Quem não ama as pessoas com as quais mantém laços e relações de qualquer natureza, não pode dizer que ama verdadeiramente a Deus.
Por Juacy da Silva*
A vida é, na verdade, uma corrida de obstáculos, onde dia após dia enfrentamos desafios de toda ordem. Muita gente vive na pobreza material e luta desesperadamente pela sobrevivência física, muitas pessoas correm atrás de um prato de comida, às vezes lutam contra ratos, urubus e outros animais para disputar o que outras pessoas desperdiçaram e jogaram no lixo. Bilhões no mundo e milhões no Brasil correm em busca de uma oportunidade de trabalho, do que costumamos dizer do “ganha pão”, outras tantas lutam contra doenças insidiosas, crônicas e progressivas, ante o descaso dos governantes e dos sistemas de saúde que estão totalmente sucateados como em nosso país.
Existem também pessoas, cujos salários acabam antes do final do mês ou até mesmo nem salário tem e não sabem como irão conseguir pagar suas despesas, escolas ou universidade dos filhos, das filhas; existem também aquelas pessoas cujos laços familiares foram destruídos, pela violência doméstica, pelo esfriamento do amor entre casais, pelas traições que acabam deixando filhos/filhas sem pais ou mães.
Existem ainda pessoas que sofrem de problemas existenciais e, às vezes, descortinam uma pequena porta, de início, como possibilidade de curarem seus dramas existenciais, neste caso acabam se enveredando pelo caminho dos diversos vícios como tabagismo, alcoolismo, tantas drogas ilícitas, jogos de azar e assim por diante.
Existem ainda milhões de pessoas que, ao envelhecerem, além do abandono material e familiar, acabam perdendo a memória, as lembranças do passado e aos poucos o mundo interior e exterior dessas pessoas desaparecem e seus olhares se perdem no horizonte sem sentido.
Existem também bilhões de pessoas pelo mundo afora que acabam entrando para as estatísticas dos comedores compulsivos, ou comedoras compulsivas, que assaltam as geladeiras, da mesma forma que políticos, empresários e gestores corruptos assaltam os cofres públicos. As estatísticas da Organização Mundial da Saúde bem atestam a gravidade dos problemas da obesidade e do sobrepeso, que atingem inclusive quase um terço da população infantil e de jovens.
Existem também milhões de pessoas que sofrem do que podemos denominar de doenças e dores da alma, como depressão, ansiedade, decepção, raiva, tristeza, doenças e obstáculos muito piores do que as mazelas econômicas, financeiras ou materiais. Muitas dessas pessoas não tem condições de se tratarem e acabam definhando, levando boa parte ao suicídio, a pior forma de violência que pode existir.
O mundo, os países, nossas cidades, nossas comunidades, nossos lares só estarão livres desses obstáculos na caminhada das pessoas quando nos tornarmos mais humanos, mais verdadeiros, mais justos, mais amigos/amigas, mais solidários, mais fraternos, e, acima de tudo, cumprirmos, de fato, o grande mandamento que Jesus nos ensinou que é “ amar a Deus sobre todas as coisas e nosso próximo como a nós mesmos”.
Quem não ama as pessoas com as quais mantém laços e relações de qualquer natureza, seja de trabalho, amizade, vizinhança, convivência, casamento, namoro ou outras não pode dizer que ama verdadeiramente a Deus. Os textos sagrados atestam quando afirmam “se você não consegue amar e tratar bem, respeitar a dignidade do próximo que está ao seu lado, física ou nos tempos modernos, virtualmente, a quem vê, ouve, fala; como vai amar a Deus a quem não vê com seus olhos físicos?”.
Existe um pensamento de autor desconhecido que diz “Pense nas atitudes antes de tomá-las, porque pedir perdão é lindo, mas evitar machucar quem te ama é mais lindo ainda. Você não tem que perder para dar valor `as pessoas que você ofendeu, tem que dar valor antes de ofender, de magoar, de pisar, para não perdê-las jamais”.
Só vamos conseguir mudar o mundo, sarar as mazelas que nos cercam quando conseguirmos nos purificar e curar nossas feridas interiores, as feridas da alma. Ai sim, podemos iniciar a construção de um mundo melhor, uma sociedade justa, sustentável, desenvolvida, que podemos denominar de a sociedade do bem viver, onde todos podem viver em paz, com a verdadeira alegria e não a alegria e sorrisos falsos, de conveniência, que tentam enganar tanto às demais pessoas como às vezes a si mesma ou mesmo!
Se você, caro leitor, prezada leitora não pode ajudar outras pessoas a curarem suas dores interiores, o que chamo de dores da alma, evite, pelo menos de fazer as outras pessoas sofrerem mais ainda, não construa mais obstáculos na caminhada dessas pessoas, se assim fizeres já será um grande passo para consolar os que sofrem interiormente. Isto não é difícil, basta trocar a falsidade pela verdade, a omissão pela solidariedade verdadeira e libertadora; o materialismo e a ganância pela fraternidade, não custa muito, vale a pena tentar, a partir de hoje!