Uma disputa acirrada envolve a Venezuela e a Guiana por uma região de aproximadamente 160 mil quilômetros quadrados de floresta tropical, com um subsolo rico em petróleo, gás, diamantes, ouro, alumínio, ferro e cobre.
Por Carlos Camponez
A Venezuela e a Guiana concordaram em resolver a controvérsia sobre a região do Essequibo por meio de negociações, que serão mediadas pelo Brasil nos próximos meses. A decisão foi tomada após uma reunião entre o presidente Irfaan Ali, da Guiana, e Nicolás Maduro, da Venezuela, resultando na diminuição da tensão entre os dois países. O território em questão é alvo de disputa há mais de 100 anos, mas as descobertas de novas reservas de petróleo em 2015 aumentaram as atenções sobre o futuro da região.
A tensão recente foi desencadeada quando Nicolás Maduro propôs um referendo em 3 de dezembro, alegando que 95% dos votantes aceitaram a criação do estado venezuelano de Essequibo, assim como a atribuição da nacionalidade venezuelana a todos os residentes da região.
Essa iniciativa, se concretizada, significaria uma anexação do território atualmente detido pela Guiana, gerando preocupações na ONU, rejeição da Organização dos Estados Americanos e a realização de manobras militares conjuntas pelos Estados Unidos e Guiana. As novas jazidas de petróleo descobertas em 2015 tornaram a região ainda mais estratégica.
A disputa remonta a 1811, quando a região de Essequibo fazia parte dos territórios da recém-proclamada república da Venezuela. No entanto, a Grã-Bretanha expandiu seus territórios na região, inicialmente uma colônia dos Países Baixos, durante a instabilidade política. Simon Bolívar reivindicou os territórios a oeste do rio Essequibo, colonizados pela Grã-Bretanha. O diferendo foi resolvido em favor da Grã-Bretanha por um tribunal arbitral internacional em 1899, mas décadas depois, revelou-se que a decisão resultou de um acordo ilegítimo entre a Grã-Bretanha e a Rússia.
Em 1966, antes de conceder a independência à Guiana, Londres assinou um acordo com Caracas, aceitando resolver o conflito por meios diplomáticos, anulando, na visão da Venezuela, a decisão do tribunal arbitral de 1899. No entanto, para as autoridades de Georgetown, a capital da Guiana, as pretensões da Venezuela representam a perda de cerca de dois terços do seu território, uma região rica em minerais e petróleo.