Advento: um convite à contemplação dos que sofrem

O Advento nos convida a refletir sobre a figura histórica de Jesus, bem como no contexto no qual ele nasceu.

Por Fábio Pereira Feitosa*

A Igreja Católica é uma instituição que possui uma vasta e complexa estrutura organizacional, tal característica pode ser observada ao analisarmos o seu calendário litúrgico, sendo este dividido em diferentes fases ou tempos. Atualmente estamos em pleno Advento, período que corresponde às quatros semanas que antecedem o Natal. O Advento deve ser visto e vivido como um momento propicio para nos prepararmos para bem recebermos Jesus Cristo, o Verbo que se fez e habitou entre nós (cf. joão 1: 14).

advento23O Advento nos convida à refletir sobre a figura histórica de Jesus, bem como do contexto no qual ele nasceu. Tal reflexão deve nos conduzir a uma postura de acolhida e de cuidado com os que assim como Jesus vivem em suas vidas as consequências de um sistema gerador de pobreza, de desigualdade e de morte.

O Advento, como vimos anteriormente nos prepara para o Natal, umas das festas mais importantes da Igreja Católica. Todavia, o Natal é também uma festa que se tornou universal e em virtude da sua importância, o mercado tentou modificar o seu sentido, desta forma tenta-se substituir Jesus, pelo Papai Noel, tenta-se substituir a simplicidade da manjedoura que serviu como berçário do Salvador, pelos corredores lotados dos shoppings centers e por vitrines que anunciam as mais variadas promoções natalinas.

Desde o ventre materno, Jesus conheceu a opressão e foi vítima da perseguição de Herodes, que personificava em si a crueldade típica de governantes que fazem tudo pelo poder, inclusive executar seus próprios familiares, bem como assumir uma postura de total submissão à Roma e assim massacrar os seus governados para garantir os interesses do Império dominador e por consequência alcançar seus próprios interesses e manter privilégios. O Advento é um período de preparação, mas deve ser também um período de conversão: É preciso voltarmos os nossos olhos e atenções para aqueles que vivem na miséria, marginalizados e sem nenhum auxilio.

O Advento deve ser em nossa vida um momento no qual nos preparamos para acolhermos Jesus que está no presépio, mas está também presente no outro, naquele que sofre, naquele que chora. Ao assumirmos tal postura, estaremos contemplando de forma efetiva o Mistério da Encarnação. Todavia, é importante que tal postura não se limite ao período do Advento e do Natal, tal postura deve ser permanente em nossas vidas e produzir frutos de misericórdia e de bondade.

*Fábio Pereira Feitosa é historiador e especialista em Educação, atualmente desenvolve pesquisas sobre a História da Igreja.

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