Igrejas neopentecostais e a midiatização

Líderes das três maiores igrejas neopentecostais (Universal do Reino de Deus, Mundial do Poder de Deus e Internacional da Graça de Deus) travam guerra midiática.

Por IHU On-Line

O crescimento das igrejas neopentecostais no Brasil é parte de um expressivo processo de midiatização, que cada vez mais conta com aparatos para difundir seus discursos e vender seus produtos. Para o doutor em Comunicação Alexandre Dresch Bandeira, elas “surgem e crescem porque têm um discurso religioso acessível, associado às promessas atualizadas de amparo às demandas sociais que o governo não atende, tipo saúde, trabalho e assistência social”.

20_07_alxandre_dresch_foto_arquivo_pessoalEm entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line, ele afirma que as neopentecostais “são altamente midiatizadas e usam todo o potencial midiático disponível, mas estão longe de serem eletrônicas”. Os templos ainda são os espaços principais de fruições e interações. Os dispositivos midiáticos, por sua vez, servem para captar o fiel e divulgar ofertas.

Há muito em jogo, e a disputa por mais fiéis e negócios está na pauta das três principais igrejas: Universal do Reino de Deus - IURD, Mundial do Poder de Deus e Internacional da Graça de Deus. Por conta disso, não é nada amistoso o relacionamento entre os líderes delas, respectivamente Edir Macedo, Valdemiro Santiago e R. R. Soares.

Bandeira chama de “armagedom midiático” a forma como eles brigam entre si, numa linguagem assumidamente de guerra. Em seu doutorado, analisou com destaque a Mundial, a segunda maior igreja neopentecostal do Brasil, cujo fundador, segundo a revista Forbes, é o segundo pastor mais rico. “Para alcançar este patamar, houve um cenário de muitas guerras e disputas entre elas. O apóstolo Valdemiro Santiago centrou fogo em duas linhas de frente: através da midiatização e das interações”, conta o pesquisador. A opção por analisar essa igreja deve-se especificamente à quebra de paradigmas que ela estabeleceu, desestabilizando o mercado das igrejas neopentecostais brasileiras mais antigas.

Alexandre Dresch Bandeira é doutor e mestre em Ciências da Comunicação e graduado em Publicidade e Propaganda pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos.
Confira a entrevista.

IHU On-Line – Como surgiu seu interesse em pesquisar sobre as estratégias midiáticas e interacionais envolvidas na Igreja Mundial do Poder de Deus, tema da sua tese de doutorado? Por que o senhor escolheu analisar essa igreja especificamente?

Alexandre Dresch Bandeira – No mestrado, em 2005, pesquisei a Igreja Universal do Reino de Deus - IURD. Naquela época, estava fazendo uma investigação no Parque Evangélico, localizado no Centro Histórico de Porto Alegre, sobre as fachadas dessas igrejas. Dentre elas fotografei a Mundial, situada na loja térrea de um prédio abandonado. Era uma pequena congregação com algumas cadeiras de plástico, uma caixa de som com microfone e o púlpito. Fui abordado por um pastor que veio me falar sobre Valdemiro Santiago, ex-pastor da Igreja Universal do Reino de Deus. Naquele momento, não me chamou a atenção, parecia ser apenas mais uma igreja disputando espaço e fiéis naquela região da Capital.

Em 2011, ao visitar minha mãe no interior do estado, zapeando sua antena parabólica, sintonizei um canal em que aparecia um pastor pregando totalmente fora do padrão neopentecostal. Usava um chapéu de cowboy, abraçava e acariciava seus fiéis, além de ser muito emotivo e milagreiro. Quando apareceu seu nome na vinheta do programa, apóstolo Valdemiro Santiago, lembrei quem era. Resolvi, então, procurar sua igreja já situada em nova rua, dentro do Parque Evangélico. Ocupava um espaço enorme de uma antiga fábrica desativada.

Inspirado em Malinowski, “desci ao campo para ver o que estava acontecendo ali”. Comecei a frequentar os cultos como observador participante. Em outubro de 2012, houve a 1ª Jornada de Mídias e Religiões na Unisinos: “A comunicação e a fé em sociedades em midiatização”, promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação – PPGCOM. Naquele evento, participei como ouvinte, e ao falar com os professores Jairo Ferreira e Antônio Fausto Neto sobre a Mundial e Valdemiro, eles me sugeriram criar um projeto de pesquisa para fazer o doutorado. Perceberam no tema elementos fortes para serem investigados sob a interface mídia e religião.

No percurso do doutorado, fui me aprofundando no objeto, percebi que a Mundial não era apenas mais uma igreja, mas a segunda maior igreja neopentecostal do Brasil e o seu fundador, segundo a revista Forbes, o segundo pastor mais rico. Para alcançar este patamar, houve um cenário de muitas guerras e disputas entre elas. Valdemiro centrou fogo em duas linhas de frente: através da midiatização e das interações. De posse desta problemática, começamos a esmiuçar o objeto usando a metodologia abdutiva de Peirce, adequada ao vasto material empírico que já tinha em mãos. Resolvemos analisar essa igreja especificamente devido à quebra de paradigmas que ela estava propondo, um divisor de água que desestabilizou o mercado das igrejas neopentecostais brasileiras mais antigas. Apesar de ser uma igreja com apenas 19 anos de idade, a Mundial, através da figura do seu fundador, prometia um desafio para nós, que durante todo este tempo de investigação muitas surpresas nos causaram devido às suas novas propostas de comunicação, estratégias midiáticas e interações.

IHU On-Line – Como surgem as igrejas neopentecostais no país e por que elas apostam em comunicação para conquistarem fiéis? Quais são as principais movimentações dos neopentecostais em termos de midiatização ao longo dos anos?

Alexandre Dresch Bandeira – As igrejas neopentecostais surgem e crescem porque têm um discurso religioso acessível, associado às promessas atualizadas de amparo às demandas sociais que o governo não atende, tipo saúde, trabalho e assistência social. Elas transitam em outros campos como na saúde, no jurídico e no âmbito terapêutico, oferecendo soluções através de milagres. Outro espaço onde se adaptam muito bem é o da comunicação. Nessa esfera, se destacam em relação às demais religiões que ainda estão investindo na área. Também porque não exigem um conhecimento mais erudito e aprofundado do Evangelho. Dispõem de pastores amadores, que se tornam experts pela pregação mais simples, porém não menos eficaz. Através desta licenciosidade, são permitidas performances que seriam inaceitáveis nas igrejas tradicionais, que ficam em desvantagem por carregar em seus ombros séculos de tradição.

As igrejas neopentecostais usufruem das brechas da lei de liberdade religiosa que facilita este tipo de enriquecimento pessoal que muitos afirmam serem oriundos da exploração da fé. Esta prática permite fazer delas um empreendimento religioso particular. São igrejas de custo zero para os seus fundadores, custeadas pelos fiéis que pagam todas as despesas através de dízimos e ofertas. Consomem uma linha de produtos midiáticos com selo gospel, ofertados a eles, que vai desde livros, cds, dvds, assinaturas de canais de TV, até perfumes. Quando podem alugar ou mesmo até adquirir canais abertos de televisão, adaptam seus discursos ao campo midiático, atualizando-se sempre através das novas tecnologias e dispositivos ofertados pelo mercado. Exploram tudo o que surge como meio de comunicação para propagar suas mensagens.

valdomiro soaresA Mundial, por exemplo, ensina como baixar um aplicativo da igreja onde o fiel pede uma oração, dá testemunho e o envia para a TV Mundial através do whatsapp. Eles transitam normalmente no campo midiático porque nascem dentro desta “ambiência”, segundo Pedro Gilberto Gomes. Alastram-se pelo YouTube, pelo Facebook, pelo Instagram, porém não abandonaram o rádio e o jornal. Disponibilizam o acesso às suas igrejas por todos os meios disponíveis e esperam de portas abertas quem vai lá atrás das ofertas, todos os dias durante o ano todo.

Apostam em comunicação para conquistarem fiéis porque descobriram nas mídias um meio de oferecer seus serviços. Disputam os seguidores dentro das lógicas de oferta e procura, identificadas com a publicidade de suas propostas. Os neopentecostais invertem a oferta religiosa, não esperam passivamente o fiel procurá-los, mas partem em busca dele, através da sua difusão.

As principais movimentações dos neopentecostais em termos de midiatização iniciam-se na sociedade dos meios no século passado com Aimee Semple McPherson, a Rainha do Radioevangelismo norte-americano. Em janeiro de 1923, funda em Los Angeles (EUA) o Templo dos Anjos. Num período conhecido como a “era do rádio”, Aimee constrói o primeiro templo-estúdio religioso com uma rádio e plateia, espetacularizando a religião, onde era reverenciada como uma diva.

Logo adiante vamos ter Granville Oral Roberts, o Pregador da Catedral de Lona, que detinha uma estrutura móvel inspirada no circo e a deslocava de cidade em cidade. O culto espetacular e os milagres eram os elementos mais fortes de sua interação com os fiéis. Mais tarde, parte para o uso do cinema e migra para a televisão e o mercado editorial.

Nas décadas de 1970 e 1980, surge Rex Humbard, um pastor que teve grande êxito na televisão neopentecostal norte-americana. Sua estratégia foi o uso de sua própria família como exemplo a ser seguido. Com ela, investiu na indústria fonográfica vendendo milhões de discos gravados com hinos cantados pela família Humbard. Rex Humbard contribui para a expansão midiática da religião com altos investimentos na chamada igreja eletrônica, com intenção de globalizar sua igreja.

Billy Graham, conhecido como o Pastor das Multidões, era o pastor dos presidentes americanos. Na década de 1950, transmite pela ABC o programa religioso A hora da decisão. Desde o início de sua carreira, contabilizou 83 milhões de pessoas que saíram de suas casas para assisti-lo pregar. Em outubro de 1974, veio ao Brasil, no Rio de Janeiro, reunindo no Estádio do Maracanã 200 mil pessoas. As contribuições de Billy Graham para a midiatização da religião foram as grandes concentrações de pessoas em ambientes destinados a eventos de espetáculos.

Quanto aos neopentecostais brasileiros, Edir Macedo, R. R. Soares e Valdemiro Santiago, movimentam-se numa “sociedade em vias de midiatização”, segundo Eliseo Verón. Suas igrejas já nasceram sob o signo da midiatização. No momento em que vivemos, atuam numa vanguarda de seus usos modernos de comunicação. Destacamos ainda o pastor Davi Miranda, da Igreja Deus é Amor, que rejeitou a TV, usando somente o rádio para se divulgar.

IHU On-Line – Na sua tese, o senhor menciona que o neopentecostalismo surgiu não apenas como uma religião, mas como uma forma de inclusão social. Que mudanças nos campos religioso, político e comunicacional ocorreram por conta do advento do neopentecostalismo?

Alexandre Dresch Bandeira – Em relação à inclusão social, ao frequentar a Mundial, constatei que ali era a última porta que as pessoas iam bater para pedir ajuda. Não podemos ocultar o serviço social que eles desenvolvem. Inclusive fazem uma corrente na qual se passa por uma enorme porta no palco-altar. Esta porta tem um enorme significado para quem chega ali com o filho perdido nas drogas. Mães desesperadas e abandonadas pelos maridos. O desemprego, a fome constante, as doenças crônicas, a prostituta com aids e todos os estigmas sociais existentes. Estas pessoas excluídas do conforto e da tranquilidade são recebidas na porta com um abraço, gesto que fisga na hora uma pessoa que não possui mais estima, que não existe para ninguém no mundo de fora.

O neopentecostalismo está diretamente ligado à teologia da prosperidade, na qual o discurso religioso é adaptado para que o fiel usufrua nesta existência as benesses materiais e consumistas inseridas nas lógicas de consumo

O neopentecostalismo está diretamente ligado à teologia da prosperidade, na qual o discurso religioso é adaptado para que o fiel usufrua nesta existência as benesses materiais e consumistas inseridas nas lógicas de consumo. Ao cooptar uma pessoa que está marginalizada, ela é ensinada a ter fé. Através de ferramentas de autoajuda, ensina a ser um empreendedor, reestrutura sua família, cria uma pertença, uma identidade, torna-se um cidadão que no campo político votará num candidato com pleito garantido. Sabemos a força da bancada evangélica, que é sempre bajulada até por presidentes.

No campo religioso, venho percebendo uma imitação por parte das igrejas tradicionais que também investem em canais de televisão. Estão mudando seus discursos e as formas de angariar fundos e fiéis inspirados nas igrejas neopentecostais midiáticas. Cito o padre Alessandro Campos, que inclusive também usa chapéu imitando Valdemiro em vários outros aspectos.

Em relação ao comunicacional, hoje a disponibilização de programas e canais religiosos é muito grande, basta trocar de canal nas TVs abertas nacionais para constatarmos a ampla oferta. Algumas igrejas tradicionais perceberam esta necessidade ao constatar que seus rebanhos ficaram escassos. Hoje seguem a escola que a IURD e a Igreja Internacional da Graça de Deus fazem desde a década de 1970.

IHU On-Line – O que caracteriza e diferencia a Igreja Mundial do Poder de Deus das demais neopentecostais brasileiras, especificamente a Igreja Universal, da qual o pastor Valdemiro é dissidente?

Alexandre Dresch Bandeira – O apóstolo Valdemiro Santiago está em vantagem porque percebeu uma grande massa de fiéis que estavam fora do padrão da IURD e do Show da Fé. Durante a minha pesquisa, percebi um estrato social entre elas. A IURD mantém a elite dos neopentecostais com fiéis que já estão estabilizados financeiramente; R. R. Soares detém a segunda camada de fiéis, porém ainda numa fase de transição, que estão construindo seu patrimônio, restando os demais para Valdemiro.

Mas a grande diferença entre Valdemiro e as outras duas igrejas é sua licenciosidade de poder “fazer o que lhe dá na telha”. Edir Macedo e R. R. Soares já solidificaram um discurso que não pode ser modificado, correndo o risco de se descaracterizarem. Por serem mais antigos, estão compromissados simbolicamente, de certa forma engessados.

Valdemiro inova por meio de uma personalidade carismática que agradou as massas que o seguem. Abusa da oferta de possíveis milagres que vão desde a cura de cegueiras até ressuscitamentos no próprio palco-altar, tudo por meio de suas excreções, que passam através de suas lágrimas e suor numa toalha, transformando-a numa relíquia cobiçada.

IHU On-Line – Quais são as estratégias midiáticas identificadas na Igreja Mundial do Poder de Deus?

Alexandre Dresch Bandeira – São várias as estratégias midiáticas identificadas. Entre elas, a pregação e a ritualística religiosa que dão lugar ao espetáculo inspirado nos programas de auditório. O enorme templo em São Paulo identifica-se mais como um grande estúdio/auditório de TV, no qual as pessoas vão para assistir ao vivo a seu ídolo e apresentador, Valdemiro, que por meio da exibição e do grotesco gera uma programação para as demais mídias. As gravações dos cultos posteriormente serão editadas com as imagens selecionadas que mais chamam a atenção, gerando uma matéria noticiosa. A igreja também não se constrange em copiar táticas de vendas usadas amplamente pelas TVs abertas brasileiras.

As gramáticas televisivas dão o tom de normalidade a essas práticas de ofertas de produtos, não causando estranhamento aos fiéis. Para eles, é normal consumir “evangelicamente” o que já estão acostumados a ver na TV aberta. Já estão “evangelizados” quanto a essa prática pelo marketing. Valdemiro cria a TV Mundial, na qual mimetiza toda a sua grade de programação inspirada nos canais abertos brasileiros. Percebe-se uma afinidade muito grande em copiar os formatos do SBT. Na busca por mais fiéis, faz shows que concentram milhares de pessoas à espera de um milagre.

IHU On-Line – Por que o pastor Valdemiro inaugura uma nova forma de fazer televisão e religião? O que o diferencia dos demais pastores que também se utilizam de estratégias midiáticas?

Alexandre Dresch Bandeira – As competências de Valdemiro como apresentador de programa e pastor mesclam-se causando certa dificuldade para averiguarmos em qual desses âmbitos ele se sobressai com maior desenvoltura. O líder religioso afasta-se da figura de autoridade religiosa, na qual deveria demonstrar seu potencial, para transformar-se também numa celebridade midiática, atuando em dois campos ao mesmo tempo. Parece dominar mais o desempenho midiático, valendo-se de todos os recursos deste campo para poder se destacar, ficando o terreno religioso em segundo plano. Sua fama e competência, bem como seu destaque, estão mais ligados aos fatores midiáticos do que aos religiosos propriamente ditos.

Observando pelo lado do espetáculo, a Mundial movimenta-se com a exposição de celebridades para ampliar o seu crescimento, sua promoção e seu reconhecimento, em vez de usar ícones religiosos. Os famosos assumem o púlpito tirando vantagens expositivas, mostrando-se ao público evangélico. Ao mesmo tempo, a Mundial se favorece ao receber um ator midiático bastante conhecido para divulgar-se. Esse tipo de ação, posteriormente, gera comentários e conceitos positivos.

Valdemiro tem autoridade e liberdade total para exprimir e inventar situações comunicacionais, ao contrário de seus concorrentes, que já estão com suas práticas estabilizadas e firmadas. O Apóstolo cria marcas com seus gestos corporais simples, únicos, da sua autoria. Caso algum outro pastor for imitá-lo, ficará sob suspeita de plágio. Por exemplo, se Edir Macedo recebesse alguém com um abraço, seria possível pensar que ele está imitando o seu concorrente Valdemiro.

IHU On-Line – O pastor Valdemiro está presente em vários programas de televisão. Como se dá a relação dele com as emissoras e os apresentadores desses programas? Por que ele tem um bom trânsito nesse meio?

Alexandre Dresch Bandeira – Atribuímos esse fenômeno pelo seu carisma e competência comunicacional nas suas interações. O próprio Ratinho, do SBT, reconhece esse talento em uma entrevista, advertindo que, caso não se cuidasse, perderia o emprego de apresentador para Valdemiro.

Não temos como comprovar, mas, segundo os próprios apresentadores, o ibope sobe altíssimo quando ele aparece. Talvez seja também pela sua figura polêmica. Valdemiro tornou-se uma celebridade, é admirado e seguido como um ídolo, e seus fiéis assumem o papel de fãs. Na sua igreja e nos shows itinerantes, ele é reverenciado com uma simbologia do mundo do espetáculo, tais como faixas, camisetas e bandanas. Os fiéis esperam ver um astro que se fusiona e mimetiza com a de um líder religioso. A representação assume o sucesso do evento. São duas personalidades que se fundem, permeando-se. Ele visita todos os programas em que é convidado e por lá faz render sua aparição. Sempre retomando sua triste biografia, assume sua posição como fã dos apresentadores, dominando o palco como o faz na sua igreja. Dessa forma, se sente muito à vontade no ambiente midiático, cujas aparições lhe rendem muitos novos fiéis curiosos. Ele imita esses apresentadores e muitos deles, inclusive, visitam a sua igreja, como o Raul Gil, por exemplo, que foi à Mundial em busca de cura e, ao pegar no microfone, acaba pregando, surgindo assim um tipo de permeabilização midiática religiosa.

IHU On-Line – Uma das questões analisadas na sua tese é o “abraço” que o pastor Valdemiro Santiago dá aos fiéis. Qual é o sentido desse tipo de ação e como esse gesto repercute entre os fiéis? Como essa ação funciona em termos midiáticos?

Alexandre Dresch Bandeira – O abraço é o maior capital simbólico do apóstolo. A Igreja de Valdemiro surge como o extremo da intimidade corpórea religiosa. Não existe, até o momento, uma igreja que se aprofunde nesses contatos como o faz a Mundial. O corpo entra na interação mediante toque, abraço, demonstrações de carinho, além da lágrima e do suor. O Apóstolo vai ao encontro da pessoa leprosa, cheia de feridas com sangue e pus, e diz: “Vem cá, me dá um abraço!”. Além do abraço, emociona-se junto com o doente, impressionando com suas lágrimas. Tudo isso é transmitido diante das câmeras.

São os atos físicos corporais atuando para uma exposição midiática. Nenhum detalhe da cena é perdido, todos são direcionados para suscitar a comoção de quem assiste. Depois da imposição das mãos, antes do início do culto, esse segundo contato físico, o abraço, é o mais importante nas interações que ocorrem na Mundial. Sempre com uma câmera observando o gesto interacional, Valdemiro sabe para quem está se dirigindo: aos outros que estão observando e às lentes das câmeras.

Esses gestos espetaculares de humanidade impactam, gerando simpatia e identificação com os demais. O apóstolo fala como os seus fiéis valendo-se de suas origens humildes, da desgraça pessoal, do português incorreto, da comida sem luxo, dos provérbios populares, conectores interacionais muito fortes de identificação. Trata-se de um líder religioso que se envolve com o corpo e os problemas dos que não possuem nenhum acesso à sociedade, os totalmente excluídos.

O abraço de Valdemiro surge, nesse contexto, como um elemento interacional importante, aproximando-o de seu público, o que difere a sua igreja das concorrentes. Dessa forma, a Mundial dispara à frente em relação às estratégias comunicacionais simples. A ousadia desse ato cria um conceito comunicacional de reconhecimento e vínculo, que gera comentários e identificações.

A única igreja que tem um contato físico mais intenso com seus fiéis é a Igreja Mundial do Poder de Deus. Institui-se assim, na Mundial, uma identidade simbólica diferenciada das outras religiões. O apóstolo, apesar de não ter inventado o abraço, o transforma em uma marca registrada de suas estratégias comunicacionais. Assim como a Apple não criou a maçã, mas faz da sua imagem uma marca, agregando valores a ela, Valdemiro toma um gesto muito íntimo e humano para se legitimar e ser diferenciado, fazendo do abraço sua marca simbólica.

Ao frequentar as demais igrejas neopentecostais, não constatamos tanta intimidade física como na Mundial. Na Igreja da Graça e na Igreja Universal do Reino de Deus, os pastores não trabalham com o abraço, apenas seguram a cabeça do fiel na hora do exorcismo, mantendo certa distância.

Valdemiro abraça sempre com o cuidado de obter o testemunho do necessitado. Convida a plateia para vir passar as mãos no ex-enfermo, para testemunhar que o milagre ocorreu. Os vídeos gravados servem como provas do prodígio, permitindo verificar o antes e o depois. Ele expõe o corpo do homem curado, fazendo render os resultados para o público que está assistindo, incentivando o fiel a fazer uma narrativa elogiosa, um verdadeiro testemunhal publicitário, expondo o corpo curado às câmeras e a todos os presentes. A exibição do corpo estigmatizado ocorre perante a plateia da igreja, as câmeras de vídeo e as pessoas que os veem pela televisão, em casa ou pela internet. Nesse contexto midiático, Valdemiro tem autoridade para fazer isso. Esta prática do toque seria impensada em uma igreja católica, por exemplo. Seria muito espantoso assistir a um padre tocando um fiel sem camisa durante uma missa.

O corpo “circula” além do altar, virando cópia, arquivo, vídeo no YouTube, documento probatório. Dessa forma, midiatiza-se. A dor grotesca alheia se espetaculariza diante dos olhos do telespectador, seja no templo ou pelos meios de comunicação. A igreja tem como sua base o corpo presencial, o “corpo caído” e estigmatizado. Valdemiro ousa entrar em um mundo midiatizado com sua lógica do abraço, da proximidade, por meio de sua especificidade presencial, física e templária. Todas essas inferências confirmam para nós que não se trata de uma igreja eletrônica, mas sim de uma igreja midiatizada, para ser divulgada e atrair mais público, possuindo o milagre como chamariz.

O abraço é praticado por todos os pastores, bispos e obreiros da Mundial. Institucionalizou-se e faz parte dos usos e costumes da igreja. Não importa o estado em que o fiel se encontra, se ele chegar arrasado à reunião, será recebido dessa forma. Presenciamos o próprio fiel pedir ao pastor ou obreiro um abraço, e quando se dirige ao apóstolo no palco, para dar algum testemunho, já diz logo: “Apóstolo, me dá um abraço?”.

IHU On-Line – Quais são os principais embates que existem entre as igrejas neopentencostais e como isso se manifesta em termos midiáticos? Pode apontar alguns embates existentes entre a Mundial e a Universal?

Alexandre Dresch Bandeira – Identificamos uma espécie de “armagedom midiático”, um espaço onde as batalhas são travadas. Entre elas aparecem denúncias na Rede Record, de Edir Macedo, contra o enriquecimento de Valdemiro. Através de seu canal, o bispo Macedo denuncia seu desafeto por meio de reportagens nas quais faz inúmeros relatórios de desvios de dinheiro, acúmulo de riquezas, compra de mansão etc. As brigas, ataques e defesas se alastram também nos púlpitos da TV IURD, através de deboches sobre a autoridade religiosa de Valdemiro. Posteriormente surge um embate entre Valdemiro e o apresentador Ratinho, que adverte seus telespectadores sobre o charlatanismo praticado numa igreja da Mundial do Rio de Janeiro, onde o fiel dá um testemunho dizendo que passou a toalhinha milagrosa na porta do banco e sua dívida de R$ 18 mil ficou quitada.

Este novo contexto de ir para a mídia resolver as contendas nós chamamos de alçada midiática, que se configura como um tipo de foro midiático no qual as pessoas e as instituições usam as mídias para expor seus conflitos, tentando resolver seus problemas, quer sejam de ordem afetiva, judiciária, institucional ou religiosa. É um espaço onde todos os outros campos usam a mídia, deixando de buscar seus lugares clássicos e originais, terrenos legítimos, para recorrer e existir. Exemplo: Valdemiro, que ameaça fazer denúncias na Polícia Federal e na Justiça, decide apelar para a alçada midiática em vez das instituições jurídicas. Para resolver suas querelas, ele deveria entrar com uma ação na Justiça e delatar determinada situação aos órgãos competentes, mas, em vez disso, prefere recorrer aos meios de comunicação.

Os embates religiosos, em um passado remoto, eram realizados corpo a corpo, motivando lutas e carnificinas. Atualmente, essas disputas se alastram nas mídias sociais, e cada lado ataca e defende seu pastor e a sua igreja. Nesses meios, postam imagens fazendo provocações ao adversário que, por sua vez, também soluciona suas cizânias na mesma seara, em tempo algum pelo ataque pessoal frente a frente. Como se não bastasse, os próprios fiéis estimulam as brigas postando o bispo Macedo e Valdemiro lutando, cujas postagens de comentários são de linguagem de baixo nível, uma forma de maniqueísmo midiático que através do uso das mídias instiga as disputas.

IHU On-Line – Ao analisar a Igreja Universal do Reino de Deus, o senhor destaca que Edir Macedo está propondo um novo discurso em sua igreja, a partir da construção do Templo de Salomão. Que discurso é esse e quais as razões dessa mudança?

Alexandre Dresch Bandeira – O Templo de Salomão da Igreja Universal serve para várias interpretações comunicacionais e midiáticas, enviando um recado subliminar para as igrejas rivais. Um deles é o de que, no atual momento, a IURD chega ao apogeu da sua “grandiosidade”. Essa é a impressão que muitos visitantes têm. Outra função, decorrente desta, é deixar o homem pequeno, seja do lado de fora, pela construção em si, seja pelo lado de dentro, quando começa o culto. As pessoas parecem menores, permanecendo aglutinadas, sugerindo a perda da individualidade.

O bispo Macedo intenciona engrandecer sua biografia religiosa midiática construindo um novo significado para os seus seguidores. Esse gesto apresenta uma abrangência simbólica que transforma Macedo no reconstrutor do templo, podendo o feito lhe render a comparação ao rei Salomão bíblico. A façanha da grande obra serve, neste momento, para abrigar seu grande ator e protagonista, o próprio Edir Macedo, que consegue uma superprodução no templo ao pregar seus cultos, instituindo uma atualizada linguagem midiática com técnicas inovadoras e inspiração no mundo do espetáculo, também explorada pelos seus concorrentes, embora sob formas diferenciadas. Ele apela para novas tomadas de câmeras e o uso da iluminação para fazer sua pregação, acentuando a narrativa de suas mensagens religiosas com uma potencialização comunicacional não muito praticada por outros, seja pelo uso do jogo de luzes ou pelas novas sugestões de olhares das câmeras por meio dos seus posicionamentos.

O Templo de Salomão é um grande complexo comunicacional, dedicado aos que já estão inseridos nas práticas da convivência religiosa neopentecostal mediante os meios e do espetáculo
O Templo de Salomão é um grande complexo comunicacional, dedicado aos que já estão inseridos nas práticas da convivência religiosa neopentecostal mediante os meios e do espetáculo. Seu funcionamento é inspirado nas práticas teatrais, como iluminação cênica, cenário, decoração, adereços, figurino, sonoplastia, atuação e dramatização.

Os bispos e pastores agora usam uma capa que faz parte da indumentária judaica. Diferente, somente o talit do bispo Edir Macedo, ornado com 12 desenhos quadrados e coloridos, simbolizando as 12 pedras de Israel, o que denota uma hierarquia por meio da alfaia. Também faz parte o kipá para representar os personagens bíblicos e reforçar a pregação do Velho Testamento.

O local onde se reúnem as pessoas para assistirem ao culto é um enorme espaço sem colunas. Uma vastidão, que possui 10 mil poltronas confortáveis, com corredores amplos. Com numeroso público fiel pagante, o dinheiro recolhido é proporcional ao tamanho do empreendimento. Trazendo mais eficiência para a coleta monetária, foi construída uma forma sui generis de recolhimento e proteção às ofertas e aos dízimos: uma esteira rolante, que carrega o dízimo e as ofertas dos fiéis diretamente para uma sala-cofre.

O bispo Edir Macedo, homem que se apresenta como empreendedor e missionário, consegue o feito de empreender, influenciar e batalhar (como ele mesmo diz) por dois campos sociais: o religioso e o midiático. Proprietário dos projetos, declara guerra aberta aos concorrentes, tanto no âmbito religioso como no âmbito dos meios de comunicação. Atualmente, vimos um Edir Macedo mais maduro, mais experiente, que percebeu uma quantidade de igrejas neopentecostais com o mesmo discurso, pregando os mesmos preceitos, brigando para cativar o mesmo público.

Tendo isso em vista, investiu num símbolo sagrado dos hebreus, canibalizando sua essência, e o implantando no Brasil com vestes, símbolos e discurso religioso, numa estratégia de conversão, executada com vistas a resultados tais como se inserir numa tradição ou patrimônio cultural, que sua jovem igreja ainda não atingiu.

Tal atitude gerou conflitos com os donos dos símbolos, que não reconhecem Edir Macedo e a IURD e o acusam de “profanar” o templo original. Este Templo de Salomão foi erigido como uma gigante casa de espetáculos, configurando-se como um prédio temático que movimenta milhões de pessoas e de dinheiro em espécie, um santuário artificial, uma “pré-fabricação religiosa” que podemos comparar à Disney.

É notória também uma série de apagamentos de práticas, antes realizadas pela IURD. Somem as câmeras, a grua, a parafernália técnica. Pensamos que, nesse estágio, a IURD amadureceu também sua forma de captação de imagem, que ficou mais requintada. A exposição individual dos fiéis foi abandonada; o que se vê é a aglutinação das pessoas, todas reduzidas como preenchimento massivo da igreja. Aparece mesmo é quem prega e todos os símbolos espetacularizantes dispostos para uma fruição moderna, midiatizada. Edir Macedo insere no culto vídeos com outras narrativas aproveitadas de suas novelas da Rede Record, com imagens eróticas. Uma ousadia impensada em práticas religiosas nas igrejas tradicionais.

Interpretamos o gesto de reinventar o Templo de Salomão como um canibalismo simbólico, pois, no nosso entendimento, está explícito o consumo dos signos. Canibalismo simbólico é um processo pelo qual um símbolo é devorado por outro. Atualizando-se, apaga o significante anterior para dar novos significados, com status de originalidade. Nesse caso específico, excluímos a possibilidade de sincretismo. Nele, os símbolos se reconhecem como sinônimos, convivendo em harmonia, permitindo uma consciência sobre tal distinção. Procurando dirimir conflitos, buscam alianças para sobreviver.

Já no canibalismo simbólico, incorpora-se um novo discurso reconhecendo a origem dos signos, validando uma nova linguagem simbólica, aniquilando aos poucos as fontes originais. Essa ação, realizada pela IURD, acabou gerando uma manifestação por parte dos possuintes dos signos autênticos, que foi expressa por intermédio de seu porta-voz, o rabino Chaim Richman, do Instituto do Templo de Israel. Percebe-se assim uma “rabinização” de Edir Macedo, quiçá forçando uma tradição na sua ainda jovem igreja.

IHU On-Line – A Igreja Universal do Reino de Deus completou 40 anos, e alguns especialistas dizem que ela realizou seu sonho de alcançar a classe média alta. Concorda com essa análise? Quais foram as principais transformações ocorridas na Universal nessas quatro décadas?

Alexandre Dresch Bandeira – Não concordamos com tal afirmativa, por entendermos que a classe média alta vai onde lhe convém. Penso que é pouco provável uma classe média alta se converter, afinal, ela já está de certa forma usufruindo os objetos de seus sonhos. Já presenciei uma família rica chegar a um centro de umbanda bem simples para obter uma cura de câncer de um familiar, cuja visita causou estranhamento até no dirigente da casa. O que identificamos dentro da IURD é uma elevação social de antigos frequentadores. Uma grande maioria que venceu na vida através dos ensinamentos da igreja e que atualmente a frequentam com suas vidas financeiras estruturadas e estabilizadas. Quanto mais ganham, mais dízimo e oferta dão para a igreja; se o fiel cresce, a igreja agradece.

Com o crescimento da Mundial, a IURD está se mantendo com o que tinha. Com relação às principais transformações ocorridas na Universal, podemos inferir que houve uma mudança de discurso religioso e simbólico. Edir Macedo abandonou o ataque aberto às religiões afro-brasileiras, voltando-se para as verdadeiras ameaças, que são as próprias igrejas neopentecostais. O império midiático de Edir Macedo se manifesta na Rede Record, onde ele assume-se um empresário de comunicação. Nas suas igrejas, as arrecadações estão cada vez mais explícitas e condicionadas. Uma grande dúvida que corre entre os fiéis é quem será o herdeiro religioso que até o presente momento ainda não está declarado.

IHU On-Line – Qual é o futuro das igrejas neopentecostais no país?

Alexandre Dresch Bandeira – Teria que ser um profeta para poder responder com precisão qual será o futuro das igrejas neopentecostais. Tentarei levantar algumas hipóteses dentro do que está sendo germinado no atual momento, apontando várias especulações em relação ao futuro. Uma delas é referente aos herdeiros religiosos desses pastores empreendedores que fundaram suas igrejas baseadas sobre suas personalidades, carisma e tino empresarial. Edir Macedo até agora não preparou ninguém para continuar sua missão, assim como R. R. Soares. Ambos não dividem nem com a família seus púlpitos religiosos midiáticos.

Valdemiro está inserindo sua família tanto na TV Mundial como na própria igreja, onde a bispa Francileia aparece em todas as fachadas da igreja, programas e cultos. Um cenário que possivelmente abalaria o mercado religioso neopentecostal seria o caso de Valdemiro realizar o seu maior sonho, que é o de ter seu próprio canal aberto de televisão. Também detectamos o surgimento de novas propostas de igrejas neopentecostais que ainda não são conhecidas do grande público, mas que estão crescendo. Constatamos um tipo de migração de fiéis entre as igrejas neopentecostais, que estão abertos e receptivos às novas e criativas ofertas de milagres.

IHU On-Line – Deseja acrescentar algo?

Alexandre Dresch Bandeira – As igrejas neopentecostais são altamente midiatizadas e usam todo o potencial midiático disponível, mas estão longe de serem eletrônicas. Os templos são lugares de fruições e interações. Os dispositivos midiáticos são meios de captar o fiel e divulgar ofertas, criando um sistema que, depois de determinado tempo, alimenta-se e mantém-se por si mesmo.
O templo é o lugar que insere a igreja no contexto social da cidade, do território, do parque evangélico.

O tamanho e a quantidade dos templos influenciam e fazem parte das estratégias de atração. Os templos prestam-se para duas coisas: receber os fiéis e realizar a coleta financeira. Sabemos que muitas pessoas contribuem influenciadas pelos apelos dos pastores, que ameaçam sempre com o mesmo discurso de que, sem patrocínio, as igrejas irão fechar. Desde a sua primeira visita, o fiel já começa a ser ensinado a gastar, comprando um produto que a igreja oferece, seja uma bíblia ou um CD de música gospel.

O relacionamento entre os líderes das três principais igrejas não é amistoso. O que chamamos de “armagedom midiático” é a forma como eles brigam entre si, numa linguagem assumidamente de guerra. Faz parte de cada uma delas ter um inimigo em potencial. A IURD, no início de sua caminhada, declarou guerra contra os católicos. Soares possui o diabo como seu inimigo particular. Valdemiro, por sua vez, assume suas diferenças com a IURD, não deixando de atacar também Soares, mas numa escala bem menor de hostilidades.

Por fim, a liberdade religiosa serve de manto para cobrir a isenção de tributos e encargos para este tipo de organização religiosa, que foge da intenção de criar uma igreja com vistas a propiciar uma associação de grupo religioso, transformando-se em apropriação particular da igreja pelo seu líder que usa o estatuto somente como uma exigência estatutária. A Constituição Brasileira facilita essa geração de fortunas com o comércio religioso, uma vez que o Estado não intervém com uma legislação específica de controle.

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