Páscoa - Amor incondicional

Maria Regina Canhos Vicentin *

Como psicóloga, optei já na minha formação, por trabalhar dentro da ACP (Abordagem Centrada na Pessoa). Fiquei simplesmente fascinada pela teoria de Carl Rogers, e seu amor pelo ser humano. Em um de seus livros, marcou para mim a história do suicídio de uma jovem senhora, e a convicção de Rogers que ela jamais teria feito o que fez se houvesse ao menos uma pessoa que a aceitasse incondicionalmente. Fiquei pensando muitos dias a respeito disso, e resolvi me esforçar para fazer a diferença na vida das pessoas, procurando aceitá-las com as características que possuíam. Após anos de prática profissional, posso assegurar que tal postura traz resultados surpreendentes, e auxilia muito na cura das enfermidades psicológicas. Mas, o meu texto desta semana não tem a intenção de fazer propaganda da ACP, e sim mostrar a importância do amor incondicional.

Muitas pessoas amam impondo condições: "precisa ser mais obediente"; "deixe de ser tão vaidosa"; "desse jeito ninguém vai gostar de você"! Diversas são as palavras que calam fundo em nossa alma quando não nos sentimos compreendidos e aceitos. Algumas pessoas simplesmente não dão aos outros, a chance de escolher qual caminho seguir. Impõem à força. E se esses quiserem ter a sensação de que são amados, precisam fazer o que lhes é mandado, sob pena de amargarem cara feia, silêncio, represálias por incontáveis dias, semanas ou meses. É um cárcere, sem dúvida. A insegurança quanto ao valor que possuímos, faz com que nos sintamos ansiosos e hesitantes. Não sabemos o que podemos falar. Não sabemos o que podemos fazer. O fantasma da rejeição vive nos cercando. Não nos sentimos aceitos. Temos a sensação de não ser amados.

Sei que muitos convivem com esse fantasma dia e noite, e não sabem o que fazer para fugir da sensação de rejeição, advinda da não aceitação de suas características pessoais. Conheço a história de alguém que também não foi aceito entre nós, e que por isso mesmo nos entende perfeitamente. Pessoa íntegra, boníssima, justa. Pessoa que acolhia os menos favorecidos e lhes dava esperança de dias melhores. Essa pessoa foi crucificada porque amou a humanidade incondicionalmente. Essa pessoa não perguntava quantos erros o outro tinha, nem exigia nada dele, mas o acolhia com amor, dando-lhe plena liberdade para escolher o caminho que lhe parecesse melhor.

Nesta Páscoa, a lembrança da morte de Jesus na cruz talvez possa nos ajudar a crer que existiu alguém que nos amou e aceitou incondicionalmente, apesar de todas as nossas deficiências. Mais que isso... Sua ressurreição nos mostra que esse alguém ainda existe. Ele vive. Ele o compreende. Ele o aceita como é. Ele o ama. Ele o acolhe. Perdoa seus pecados, ceia com você, e se compraz da sua companhia. Não há mais que se falar em rejeição. Jesus o ama incondicionalmente e deseja celebrar esta Páscoa com você. Aceite o seu convite e liberte-se da escravidão do amor condicional. Jesus o ama do modo como é. Apenas creia nisso e celebre a Páscoa-Passagem para uma nova vida com Cristo, por Cristo, e em Cristo. Feliz Páscoa para todos!

* Maria Regina Canhos Vicentin (e.mail: contato@mariaregina.com.br) é psicóloga e escritora.

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