A sedução de Deus

A Igreja, comunidade dos batizados, espalhada por todo o Brasil, vive o mês vocacional, recordando a todos que a vida é vocação.

Por Geovane Saraiva*

A Igreja, comunidade dos batizados, espalhada por todo o Brasil, vive o mês vocacional, recordando a todos que a vida é vocação; da parte de Deus, é um chamado e da parte dos seguidores de Jesus de Nazaré, uma resposta. Essa resposta deve ser sempre mais generosa, compreendida como vida espiritual, vida de oração, a partir do interior, numa luta desigual, nas exigências e desafios do mundo, mas na convicção de que Deus precisa de nós na sua obra redentora. Na mais segura convicção da necessidade do sacerdócio ministerial, que Cristo, sumo e eterno sacerdote, além de sua viva presença no seio da comunidade dos batizados, nutra-a por meio de sua palavra e da eucaristia, despertando-a da fome de justiça, solidariedade e paz.

dom-aloisio-lorscheider1Aproveito a circunstância vivida pela Igreja, por ocasião do mês vocacional, para agradecer ao bom Deus pelos meus 30 anos de ministério sacerdotal (14/08/1988), com um lema que escolhi, embora longe de vivenciá-lo na sua plenitude: "Seduziste-me, Senhor, e eu me deixei seduzir" (Jr 20, 7). Nunca perdi de vista o que nos fala o profeta Jeremias, de que a luta continua desigual. Na certeza da esperança, a partir da fome e sede de vida que há no interior do coração humano, vantagens e honras são incompatíveis e estão distantes do projeto de Deus, supremo bem. Ao encontrá-lo pelo ministério sacerdotal, nada sou, a não ser na misericordiosa justiça de Deus, na fé no mesmo Senhor e Deus.

Homenageio aquele que foi instrumento de Deus, ao me ordenar sacerdote, Dom Aloísio Lorscheider, modelo de sacerdote e anunciador da esperança cristã, homem certo na hora certa, na estreita coerência evangélica, sendo um sinal vivo de Deus. Ele era um filho de São Francisco, de um coração naturalmente bom, terno e afável, configurado com Jesus de Nazaré, nos incontáveis modos de testemunhar sua fé. Bem que São Francisco nos ajuda, na compreensão do profeta Jeremias, embora tivesse como seu referencial maior o "poverello" de Assis, na opção voltada aos empobrecidos, no consistente duelo por uma sociedade mais inclusiva, solidária e justa. Amém!

*Geovane Saraiva é padre, jornalista, colunista e pároco de Santo Afonso, Parquelândia, Fortaleza-CE. Da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza geovanesaraiva@gmail.com

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