Leiga missionária fala de missão na Amazônia

A leiga Izalene Tiene, enviada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) do Regional Sul 1 em 2012, partilha conosco um pouco de sua experiência missionária no Alto Solimões. Ela voltou do Amazonas no final de janeiro deste ano e já está integrando outro trabalho missionário.

Por Izalene Tiene

Quando em 1º de fevereiro 2012, fui enviada em missão para a Diocese do Alto Solimões na Tríplice Fronteira do Brasil, Colômbia e Peru, manifestei meu desejo de viver no meio do povo amazonense buscando uma inculturação, um aprender na convivência e na inserção numa Igreja que considero profética. Quem envia também recebe, e quem recebe também deve dar, portanto, ao ser enviada, acredito ter fortalecido as Comunidades Eclesiais de Base; a Paróquia Divino Salvador e a Igreja de Campinas que me enviou em missão.

izalenetienecriancaindigena Depois de quatro anos, no final do mês de janeiro 2016, terminando o período da missão, embarquei no Recreio, deixando Tabatinga, passando por Benjamin Constant, olhando Islândia, no Peru e mirando Atalaia do Norte, na Calha do Rio Javari, ficaram muitas lembranças! Retomando o Rio Solimões, passando pelas comunidades ribeirinhas, indígenas e dos povos tradicionais, onde convivemos, onde fui acolhida e fortalecida na fé. Este povo que acredita e vive em comunidades, que festeja seus padroeiros/as, que luta para viver com dignidade, me cativou!

Foram três dias e três noites descendo o rio, e despedindo-me com saudades do tempo de compartilha em Belém do Solimões, São Paulo de Olivença, Amatura, Sto. Antônio do Iça e Tonantins. Estas são as paróquias dos Municípios que fazem parte da Diocese por onde estive, convivi e muito aprendi. O barco continuou passando por outros lugares até chegar em Manaus e eu olhando, me distanciando, mas com muita vontade de ficar...

A experiência missionária no Alto Solimões, tornou-me mais humana e mais digna. A dignidade exige que sejamos nós mesmos na relação com o outro/a. E o outro/a na relação conosco. E pensa que é fácil? Viver e conviver com pessoas e situações tão diferentes!? Mas se a dignidade é um olhar, é reconhecimento e respeito do que somos e do que o outro é; nas “pontes” que passei e ajudei a construir, encontrei muito respeito nas relações, nas diferentes realidades e múltiplas culturas.

“Você vai realizar na missão o Bem Viver”, falou a Ir. Genô, no meu envio. E hoje posso confirmar que participar e colaborar nas comunidades ribeirinhas, nos Kokamas (Comunidade Luis Ferreira), na equipe de Enfrentamento ao Trafico de Pessoas na Tríplice Fronteira, no Conselho Municipal da Criança/Adolescentes, Pastoral Carcerária, na Proteção Ambiental... foi ajudar a construir pontes para um mundo onde haja lugar para todos/as, que ao mesmo tempo que acontece, ainda é um caminho a percorrer.

Agradeço a todas as pessoas do Projeto da CNBB Igrejas NORTE 1 e SUL 1 e a Igreja do Alto Solimões, pela acolhida e apoio. Minha gratidão aos que me acompanharam e ainda participam comigo nesta caminhada missionária. Continuarei em Missão na Igreja Amazônica, agora colaborando na Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM - Comitê Nacional – Brasil

Fonte: CNBB Regional Sul1

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