Francisco em Jacarta com os que sofrem

No final da manhã desta quinta-feira (5/9), o Papa se reuniou com uma centena de pessoas doentes, deficientes e pobres assistidos por várias organizações de caridade, descrevendo-as como “pequenas estrelas brilhantes no céu deste arquipélago”.

Por Alessandro Di Bussolo

“Vocês são pequenas estrelas brilhantes no céu deste arquipélago, os membros mais preciosos desta Igreja”. É assim que o Papa Francisco, com delicadeza e proximidade, saudou uma centena de doentes, pessoas com deficiência e pobres assistidos pelas realidades caritativas da Igreja indonésia, no final da manhã desta quinta-feira, em Jacarta, na nova sede da Conferência Episcopal. O Pontífice parabenizou Mikahil, um jovem com autismo leve que foi selecionado no contingente de Jacarta Oriental para os Jogos Paraolímpicos de Natação, e pediu aplausos para todos, porque “somos chamados todos juntos a nos tornarmos campeões do amor nas grandes Olimpíadas da vida”. Em seguida, desejou felicidades a uma mãe idosa “que não pôde vir, ela está de cama, mas hoje ela completa 87 anos!” e para ela também pede aplausos, apontando para a cadeira de rodas na primeira fila, com a foto da mulher.

As necessidades das periferias
Momentos de um encontro que durou menos de uma hora, após a longa etapa inter-religiosa na mesquita de Jacarta. O Papa chegou às 10h45, em Jacarta, e foi recebido pelo presidente da Conferência Episcopal da Indonésia, dom Antonius Franciskus Subianto Bunyamin, de Bandung, e pelo cardeal Ignatius Suharyo. Na nova sede, no centro de Jacarta, inaugurada e abençoada em 15 de maio deste ano, Francisco foi acompanhado até o oitavo andar, na Henry Soetio Hall. Ali, dom Subianto o saudou, lembrando-o de que “sua vida e seu trabalho refletem a compaixão de Jesus por nós, especialmente por meio de seu cuidado para com nossos irmãos e irmãs que são pobres, fracos, marginalizados e sofredores”. Ele acrescentou que, para celebrar o 100º aniversário da Conferência dos Bispos Católicos da Indonésia, a Igreja local está se concentrando nas “necessidades daqueles que estão nas periferias”.

O testemunho de Mimi
Ao lado do bispo, Mimi Lusli, que perdeu a visão aos 17 anos, contou ter encontrado o conforto na Via Sacra, onde conheceu Jesus, que “não me abandonou, mas me ensinou a navegar pela vida sem minha visão física”. Ela o chama de “nosso farol de esperança” e diz ter certeza de que “Deus criou os seres humanos com capacidades únicas para enriquecer a diversidade do nosso mundo, e a deficiência é apenas um desses aspectos únicos”. Ela enfatizou que o papel da Igreja “é crucial para garantir a dignidade da pessoa humana” e, portanto, como católicos, devemos assumir a responsabilidade e “apoiar ativamente os direitos dos deficientes”. Mas a presença e a compaixão do Papa, concluiu, “nos asseguram que nunca seremos esquecidos”.

A história de Mikail
Mikail Andrew Nathaniel, de 18 anos, foi diagnosticado com transtorno do espectro do autismo e deficiência intelectual leve. Ele tenta falar sem ler o discurso preparado, mas depois pede ajuda com as anotações preparadas. Diz a Francisco que “meus pais me amam incondicionalmente” e “me oferecem o melhor terapeuta e especialista da cidade”. Mikail quer ser uma pessoa independente, portanto, além de ser selecionado no contingente de Jacarta Oriental para os Jogos Paraolímpicos de Natação, ele diz que está fazendo um curso de barman e está tomando aulas de violão e bateria.

A riqueza da diversidade
Em sua saudação, Francisco enfatizou que “é muito bonito que os bispos indonésios tenham escolhido celebrar o 100º aniversário de sua Conferência Nacional” com os doentes, as pessoas com deficiência e os pobres. Ele disse que compartilha plenamente o que Mimi disse: “Deus criou os seres humanos com capacidades únicas para enriquecer a diversidade do nosso mundo.

“E ela mesma nos mostrou isso ao falar maravilhosamente de Jesus, “nosso farol de esperança”, disse ela. E obrigado por isso. Enfrentar as dificuldades juntos, todos dando o melhor de si, cada um trazendo sua contribuição única, nos enriquece e nos ajuda a descobrir, dia após dia, o quanto é valioso estarmos juntos, no mundo, na Igreja, na família”.

A importância do amor recíproco
Todos nós precisamos uns dos outros, concluiu o Pontífice, “e isso não é uma coisa ruim: isso nos ajuda, de fato, a entender cada vez melhor que o amor é a coisa mais importante em nossa existência, a perceber quantas pessoas boas existem ao nosso redor”. Em seguida, nos lembra “do quanto o Senhor ama a todos nós, além de todas as limitações e dificuldades. Cada um de nós é único aos Seus olhos, aos olhos do Senhor, e Ele nunca se esquece de nós: nunca. Lembremo-nos disso, para manter viva a nossa esperança e nos comprometermos, sem nunca nos cansarmos, a fazer de nossas vidas um presente para os outros”.

O encontro terminou com a oração recitada pelo carmelita Henricus Pidyarto, bispo responsável pela Comissão Litúrgica. “Ofereças ao teu povo uma compaixão sem limites”, recitou o prelado, ”para que eles possam reconhecê-lo como um Pai que nos ama incondicionalmente. Vem misericordiosamente em nosso auxílio, te pedimos, para que, recebendo de ti a alegria do Evangelho, possamos servir nossos irmãos e irmãs fracos, marginalizados, sofredores, deficientes, doentes e abandonados.

O Pontífice doou à Conferência Episcopal da Indonésia um grande ícone da Virgem “Portaitissa”, uma representação especial da Virgem Maria “Odighitria” - que em grego significa “Aquela que mostra o caminho” - e que tradicionalmente mostra Maria segurando o Menino Jesus com o braço esquerdo, apontando para ele com a mão direita. E antes de deixar o Henry Soetio Hall, assinou a placa de mármore da sede da Conferência Episcopal. Em seguida, cumprimentou e abençoou pessoalmente todos os presentes.

Fonte: Vatican News

Deixe uma resposta

oito + 18 =