A responsabilidade de caráter da sociedade é coletiva e, por isso mesmo, assustadora.
Por Luiz Alexandre Solano Rossi*
“De boas intenções o inferno está cheio”, diz o ditado popular. Isso quer dizer que não basta ter disponível uma série de normas e regras se não há a boa intenção de segui-las. É fato que as normas morais, assim como a própria construção da sociedade, não são frutos de uma ordem transcendente, mas sim, de ações dos seres humanos como agentes da história.
Ética é o nome dado ao ramo da Filosofia dedicado aos assuntos morais. A palavra “ética” é derivada do grego, e significa “aquilo que pertence ao caráter”. A ética tem sido o principal regulador do desenvolvimento histórico-cultural da humanidade. No entanto, a ética não garante o seu progresso moral.
A responsabilidade de caráter da sociedade é coletiva e, por isso mesmo, assustadora. É muito mais fácil acreditar que as nossas vidas já foram predestinadas pela vontade divina, ou ainda pelo destino, ao invés de nos responsabilizarmos pelas nossas escolhas.
Não há como negar que somos construtores da nossa história. Todavia, preocupa-me como administramos nossas escolhas. Quais os critérios que utilizamos a fim de construir uma sociedade saudável? E para viabilizar relações solidárias e cidadania planetária?
Creio que o mais importante seja a valorização da vida. Toda vez que esse princípio for ameaçado por uma norma, seja ela moral, política, econômica ou religiosa, esta norma deve ser alterada. Cabe ressaltar nesse momento a necessidade de cada cidadão conhecer as regras de funcionamento das mais diversas instituições, para saber se elas estão, ou não, respeitando o direito à vida de cada ser humano.
Afinal, poderia ser aceito como preceito de vida em comum aquilo que é desumano e que claramente prejudica e fere o ser humano? A reflexão indica que a resposta deveria ser um sonoro “não” e nos indica caminhos de peregrinação comum, tais como: profunda convicção da família, da igualdade e dignidade de toda a sociedade, e valorização de todo os seres que habitam o planeta.
A reflexão sobre o humano nos permite recuperar a dimensão do homo sapiens que foi ofuscada quase que mortalmente pelos desejos infinitos e irrefreáveis do homo economicus.
Para isso, podemos seguir os ensinamentos de Aristóteles. O filósofo apostava que toda a racionalidade prática visa a um fim ou um bem e a ética tem como propósito estabelecer a finalidade suprema que está acima e justifica todas as outras, e qual a maneira de alcançá-la. Essa finalidade suprema é a felicidade, e não se trata dos prazeres, riquezas, honras, e sim de uma vida virtuosa, sendo que essa virtude se encontra entre os extremos e só é alcançada por alguém que demonstre prudência.