"Igreja no Brasil: escuta, segue e anuncia"

Jaime Carlos Patias *

Seguindo nosso percurso rumo ao 3º Congresso Missionário Americano CAM 3 - 8º Congresso Latino-Americano Comla 8, chegamos ao 2º Congresso Missionário Nacional, (1º a 4 de maio), em Aparecida, SP. O tema de estudo "Do Brasil de batizados ao Brasil de discípulos missionários sem fronteiras" e o lema "Igreja do Brasil: escuta, segue e anuncia" projetam uma Igreja comunidade discípula de Jesus, guiada pelo Espírito e Missionária para a humanidade. Há tempo, forte é o apelo para sair dos nossos círculos caseiros e ir além das fronteiras tendo toda a humanidade como chão missionário.

Os Congressos Missionários realizados ao longo dos últimos 30 anos foram importantes para o amadurecimento da fé da Igreja e sua conseqüente prática missionária Ad Gentes. Com muito custo percebemos que depois de receber tanto, temos o dever de dar mais, pois a fé se fortalece quando é transmitida. Se olharmos para os números, veremos um Brasil, o maior país católico do mundo, com cerca de 1.900 missionários e missionárias além-fronteiras. Seguimos confirmando uma outra vocação "deitado eternamente em berço esplêndido..." Esse dado mostra que possuímos um conceito de missão fechada, local, paroquial. Desse total de missionários, 98,5% pertence a Institutos ou Congregações religiosas: 78,89% (1.500) são mulheres e 19,04% são homens. Apenas 12 são padres diocesanos, nove são leigos e dois são bispos. Os dados estão disponíveis no site www.alemfronteiras.org.br que apesar de carecer uma atualização mais sistemática, serve de referência para a nossa reflexão.

Encontrando-se além-fronteiras, não significa que os missionários atuem em situação de primeira evangelização ou entre os povos não evangelizados. A grande maioria encontra-se em ambientes cristãos, na pastoral de manutenção, estudando ou até mesmo, a serviço de suas ordens religiosas (250). Sabemos que embarcar na Missão além-fronteiras implica sair do ambiente sociocultural e geográfico da paróquia, diocese, país ou continente, num trabalho que pode ser de primeira evangelização, Ad Gentes, mas também entre cristãos, no diálogo ecumênico e inter-religioso, ou em situações de exclusão e pobreza. Então vejamos a presença dos brasileiros por continente: Américas 36,96% (703); África 29,65% (564); Europa 26,24% (499); Ásia 4,94% (94) e Oceania 0,63% (12). Os países com maior número de missionários brasileiros são: Itália 332 (17,46%), Moçambique 190, Angola 118, Bolívia 114 e Argentina 109. Com 15, o Timor Leste abriga o maior número na Ásia.

Ante essa situação é importante ressaltar o papel dos delegados que participam do Congresso Missionário. Essas lideranças têm o dever de multiplicar a reflexão com iniciativas locais coordenadas pelos Conselhos Missionários. Isso se tornaria mias fácil se contássemos com o poderoso auxílio dos meios de comunicação.

Uma Igreja com forte consciência missionária demonstra ser, com palavras e obras, uma comunidade discípula de Jesus, guiada pelo Espírito e missionária para a humanidade. O "paroquial" se transforma por força desse espírito. Nela os cristãos procuram ter as mesmas atitudes de Jesus, que via as dores do povo e sentia compaixão. A Igreja, povo de Deus vive o mesmo discipulado de Jesus. Ora e escuta o amor e o sonho de Deus, sua compaixão por toda a humanidade. Não temos mais desculpas. "Igreja no Brasil: escuta, segue e anuncia".

* Jaime C. Patias, imc, é diretor da revista Missões e integrante da Assessoria de Imprensa do 2º CMN.

 

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