Fraternidade e segurança pública

Maria Regina Canhos Vicentin *

O tema escolhido para a campanha da fraternidade deste ano está relacionado à violência e à segurança pública. Tem a intenção de fazer com que reflitamos sobre nossos problemas sociais internos, para resolvê-los da melhor maneira possível. Sempre lembrando que violência não se vence com violência, e que somos responsáveis diante desse problema e da promoção de uma cultura de paz. Assim, precisamos nos engajar na construção de uma sociedade mais justa e que garanta a segurança dos cidadãos.

Peço licença para ser um tanto ousada neste texto, e ressalvo que tenho a intenção apenas de suscitar a reflexão. Recebi inúmeros e.mails referentes ao artigo: Mulher moderna, publicado em alguns jornais na semana passada. Nele, eu fazia referência à identificação feminina com o masculino, salientando que as mulheres estão cultivando valores e percepções masculinas, numa tentativa de se apropriar desse universo. Sugeria que a sensibilidade está sendo pouco a pouco soterrada, vez que ela tem sido pouco valorizada e até mesmo desprezada nos tempos modernos. Evidenciava que a afetividade passou a ser vista como sinal de fraqueza, e as pessoas se envergonham de assumir seus aspectos frágeis e ternos. Apontava que o mundo está ficando pesado, colérico, raivoso, competitivo... E que os princípios masculinos da ordem, da eficiência e da perfeição pareciam ter tomado conta das mulheres. Concluía perguntando onde está a feminilidade, a doçura, a meiguice, a sensibilidade, a afeição?

Engraçado como, para mim, esse artigo tem muita relação com o tema da campanha da fraternidade deste ano. Afinal, por que o mundo está ficando tão violento? Será que está havendo uma predominância de princípios masculinos enquanto os femininos estão desaparecendo? Será que o colo está fazendo falta? Onde está a compreensão diante do menos favorecido? E o olhar amoroso da aceitação incondicional diante dos menos capacitados para os acirrados conflitos do belicoso e competitivo mercado de trabalho?

Quem educa os Homens? Quem os deveria parir, nutrir, embalar, acarinhar e ensinar sobre temas importantíssimos como: a beleza, a intuição, a sensibilidade, a delicadeza, a caridade? Justiça social se faz com informação e compaixão, mas precisamos aprender a amar, primeiramente sendo amados, desejados, queridos. Precisamos de mães amorosas e acolhedoras, mas também firmes quanto aos princípios essenciais. Enquanto as mulheres se esquivam de assumir seu papel social, o mundo endurece e mostra a face violenta de quem não foi acolhido nem soube ser amado. Somos responsáveis diante do problema da violência e precisamos nos engajar para uma sociedade mais justa. Motivando a reflexão nesta campanha da fraternidade, vale a pergunta: Com tantas mulheres na Terra (pesquisas apontam sete para cada homem) por que será que o mundo está tão carente de mãe?

* Maria Regina Canhos Vicentin (e.mail: contato@mariaregina.com.br) é psicóloga e escritora.

Fonte: Maria Regina Canhos Vicentin

 

Deixe uma resposta

5 × 1 =