Mensagem do Superior Regional dos Missionários da Consolata:
Mensagem da Irmã Maria Angelina, Conselheira da Região América, MC:
A Missão foi o grande desejo da vida de José Allamano, desde o tempo de seminário.
Por Jordão Maria Pessatti*
Nesta mensagem, quero recordar para mim e para todos vós alguns pontos da história da fundação da nossa querida Família Missionária, cujo aniversário hoje celebramos.
A Missão foi o grande desejo da vida de José Allamano, desde o tempo de seminário. Certo dia, com outros dois companheiros, resolveu deixar o seminário diocesano, para ingressar no Colégio Apostólico, ansioso de abraçar a vocação missionária. Mas, em razão da fragilidade de sua saúde física, foi dissuadido de tal propósito. Não obstante isso, conservou vivo no coração o desejo e o amor pela Missão.
Como Diretor Espiritual no seminário diocesano, inculcava nos alunos o zelo missionário. O mesmo fazia com os sacerdotes diocesanos, durante os retiros e encontros espirituais realizados na “Casa Santo Inácio”, e mais ainda com os jovens sacerdotes do assim chamado “Convitto Eclesiástico”. Achava estranho que a diocese de Turim, tão fecunda em numerosas instituições de caridade, não contasse com uma instituição inteiramente consagrada às missões. E decidiu remediar esta lacuna.
Na mente de Allamano, a fundação do nosso Instituto não surgiu da noite para o dia. Foi algo que amadureceu em seu espírito, através de longa preparação espiritual, e depois de superar grandes provações e sérias contrariedades. Não resta dúvida, o caminho da fundação foi muito empenhativo e cansativo para Allamano, atarefado como estava com o trabalho do Santuário da Consolata, do qual era Reitor, com os compromissos da direção do “Convitto Ecleiástico”, com a Casa de Retiros de Santo Inácio e com a Causa de beatificação de seu tio, José Cafasso.
A fundação, ele só pôde realizá-la depois que o Cardeal Agostinho Richelmy, seu antigo companheiro de seminário e amigo, assumiu a sede episcopal de Turim. Nele, encontrou plena partilha de ideais e apoio.
Em janeiro de 1900, quando parecia ter chegado o momento da fundação, Allamano contraiu uma grave doença, que o levou às portas da morte. A cura, considerada um milagre da Consolata, foi para ele o sinal de que o Instituto devia ser fundado. De fato, no ano seguinte, no dia 29 de janeiro de 1901, o Instituto Missões Consolata nascia.
A profunda motivação da fundação deve ser procurada no próprio espírito de Allamano. A raiz da fundação está na santidade deste generoso sacerdote, que assim explicava: “Como eu não pude ser missionário, quero que as pessoas que se sentem atraídas pela vocação missionária não sejam impedidas de seguir tal caminho”.
Há, depois, outras razões contingentes e concretas que, sem dúvida, influenciaram o começo da obra, como: o desejo de continuar a missão do Cardeal Guilherme Massaia, a especial devoção que sempre alimentou para com São Fidélis de Sigmaringa, missionário mártir, o espírito missionário e as insistências que lhe eram feitas por parte de alguns sacerdotes do “Convitto Eclesiástico”, desejosos de ver concretizada a obra.
A decisão definitiva de fundar o Instituto foi tomada somente depois de receber uma ordem explícita do Arcebispo, Dom Agostinho Richelmy, que lhe disse: “O Instituto deve ser fundado e deve ser você a fundá-lo”. À palavra de ordem do Arcebispo, Allamano respondeu, como respondeu o Apóstolo Pedro a Jesus, por ocasião da pesca milagrosa no mar de Tiberíades: Em teu nome, Senhor, lançarei as redes! (Lc 5,5).
No dia 8 de maio de 1902 partiam para o Quênia os primeiros quatro missionários, dois sacerdotes e dois leigos, seguidos depois por outros.
E a fundação do Instituto das Missionárias da Consolata? No trabalho assíduo da missão, bem cedo foi constatada a necessidade da presença feminina nas missões. Para dar uma resposta a tal necessidade, Allamano obteve dos Superiores do Cottolengo as Irmãs Vicentinas, que trabalharam ao lado dos Missionários da Consolata no Quênia por 22 anos, ou mais, a partir de 1903. Depois, por motivo de dificuldades, em 1909 as expedições das Irmãs Vicentinas se interromperam e, gradualmente, as que estavam no Quênia retornaram à pátria.
Allamano, que seguira com sofrimento estes eventos, sem poder evitar suas consequências, viu-se obrigado a intervir, para garantir a indispensável presença das irmãs nas missões. Assim, perante a insistência de Dom Filipe Perlo, e de acordo com o Arcebispo de Turim, mais ainda confortado pelo parecer do Cardeal Jerônimo Gotti, Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, mas especialmente arrimado na palavra do Papa Pio X, José Allamano, a 29 de janeiro de 1910, deu começo ao Instituto das Irmãs Missionárias da Consolata. Ele próprio contava mais tarde como havia amadurecido a fundação delas, afirmando: “Foi o Cardeal Jerônimo Gotti que me encorajou a fundar as irmãs, dizendo-me pessoalmente: “É vontade de Deus que se funde o Instituto das irmãs”. Ao que eu respondi: “Eminência, congregações de irmãs já existem muitas!” Sim, retrucou o Cardeal, há muitas irmãs, mas poucas missionárias!”
Em conversa familiar com as irmãs, era sobretudo a intervenção do Papa que Allamano evidenciava, afirmando: “É o Papa Pio X que vos quis; foi ele que me deu a vocação de fundar irmãs missionárias”. Falava assim com simplicidade e gostava até mesmo de recordar a conversação que mantivera com Pio X, depois de lhe expor a dificuldade de encontrar pessoal feminino suficiente para as missões. O Papa respondeu a Allamano: “É preciso que vós mesmo inicieis a fundação de um Instituto de irmãs missionárias, como fundastes a dos missionários”. Ao ouvir tais palavras, Allamano voltou a dizer: “Santidade, já existem tantas famílias religiosas femininas!” “Sim – retrucou o Papa – mas não exclusivamente missionárias”. E Padre Allamano continuou: “Mas eu, beatíssimo Padre, não tenho vocação de fundar irmãs!” A esta afirmação do nosso Fundador, o Papa Pio X respondeu: “Se não tendes essa vocação, eu vo-la dou!” O comentário que, em seguida, Allamano fazia com as missionárias era coerente: “Vede, foi o Papa que vos quis! Portanto, deveis ser “papalinas!”
Allamano dedicou aos seus filhos e filhas as atenções e cuidados mais assíduos, através de contatos pessoais, cartas, encontros formativos. Convencido de que à missão se deve oferecer o melhor, na formação de seus missionários e missionárias visou sempre a qualidade, mais que o número. Queria evangelizadores bem preparados, “santos em grau superlativo”, zelosos, dispostos a sacrificar até mesmo a vida. Repetia frequentemente: “Primeiro santos, depois missionários”, entendendo o termo “primeiro” não em sentido de tempo, mas como valor prioritário e absoluto.
A semente que deu origem à árvore do Instituto, na qual estamos enxertados pela graça da vocação missionária, foi fecundada no coração de um sacerdote diocesano, repleto de amor por Jesus Cristo, inflamado de zelo pela causa da missão. Esta árvore nasceu pequena, à sombra do Santuário da Consolata, em Turim, e foi cultivada carinhosamente pela Mãe da Consolação – a celeste Jardineira do Espírito Santo. Mas, para que a árvore do Instituto, agora já mais que centenária, possa manter-se viçosa e produzir copiosos frutos para a Igreja, é necessário que permaneçamos fiéis à meta fixada pelo Fundador e vivamos com fidelidade e amor os seus ensinamentos.
Se fizermos isso, o Instituto manter-se-á vivo e fecundo, à semelhança da árvore de que nos fala o salmo primeiro, que, plantada à beira da torrente, sempre dá seus frutos, jamais sofre os efeitos funestos da estiagem... (Sl 1,3).
Pois bem, que a graça de Deus, a proteção da Mãe Consolata e do Bem-aventurado José Allamano nos ajudem a ser aquilo que devemos ser: autênticos missionários e missionárias da Consolata! Assim seja!