O nosso Rei governa como o sacerdote que consagra o alimento restaurador e o oferece ao Pai pela humanidade.
Por Geovane Saraiva*
Jesus Cristo, além de rei, é profeta e pastor de todos os povos, carregando consigo as marcas do primado soberano e absoluto, legado recebido de Deus Pai. Apresenta-se diante do próprio Deus e diante dos homens, na criação e na redenção, sendo a imagem do Deus invisível, ao revelar o Pai. "Quem me vê, vê o Pai" (Jo 14, 9). O nosso Rei está no meio de nós, alimentando-nos e chamando-nos a segui-lo, mas na alegria de reconhecê-lo na busca de uma vida de coerência.
Não temos uma balança para medir a grandeza do Cristo Rei, mas, se a tivéssemos, mesmo assim, por ser excelso mistério, seria impossível pesar tal grandeza. Pensemos no reino de Jesus de Nazaré, que, precisamente, é o inverso dos reinos daqui da terra, vendo ao redor do seu trono só humilhações, provações, desacatos e insultos. Ele é, no pensamento e no amor infinito do Pai, a dignidade de todas as criaturas, convocando-as à verdadeira existência por meio de sua palavra eterna.
Cristo Rei, sim, mas na sua maior simplicidade e franqueza de afirmar e dizer-se Rei, num momento em que fora maltratado e acusado de blasfemar, sendo um Rei sem trono, sem cetro, sem coroa, sem súditos e sem forças militares. Recebeu uma vara no peito que serviu de cetro, uma coroa, mas de espinhos, a corte, mas de facínoras, ao mesmo tempo em que abraçou o trono da Santa Cruz; nela se anuncia a canção: “Vitória, tu reinarás! Ó cruz, tu nos salvarás!”.
O nosso Rei governa como o sacerdote que consagra o alimento restaurador e o oferece ao Pai pela humanidade. Rei pelo preço de sua vida, de seu sangue derramado, estabelecendo-se no meio da humanidade, mas, ao mesmo tempo, longe dos soberanos deste mundo, ao repetir-nos suas palavras, que, "quando for exaltado da terra, atrairei todos a mim, no meu trono glorioso", revelando-nos sua cruz e, com ela, convertendo corações.
Fica o convite para se compreender o reino do nosso Rei Jesus, a partir de uma vida de sofrimentos, com estradas ásperas, nas trilhas repletas de espinhos, não se esquecendo das chuvas de insultos, dos leitos de dores e lares golpeados de provações. Urge aprender sempre mais a ter o olhar da compreensão e da misericórdia diante do enorme abismo em que se encontra o mundo, para que a humanidade possa descansar em paz, pela derrota de todos os males que contrariam seu santo desejo
Na alegria, acolhamos o Filho amado do Pai, que entrou no mundo em razão dos descompassos dos homens, indicando-nos que a liberdade verdadeira consiste no amadurecimento espiritual da criatura humana, na nítida acolhida de seu reino: "Reino da verdade e da vida, reino da santidade e da graça, reino da justiça, do amor e da paz". Assim seja!