiro, por causa do recenseamento, sobe de Nazaré, na Galileia, a Belém, na Judeia, lugar em que se completam os dias de Maria eela dáà luz numa manjedoura, “pois não havia lugar para eles”; depois de nascido o menino, empreende a fuga para o Egito, protegendo o recém-nascido da fúria e perseguição de Herodes; dessa terra estrangeira, retorna à própria pátria, quando a tormenta já tinha se acalmado; por fim, ao longo da vida, quantas vezes terá se deslocado por causa desse Filho “rebelde”, o qual insistia que “o seu Reino não era deste mundo”!
Não é essa a trajetória de inúmeros migrantes? De tribulação em tribulação, de fuga em fuga, de sonho em sonho, de busca em busca... Sempre perseguindo o futuro, e este como que sempre lhes escapando entre os dedos. Josés, milhões de pessoas sem terra nem lugar, sem rumo nem pátria... Josés a caminho! Josés que, por sê-lo, vivem inquietos e irrequietos. Rompem obstáculos e fronteiras, abrindo com os ombros curvados os horizontes de um novo amanhã. É nome comum de um povo acostumado à estrada. Não costuma figurar entre as famílias milionárias, nobres e aristocráticas, assentadas solidamente sobre suas fortalezas e suas jazidas de ouro e prata.
No próximo e último capítulo da série sobre o Ano de São José, padre Alfredo discorre sobre algumas propostas para viver esse ano dedicado ao Pai adotivo de Jesus.