Francisco rumo ao sudeste asiático

De 2 a 13 de setembro, o papa Francisco viajará para Indonésia, Papua Nova Guiné, Timor Leste e Cingapura.

Por Joshua McElwee

O papa Francisco parte na segunda-feira para uma visita a quatro nações insulares no sudeste da Ásia, uma viagem ambiciosa para pedir ações globais contra as mudanças climáticas que pode testar a força do chefe de 87 anos da Igreja Católica mundial.

Durante 12 dias, de 2 a 13 de setembro, Francisco viajará quase 33.000 km para visitar Indonésia, Papua Nova Guiné, Timor Leste e Cingapura. É a viagem mais longa já realizada pelo pontífice, que agora usa regularmente uma cadeira de rodas devido a dores nos joelhos e nas costas.

Francisco pressionou muito pelo acordo climático de Paris de 2015 e assessores dizem que ele quer continuar seus apelos para enfrentar os perigos de um mundo que está se aquecendo rapidamente e, especialmente, para apoiar os mais vulneráveis. Nos países de sua turnê, esses perigos incluem o aumento do nível do mar e ondas de calor e tufões cada vez mais graves e imprevisíveis.

Jacarta, capital da Indonésia, onde a viagem começa, sofreu inundações desastrosas nos últimos anos e está afundando lentamente, levando o governo a construir uma nova capital de 32 bilhões de dólares em Bornéu.

Francisco deve ser a atração principal de mais de 40 eventos durante a viagem e alguns observadores dizem que, além de seu itinerário específico, ele quer mostrar que ainda é capaz de liderar a Igreja de 1,4 bilhão de membros, apesar de sua idade e problemas de saúde.

'É uma demonstração de força para o papa Francisco', disse Massimo Faggioli, um acadêmico italiano que acompanha de perto o papado.

O QUE O PAPA ESPERA ALCANÇAR?

Faggioli, professor da Universidade Villanova, na Filadélfia, destacou que nenhum papa fez uma turnê no exterior com essa idade. Bento 16, o antecessor imediato de Francisco, renunciou aos 85 anos. João Paulo II, que sofria do mal de Parkinson, fez sua última visita ao exterior aos 84 anos.

A turnê será a 45ª viagem de Francisco ao exterior desde sua eleição em março de 2013. Ele fala com frequência sobre alcançar pessoas ou grupos à margem da sociedade e tem priorizado viagens a lugares nunca antes visitados por um papa ou onde os católicos são uma pequena minoria.

'Francisco quase desenhou um novo mapa da Igreja', disse Faggioli. 'Agora é o catolicismo global, uma Igreja que não é apenas mais abrangente globalmente, mas verdadeiramente globalizada.'

Também está na agenda um novo impulso para o diálogo católico-muçulmano, há muito tempo uma prioridade para Francisco que, em 2019, tornou-se o primeiro papa a visitar a península arábica.

A Indonésia, a nação de maioria muçulmana mais populosa do mundo, tem cerca de 280 milhões de habitantes, dos quais apenas cerca de 3% são católicos. Francisco participará de uma reunião na Mesquita Istiqlal de Jacarta, a maior do Sudeste Asiático.

Jeremy Menchik, cientista político professor da Universidade de Boston que escreveu extensivamente sobre a política da Indonésia, disse que o país está em uma 'era de ouro' do diálogo inter-religioso, observando que a mesquita fica em frente à catedral católica de Jacarta.

'Este é um momento em que há pluralismo em vez de polêmica', disse.

Francisco aterrissa em Jacarta por volta do meio-dia de terça-feira e parte para Papua Nova Guiné três dias depois. Para que ele possa descansar após um voo noturno de mais de 13 horas, ele não terá atividades públicas na terça-feira, com exceção de uma breve recepção oficial no aeroporto.

Escrito pela Agência de Notícias Reuters

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