Dia Mundial das Comunicações Sociais 2025

Tema do Dia Mundial das Comunicações Sociais 2025 reforça a necessidade de comunicar com mansidão e esperança.

Por Renan Dantas

O tema do Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2025 (31 de maio) desafia os comunicadores a promover o diálogo pacífico e a compartilhar a esperança cristã com mansidão, em oposição à violência verbal.

A Santa Sé anunciou, em 24 de setembro de 2024, o tema do próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais: “Partilhai com mansidão a esperança que está nos vossos corações” (cf. 1 Pd 3, 15-16). O versículo bíblico que inspira o tema desafia todos a desarmar a comunicação violenta e promover um diálogo pacífico, em tempos de polarização e discursos agressivos.

A comunicação tem o poder de unir ou dividir, construir pontes ou gerar conflitos. A proposta para 2025 nos faz refletir sobre o papel que ela deve desempenhar no mundo de hoje, onde muitas vezes a violência verbal predomina, especialmente nas redes sociais e em debates televisivos.

Ao invés de criar condições para um diálogo construtivo, a tendência que vemos frequentemente é a de oposição e ataque, onde o objetivo não é mais ouvir ou compreender, mas vencer e dominar. Isso afeta não apenas os âmbitos sociais, mas também as relações humanas e até a forma como nos relacionamos com a verdade.

Nesse contexto, o tema do Dia Mundial das Comunicações Sociais surge como um alerta e, ao mesmo tempo, uma oportunidade. Ele nos chama a repensar a maneira como comunicamos, especialmente no ambiente digital, onde tudo acontece com uma rapidez imensa e, muitas vezes, sem o devido filtro da reflexão. Ao invés de contribuir para o ciclo de agressão, os comunicadores, missionários digitais e todos aqueles que se valem dos meios de comunicação devem ser agentes de transformação, promovendo um diálogo que edifica e compartilha a esperança cristã.

A escolha do tema é particularmente relevante para os tempos atuais. Vivemos em uma sociedade que valoriza cada vez mais a competição e o confronto, e a comunicação segue essa lógica, afastando-se da sua verdadeira vocação de construir pontes e promover o encontro. No entanto, a missão dos cristãos, e especialmente dos comunicadores cristãos, é contrapor essa tendência. Nossa esperança, como diz a mensagem da Santa Sé, não está baseada em uma ideologia, mas em uma pessoa: Cristo. E é essa esperança que somos chamados a comunicar com mansidão, tanto nas palavras quanto nas ações.

O desafio para os comunicadores cristãos

O chamado para os comunicadores cristãos é claro: ser testemunhas da esperança que carregamos, de forma genuína e humilde, sem ceder à tentação da agressividade que caracteriza tanto o mundo da comunicação atual. Não se trata de evitar os debates, mas
de participar deles com uma postura diferente, em que o foco esteja na verdade e no respeito pelo outro.

A comunicação cristã não pode ser apenas informativa; ela precisa ser formativa. Isso significa que, ao mesmo tempo que transmitimos fatos e ideias, também devemos inspirar comportamentos, atitudes e gestos que estejam alinhados com os valores do Evangelho. Para os missionários digitais, em especial, que lidam diariamente com as
redes sociais, essa tarefa é ainda mais desafiadora, pois exige discernimento constante sobre o que compartilhar e como interagir de maneira coerente com a fé que professam.

A esperança como missão comunitária

Outro aspecto importante do tema escolhido para 2025 é que a esperança cristã é sempre comunitária. Ela não pode ser vivida de forma isolada. Quando comunicamos a esperança que está em nossos corações, devemos lembrar que essa esperança não é apenas individual, mas é o reflexo de uma comunidade que vive e testemunha a mensagem de Cristo. Essa é uma responsabilidade que recai não apenas sobre os comunicadores profissionais, mas sobre todos aqueles que têm algum papel no ambiente digital. A comunicação da esperança deve ser um esforço coletivo, que envolva toda a comunidade cristã, para que o testemunho de Cristo seja visto e sentido de maneira credível.

A violência comunicacional destrói essa credibilidade, pois afasta as pessoas em vez de aproximá-las. Por isso, a purificação da comunicação é um passo essencial para que possamos realmente cumprir nossa missão de evangelizar. Como destacou o Papa Francisco em diversas ocasiões, a evangelização não pode ser feita com “proselitismo”, mas com atração. E essa atração nasce de uma comunicação genuína, que respeita o outro e que tem o amor como base.

Como aplicar o tema no dia a dia?

No dia a dia, os comunicadores e missionários digitais podem aplicar o tema do Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2025 de várias maneiras. Primeiramente, é preciso fazer um exame pessoal e comunitário sobre como estamos utilizando os meios de comunicação. Estamos contribuindo para a promoção do diálogo, ou estamos apenas reforçando divisões? As palavras que escolhemos promovem a paz, ou alimentam ainda mais a agressividade que vemos no mundo?

Outro ponto importante é desenvolver uma comunicação mais reflexiva. No ambiente digital, onde tudo é imediato, a reflexão muitas vezes é deixada de lado. Isso pode levar a erros de interpretação e a reações impulsivas que acabam prejudicando o diálogo. O convite aqui é para desacelerar e trazer mais reflexão para nossas interações, evitando julgamentos precipitados e palavras que ferem. Além disso, é essencial cultivar uma escuta ativa. O diálogo só é possível quando estamos dispostos a ouvir, e isso é algo que muitas vezes falta nos espaços de comunicação hoje em dia. Seja nos debates online, seja nas conversas pessoais, a escuta atenta é um ato de respeito e uma maneira de demonstrar empatia, valores que são fundamentais para uma comunicação transformadora.

A comunicação que edifica

O tema do Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2025 nos oferece um guia claro sobre como devemos atuar como comunicadores e missionários digitais. A mansidão e a esperança são as chaves para uma comunicação que edifica, em vez de destruir. Ao partilharmos a esperança que habita em nossos corações, estamos contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e pacífica, onde a verdade e o respeito pelo
outro são os pilares do diálogo.

Neste caminho, todos nós somos chamados a ser comunicadores da esperança, fazendo com que a nossa mensagem reflita a beleza do Evangelho e a força transformadora de Cristo. Que possamos, então, abraçar esse chamado e nos comprometer com uma comunicação que seja, verdadeiramente, um instrumento de paz.

Renan Dantas é da Diocese de Juína, Mato Grosso.

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