Francisco admite imitar Bento XVI e renunciar pouco tempo depois de completar 85 anos, se não se achar incapaz antes disso.
Por Secundino Cunha
O papa Francisco, que completou 80 anos no sábado, admite imitar Bento XVI e renunciar pouco tempo depois de completar 85 anos, isto se até lá não lhe faltarem as condições mínimas de saúde física e mental.
A concretizar-se a renúncia e caso Bento XVI se mantenha vivo – na altura terá 94 anos –, a Igreja Católica passará a ter dois papas eméritos.
O papa argentino confidenciou a alguns colaboradores próximos que está cada vez mais convencido de que o seu pontificado será curto e que não pretende manter-se na Cadeira de Pedro quando a saúde impedir o cumprimento das obrigações estritamente necessárias.
Nessa conversa, Francisco terá mesmo dado a entender que não tem nada a opor à existência de dois papas eméritos, contrariando a ideia que chegou a correr na Santa Sé de que Francisco não renunciaria antes da morte de Bento XVI. "O Santo Padre deseja longa vida e saúde a Bento XVI e se tiver de renunciar enquanto ele for vivo, não terá problemas em fazê-lo", assegurou ao jornal eletrônico português CM, um colaborador próximo do papa.
Francisco é quase dez anos mais novo do que Bento XVI – que completa 90 anos a 16 de abril de 2017 – e foi eleito pontífice com menos dois anos do que o papa alemão. Bergoglio foi eleito com 76 anos, a 13 de março de 2013, e Ratzinger tinha chegado à liderança da Igreja Católica em 2005, já com 78 anos.
Joseph Ratzinger abriu um precedente na liderança da Igreja, ao renunciar ao pontificado, em fevereiro de 2013, com 85 anos, mas a poucos dias de completar 86, tornando-se no primeiro papa emérito em mais de cinco séculos. Bento XVI não quis manter-se no governo da Igreja quando sentia fugir-lhe as forças e pretendeu também evitar o que se havia passado com João Paulo II, que num longo período de enfermidade permitiu que alguns cardeais tomassem conta do governo do Vaticano. Embora nunca o tenha dito claramente, Francisco considera que Bento XVI tomou a decisão mais acertada e tenciona seguir-lhe o exemplo.
Os mais próximos admitem que aconteça dentro de cinco anos. Ainda ontem, durante a celebração de uma missa, o papa Francisco pediu uma velhice tranquila. "Desde há alguns dias vem-me à mente uma palavra que parece feia: a velhice. A velhice é tranquila e religiosa. Rezem para que a minha seja assim: tranquila, religiosa e fecunda. E também alegre", afirmou na Capela Paulina, no Vaticano, perante 60 cardeais.