Taiwan: A Igreja mostra seu rosto

Mário de Carli *

Em 1859 três missionários católicos dominicanos procedentes das Filipinas juntamente com cinco catequistas chineses pisaram o solo de Taiwan, na província de Kaohsiung. Outras tentativas haviam sido feitas, sem sucesso, em 1582 e 1626. Hoje, mais de 50% da população segue crenças populares chinesas e outros 20% são budistas. Cerca de 4% se declaram ateus ou sem religião, enquanto que o cristianismo é praticado por cerca de 6%. Apesar de representar uma minoria, a Igreja Católica conta com 299 mil fiéis, 493 paróquias, 17 bispos; 250 sacerdotes diocesanos e 443 sacerdotes religiosos com 56 seminaristas maiores. As religiosas são 1.026, distribuídas em 32 institutos seculares. A Igreja ainda dirige 207 escolas de vários níveis, 10 hospitais, quatro ambulatórios, 27 residências para idosos e pessoas com deficiências, 13 orfanatos, três consultórios matrimoniais, 16 centros de educação e reinserção e outras 14 instituições de caridade e assistência. Uma das prioridades da Igreja em Taiwan é a família como sujeito e objeto de evangelização.
O diálogo inter-religioso também ganhou muita atenção ao longo dos anos, e vem desenvolvendo um grande trabalho junto às pessoas. A Igreja taiwanesa tem um bispo nativo e a Congregação de Santa Marta, das irmãs originárias do país. Por ocasião do 150º aniversário da evangelização, em 2008, os bispos de Taiwan enviaram aos fiéis uma carta intitulada "Celebrar os 150 anos da evangelização imitando São Paulo: por uma missão da evangelização completa em todos os âmbitos". O documento sublinha que a Igreja em Taiwan deveria servir de ponte com a China continental, a qual quer propor um testemunho de unidade na fé.
Em maio de 2008, as festividades dos 150 anos de evangelização foram abertas na diocese de Kao Hsiung, com a presença de todos os bispos, numa solene celebração ecumênica e inter-religiosa. Uniram-se aos católicos os representantes de diversas comunidades cristãs (protestantes, metodistas, presbiterianos) e de outras religiões de matriz asiática como o budismo e o taoísmo. A peregrinação mariana da imagem da Nossa Senhora de Wan Jin partiu da diocese de Kao Hsiung no dia 8 de setembro de 2008 e percorreu toda a ilha durante o ano comemorativo, suscitando grande entusiasmo e devoção. Na diocese de Tai Nan, quando o cortejo religioso com Nossa Senhora passou diante do templo budista, também os que estavam rezando saíram trazendo as mãos unidas e inclinaram-se diante da imagem em sinal de grande respeito. No dia 24 de novembro de 2009, Festa de Cristo Rei, no estádio Lion Kou, o prefeito emérito da Congregação para a Evangelização dos Povos, cardeal Jozef Tomko presidiu a celebração conclusiva dos 150 anos da evangelização. "É um novo convite a continuar e reavivar os esforços, o que significa construir o Reino de Jesus Cristo", disse o cardeal na ocasião.

Os desafios

A Igreja em Taiwan tem alguns desafios pastorais e missionários, tais como: uma autêntica formação cristã, que começa na preparação integral da catequese, a fim de que não seja vista como portadora de uma "religião estrangeira" diante daqueles que carregam a herança cultural e religiosa dos respectivos lugares de origem com as crenças de seus antepassados. Outro desafio é a promoção da família e apresentar aos jovens a decisão radical de seguir Cristo para que, descobrindo-O, se encontrem a si mesmos. Bento XVI, por ocasião da visita ad limina, dos bispos de Taiwan, realizada em dezembro de 2008, afirmou: "destacastes o papel essencial da paróquia no serviço aos migrantes e no despertar da consciência para as suas necessidades. Tenho também o prazer de observar que a Igreja em Taiwan tem defendido ativamente leis e políticas que salvaguardam os direitos humanos dos migrantes. Como sabeis, muitos daqueles que chegam ao vosso litoral, procuram um lugar para viver e vos encorajo a continuar a recebê-los com carinho e cuidado pastoral assíduo e sintam a Igreja como a família da fé". Nesse sentido, a evangelização para ser criativa deverá andar com os pés no chão, olhando a dimensão do continente, com suas preocupações, alegrias e esperanças e acolher os fracos, oferecer apoio moral e assistência médica e psiquiátrica social às mulheres e às crianças em dificuldades; ao mesmo tempo, apresentar o verdadeiro rosto de Cristo, a fim de que a Igreja inteira posa oferecer o seu testemunho de fidelidade a Ele, construindo a unidade e a comunhão entre as pessoas.

* Mário de Carli, imc, é membro da equipe de redação.

Publicado na edição Nº03 - Abril 2010 - Revista Missões.

Fonte: Revista Missões

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