Em setembro, mês dedicado à Bíblia, somos convidados a valorizar ainda mais a Palavra de Deus, sua importância para a nossa vida e para a missão da Igreja.
Por Wagner Ferreira
Em setembro, mês dedicado às Sagradas Escrituras, somos convidados a valorizar ainda mais a Palavra de Deus, sua importância para a nossa vida e para a missão da Igreja. Como discípulos de Jesus, renovemos neste mês da Bíblia nossa confiança na Santa Palavra do Mestre de Nazaré, dizendo como o apóstolo São Pedro na experiência da pesca milagrosa: “Mestre, trabalhamos a noite inteira e não pegamos nada. Mas, pela tua palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5).
A Igreja no Brasil nos motiva a estudar neste mês a profecia de Ezequiel, por se tratar de um livro bíblico em que o profeta-sacerdote realiza a sua missão em um contexto histórico de muito sofrimento para o povo de Deus, o período do exílio da Babilônia, com duração de cerca de 50 anos (597 aC até 538 aC). Em meio à tragédia, Ezequiel exorta o povo exilado a se voltar para o “Deus dos exércitos”, porque Ele é sempre fiel à aliança, apesar da infidelidade de muitos, e Sua glória se manifesta junto ao povo. Ezequiel profetiza a esperança de um mundo novo, sem deixar de denunciar os pecados de idolatria, de anunciar a conversão e a necessidade de resistir às tribulações. Por ser fiel no amor ao seu povo, Deus toma a iniciativa de renová-lo: “Porei o meu Espírito e vivereis” (cf. Ez 37,14).
É inegável que a Palavra de Deus nos acompanha no cotidiano. Ela também se faz presente em momentos determinantes da nossa vida, da nossa caminhada cristã, do nosso discernimento vocacional e de nossas tribulações. Quantos passos e decisões tomamos à luz da Palavra de Deus, realizando aquilo que proclama com fé o salmista: “Lâmpada para os meus passos é tua palavra e luz no meu caminho” (Sl 118,105).
Como é maravilhoso perceber esta circularidade de graça e salvação na vida de tantas pessoas: por um lado, a vida nos apresenta situações complexas, verdadeiros desafios à vivência da fé, como viveu o povo exilado na Babilônia. Porém, o coração de quem crê em Deus imediatamente busca, na Santa Palavra e na oração, luzes para o quê fazer, e, depois de um tempo, consegue perceber a vontade de Deus como resposta aos desafios enfrentados.
Nas Sagradas Escrituras encontramos Cristo, Palavra definitiva do Pai. Ele é o único que possui palavras de vida eterna (cf. Jo 6,68), justamente porque ele é a Palavra de Deus encarnada. Sendo assim, toda a Escritura Sagrada tem em Cristo seu centro e seu cumprimento definitivo. Não é à toa que São Jerônimo (340-420) já dizia: "ignorar as Escrituras é ignorar Cristo!"
Neste mês da Bíblia, aproveitemos as oportunidades de oração para valorizar a Sagrada Escritura e termos, por seu intermédio, um novo encontro com Cristo Jesus. Podemos aproveitar o método de leitura orante da Palavra de Deus, que padre Jonas Abib nos ensina em seu livro “A Bíblia no meu dia a dia” (Editora Canção Nova), e, com isso, aprenderemos a ler, meditar e rezar a Santa Palavra, de modo que a nossa vida seja ainda mais fecunda de frutos de santidade, mesmo quando atravessamos o “vale da sombra da morte”.
Façamos o estudo da profecia de Ezequiel, de modo que nos abramos ainda mais à graça redentora de Cristo, pois com Ele somos mais que vencedores. Em meio a tantos conflitos humanitários, guerras ideológicas, tribulações pessoais, que saibamos colocar a Palavra de Deus no centro de nossas vidas, de nossas decisões, e certamente iremos contribuir para a edificação de uma humanidade mais fraterna, justa, resiliente e misericordiosa.