A vida é missão

Outubro é o mês missionário. E inicia justamente com a celebração da memória litúrgica de Santa Teresinha do Menino Jesus, virgem e doutora da Igreja que, ao lado de São Francisco Xavier, é também Padroeira das Missões. “Minha vocação, é o amor!”

Por Jaime C. Patias *

Ao longo deste mês se realiza a Campanha Missionária organizada pelas Pontifícias Obras Missionárias (POM). O objetivo é promover a cooperação com as missões em todo o mundo. O tema de reflexão escolhido para este ano, "a vida é missão", nos desafia a testemunhar o amor de Deus em tempos de pandemia que ameaça a vida de tantas pessoas e causa muitos sofrimentos e transtornos. E para nos encorajar, como lema da Campanha, repetimos as palavras do profeta Isaías: “Eis-me aqui, envia-me!” (Is 6,8).

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O Papa Francisco nos recorda o essencial na vida cristã quando afirma: “A missão no coração do povo não é uma parte da minha vida, ou ornamento que posso pôr de lado; não é um apêndice ou um momento entre tantos outros da minha vida. É algo que não posso arrancar do meu coração (...) Eu sou uma missão de Deus nesta terra, e para isso estou neste mundo” (EG, 27 e 273).

O amor de Deus é fonte da missão

O Concílio Vaticano II nas suas Constituições Lumen Gentium e Gaudium et Spes, e no Decreto Ad Gentes (AG) afirma que a missão tem a sua origem no “amor fontal” do Pai, um amor que não se contém, mas transborda, comunica e sai de si mesmo devido à sua natureza missionária (cf. LG 5; 8; 17; AG 2; Documento Aparecida - DAp 129; 347). Em suma, Deus é missão: a missão vem de Deus porque Deus é Amor. A missão revela a essência de Deus. Refere-se principalmente ao que Deus é e não ao que Deus faz.

Esta missão de Deus manifesta-se de forma definitiva através do envio do Filho amado, Jesus Cristo, o Verbo feito carne (cf. Jo 1,14) “que, sendo rico, se fez pobre por nós para nos enriquecer com a sua pobreza” (AG 3).

Para realizar o seu plano de amor, a missão de Deus revela-se no dinamismo, na efusão e no protagonismo do Espírito Santo, que “já estava em ação no mundo antes de Cristo ter sido glorificado” (AG 4). É o Espírito que desperta a fé (cf. 1 Cor 12,3) e dirige a missão da Igreja aos povos (cf. At 16,6-7). Ao mesmo tempo, “Ele é a alma da Igreja que evangeliza” e a empurra “para fora de si mesma a fim de evangelizar todos os povos” (GS 261). Portanto, “a Igreja é pela sua natureza missionária” (AG 2): a Igreja “é” quando é enviada, ela existe para a missão e deve testemunhar o amor de Deus que em sua misericórdia sai de si e abraça a todos.

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"Minha vocação, é o amor!"

Santa Teresinha do Menino Jesus, mesmo vivendo no Carmelo, entendeu o verdadeiro amor de Deus que alcança toda a humanidade. Ela viveu sua vocação com um horizonte universal e como missionária, rezava pelas vocações e pelas missões. Em seus escritos autobiográficos, intitulados “História de uma alma”, ela afirma: “Ó Jesus, meu amor, minha vocação, encontrei-a afinal: Minha vocação, é o amor! […]”.

Seu exemplo nos mostra que “a vida é missão”, mesmo não podendo sair de casa. Apesar das restrições impostas pela Covid-19, podemos mostrar nosso amor para com todos rezando e apoiando as missões por meio de gestos concretos de renúncia e ofertas. Assim, nos tornamos de fato “missão de Deus nesta terra” por que “a vida é missão”.

* Jaime C. Patias, IMC, é Conselheiro Geral para América.

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