A Sinfonia Conciliar

Embora o Vaticano II seja notadamente um concilio pastoral, é impossível falarmos sobre ele e não ressaltarmos o seu caráter profético.

Por Fábio Pereira Feitosa

A Igreja Católica é uma instituição milenar, a sua história apresenta diferentes acontecimentos que demonstram toda a sua complexidade institucional. Tal complexidade pode ser observada ao analisarmos o Concílio Ecumênico Vaticano II e as suas diferentes implicações. EsteConcílio foi convocado e iniciado pelo então Papa João XXIII e continuado por Paulo VI.

WhatsApp Image 2019-10-07 at 14.44.25Embora o Vaticano II seja notadamente um concilio pastoral, é impossível falarmos sobre ele e não ressaltarmos o seu caráter profético, tão criticado por seus opositores, que articularam e continuam desenvolvendo diferentes estratégias para arrefecer o espírito conciliar, que se fez sentir por toda parte, sobretudo na América Latina.

Após longos anos de um profundo inverno, o Vaticano II representou para a Igreja uma frutífera primavera, por meio da qual o Espírito Santo soprou e inspirou a renovação nas estruturas desta instituição.

Ao olharmos de mais perto, percebemos que o Vaticano II foi responsável por reunir em pé de igualdade bispos do mundo inteiro, para que juntos pensassem a Igreja, buscando novas formas de evangelização e sobretudo novas formas desta instituição se relacionar com o mundo moderno, este processo resultou na elaboração das diretrizes conciliares que se manifestam em 4 constituições, 9 decretos e 3 declarações. O processo de elaboração destes documentos, bem como o Concílio como um todo, pode ser comparado a uma sinfonia, na qual os mais diferentes instrumentos sob a regência de um maestro são harmonizados e produzem uma doce canção.

Assim, também foi o Vaticano II, uma sinfonia com instrumentos vindos de diferentes partes do mundo e regidos pelo Espírito Santo e cuja canção renovou a Igreja como um todo, modificando a sua liturgia para torna-la mais acessível ao povo; enfatizando um maior compromisso com as questões socais; defendendo uma maior co-responsabilidade entre a hierarquia e entre os leigos e defendendo o diálogo ecumênico.

Peçamos a graça de ouvirmos e seguirmos efetivamente a sinfonia conciliar e assim sermos de fato uma igreja em saída, que vai aos excluídos, que se faz presente e compartilha das alegrias e sofrimentos do povo. Uma Igreja que é mãe e companheira de caminhada.

*Fábio Pereira Feitosa é historiador e especialista em educação. Atualmente desenvolve pesquisas sobre história da Igreja e eclesiologia latino-americana.

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